Jairo Martins: espião ou "jornalista investigativo"?
Ex-agente da Abin disse, na CPI dos Correios, em 2005, ter facilitado o acesso de Policarpo à gravação clandestina que deu origem ao mensalão; depois, justificou ter agido como jornalista investigativo, não espião, já que se graduou na profissão; em sua ficha do sindicato, um email curioso: "excatorra", que seria uma espécie de periquito, e não mais uma araponga (outro tipo de ave)
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247 - No depoimento que prestou à CPI dos Correios, no dia 5 de julho de 2005, o ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Jairo Martins de Souza, confirmou que havia "facilitado" o acesso do editor da revista Veja, Policarpo Jr, à gravação clandestina do diretor dos Correios, Maurício Marinho, no momento em que este recebia propina, fato considerado como o marco inicial do chamado mensalão.
Jairo declarou que tanto nas providências que tomou para viabilizar a gravação, como nas tratativas com Policarpo, teria trabalhado como jornalista. Disse que estava afastado da Abin há quatro anos e que, nesse intervalo, teria buscado uma nova qualificação profissional para ganhar a vida, tendo feito o curso de jornalismo na Faculdade ICESP, em Brasília. Essa informação foi dada à CPI à guisa de justificativa: em vez de agir como espião, Jairo teria agido como "jornalista investigativo", "a bem do Brasil". O comentário levou o deputado José Eduardo Cardozo, hoje ministro da Justiça, a ironizar: "Quer dizer, o senhor não é um jornalista investigativo? É um investigador jornalista?"
O fato é que Jairo Martins de Souza obteve o registro de jornalista profissional, de número 6704/15/147-DF, na Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal, em 5 de abril de 2006. Ele se filiou ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF no dia 21 de agosto de 2007. Em sua ficha no sindicato consta um email curioso: [email protected]. A melhor hipótese para decifrá-lo é a seguinte: em vez de se considerar um ex-araponga (nome de uma ave, Procnias nudicollis, da família dos Cotingidae), adotado pelos espiões dos serviços de informação do governo, Jairo se julga um ex-catorra, nome de um periquitinho, também conhecido como caturrita ou cocota (Myiopsitta monachus, da família Psittacidae).
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