A praça deserta

A convocação para que o povo enchesse as ruas foi recebida com indiferença. A um protesto no Rio de Janeiro, compareceram 15 pessoas



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Completamos hoje os primeiros dez dias do julgamento do mensalão. Confirma-se, até agora, o que se imaginava a respeito.

Nada mais simbólico do que está acontecendo que as fotografias da Praça dos Três Poderes. Nelas, veem-se as grades colocadas para conter os manifestantes. Mas a praça está deserta.

Ninguém que conhecesse um mínimo da opinião pública brasileira acreditaria que ela se interessasse pelo julgamento. Pelo que se constata, não se interessou mesmo.

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Não havia razão para supor que se tornasse, para as pessoas, um assunto significativo na mídia. Não se tornou.

Onde isso fica mais visível é na internet.

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Ao contrário dos jornais e revistas, que apenas oferecem a informação que seus responsáveis consideram relevante, os sites e blogs da internet fornecem um retorno instantâneo daquilo que interessa aos leitores. Percebe-se rapidamente o que os motiva e o que os deixa indiferentes.

Nos principais portais de informação, em nenhum dos últimos dias as notícias sobre o julgamento estiveram entre as mais acessadas. Pelo contrário.

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Em função desse desinteresse, seus editores deslocaram a cobertura para lugares cada vez menores e menos proeminentes. Passou a disputar espaço com fofocas, receitas de bolo e a previsão do tempo.

É possível que, em alguns círculos, seja comum ver gente conversando acaloradamente sobre o andamento do processo. Não se pode excluir que existam espectadores que não desgrudam os olhos da TV Justiça e dos canais pagos que permanecem em vigília.

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Mas nada sugere que sejam muitos. A temperatura da opinião pública anda baixa.

Por que deveria ser diferente? Havia alguma razão para crer que o julgamento desses 38 acusados fosse acender os sentimentos populares?

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Por mais que as oposições – especialmente os veículos da indústria de comunicação alinhados com elas - tenham tentado devolver relevância ao assunto, não tiveram sucesso. Pelo menos, por enquanto.

A convocação para que o povo enchesse as ruas foi recebida com indiferença. A um protesto no Rio de Janeiro, compareceram 15 pessoas. Nenhum outro foi marcado.

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Apesar das manchetes quase diárias nos jornais, do tempo na televisão, das capas de revista, a população acompanha o julgamento com a atenção que costuma dedicar a questões que considera secundárias.

Para ela, há coisas mais interessantes acontecendo – algumas boas, outras más.

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A aprovação das cotas sociais e raciais nas universidades federais mexe mais com a vida do cidadão comum que a acusação contra fulano ou a defesa de sicrano. As paralisações de servidores públicos afetam objetivamente milhões de pessoas, mais que especular sobre o que pensa aquele ou aqueloutro ministro.

Só havia um modo da aposta que fizeram dar certo: se conseguissem trazer Lula e o PT para o banco dos réus.

Foi o que tentaram (aliás, vêm tentando desde 2005). Mas não deu certo.

Achar que o conseguiriam é, ao mesmo tempo, ignorância e presunção. De não saber o que são o ex-presidente e seu partido aos olhos da maioria da população e imaginar-se capazes de influenciar o país.

 

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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