Luiz Fux: "Eles é que judicializam"

Ministro do STF diz que termo "judicialização" passa a impressão de que o STF compra a briga dos outros, mas que na verdade os parlamentares "é que batem na porta aqui"; Luiz Fux negou que haja crise entre Poderes e afirmou que não sabia dos mais de três mil vetos acumulados ao determinar, no final do ano, que a votação no Congresso deveria ser cronológica

Luiz Fux: "Eles é que judicializam"
Luiz Fux: "Eles é que judicializam" (Foto: )


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247 – "Não imaginava essa confusão toda", declarou o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux sobre a polêmica envolvendo o Congresso e o Judiciário após sua determinação de que a votação de vetos presidenciais deveria ser feita cronologicamente por parlamentares. Numa entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta quarta-feira 13, Fux afirmou: "Não sabia que havia tantos vetos sem votação".

Em dezembro, o STF recebeu mandados de segurança de parlamentares do Rio de Janeiro que queriam impedir a derrubada do veto da presidente Dilma Rousseff à nova lei de distribuição dos royalties do petróleo. Os deputados aprovaram medida de urgência para passar o tema à frente, pulando uma fila de mais de três mil vetos presidenciais parados na Câmara. Luiz Fux, porém, determinou que essa votação deveria ser feita na ordem cronológica.

O ministro insiste que, apesar de sua decisão, a atividade Legislativa "não está interditada". Por conta dela, parlamentares adiaram a votação do Orçamento de 2013 alegando que, se era para realizar as votações em ordem cronológica, isso incluiria o Orçamento, mas a linha de raciocínio foi corrigida por Fux. Na semana passada, ele enviou um e-mail para a União esclarecendo que a liminar tratava apenas dos vetos.

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"Tão logo surgiu a dúvida, esclareci a questão em um e-mail para a União, até porque era recesso. Depois o presidente do Senado e a União reiteraram isso em um recurso. Então entendi por bem dizer [no despacho]: olha, o STF não interditou a atividade parlamentar, somente evitou que se pince vetos, porque a Constituição Federal não permite. Eu já dei uma interpretação bem favorável, no sentido de que está suspensa a votação de vetos "per saltum". Você vota um veto, depois o outro. No resto, a pauta está livre", declarou o ministro, ao Valor.

Ele afirmou que o Congresso pode votar outras questões que não sejam os vetos. "Por que o Congresso está obstruído, não vota nada? Está interditada a atividade parlamentar? Não foi isso o que nós dissemos. O despacho diz com letras muito claras: podem trabalhar naquilo que lhes é pertinente, ou seja, devem votar a lei do orçamento e outras proposições que não sejam vetos". Ele disse ainda desconhecer a razão do impasse e afirmou que "ninguém tinha ideia que nunca votaram veto, há dez, 12 anos".

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Interferência do STF

Questionado sobre uma suposta interferência do Judiciário na atividade parlamentar, queixa de alguns políticos, Fux respondeu que expressões como "judicialização" e "ativismo judicial" dão a impressão de que o Supremo compra a briga dos outros, mas a verdade é que "eles é que batem na porta aqui" e o Judiciário "não pode denegar justiça". "Eles é que judicializam", declarou. "Eles vêm provocar o Judiciário para prestar a Justiça, querem o quê?".

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Fux negou que haja crise entre os Poderes e citou a recente visita do novo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), ao presidente do STF, Joaquim Barbosa. Em relação às duras críticas ao Judiciário feitas pelo ex-presidente da Casa, o petista Marco Maia, ele disse serem declarações que considera "provenientes de imaturidade institucional".

Acórdão e gestão Barbosa

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Fux acredita que o acórdão da Ação Penal 470, o julgamento do "mensalão", possa ser publicado até a primeira quinzena de março. "Acho que em uns 20 dias eu termino minha revisão", afirmou. Questionado sobre a atuação do STF na gestão de Barbosa, o ministro declarou estarem fazendo "julgamentos ágeis" e disse que o novo presidente "está muito interessado na gestão processual de temas que estão parados", além de que o Supremo produza logo uma Lei Orgânica da Magistratura.

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