O que você faria no lugar de José Serra?

Numa boa, lembre que, em 2010, você teve 44 milhões de votos para presidente da República; no ano passado, foram outros 2,7 milhões de votos para prefeito de São Paulo; ok, duas derrotas, mas seu cacife eleitoral é grande, certo?; porém, não se mostra suficiente nem para ganhar eleição no diretório municipal do PSDB paulistano; no campo nacional, o adversário interno Aécio Neves decola, enquanto não te sobra nenhum carguinho no comando nacional do partido que você mesmo fundou; seria hora de pegar o boné e ir para o PPS fazer escada para o governador Eduardo Campos do PSB?

O que você faria no lugar de José Serra?
O que você faria no lugar de José Serra?


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Marco Damiani _247 - José Serra está naqueles dias. O mau humor típico dos momentos de derrota política chegou outra vez. Serrista de carteirinha carimbada, o vereador Andrea Matarazzo foi deixado pelo caminho em sua tentativa de presidir o diretório paulistano do PSDB, ultrapassado por uma articulação de secretários do governador Geraldo Alckmin. O drible em Matarazzo foi sofrido, no campo político, pelo próprio Serra, visto por todos como padrinho da candidatura. A ida do parceiro quatrocentão para o comando do PSDB paulistano seria vista como um primeiro mimo de consolação a Serra, obrigado a acordar de seu terceiro sonho presidencial pelo barulho da festa que os tucanos vão fazendo em torno do presidenciável mineiro Aécio Neves. Nela estão o ex-presidente Fernando Henrique, o primeiro a chegar, o próprio governador Geraldo Alckmin, anfitrião de Aécio em São Paulo, o presidente nacional Sérgio Guerra, espécie de DJ da banda aecista, e até o ex-governador Alberto Goldman, um dos últimos a entrar, mas recebido com todos os brindes.

Do lado de fora da festa está Serra. Com ele, Matarazzo e, talvez, se achegue o senador Aloysio Nunes. Alguns acreditam numa debanda de tucanos da capital para o PPS do deputado pernambucano Roberto Freire, que eles ajudaram a eleger pelas urnas paulistas, mas até agora não apareceu ninguém para juntar-se aos dois (ou três) que no sereno estão. O caminho pode ser mesmo o de ir para outra festa, na qual sejam bem recebidos. Neste caso, o PPS está preparado para receber o grupo, qualquer quer seja o tamanho, para engrossar o cordão da candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para presidente, pelo PSB. Serra seria, aí sim, uma das estrelas da confraternização.

E agora, José, para onde?

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Apesar de, neste momento, defenestrado pelos tucanos, diante da humilhação a que Matarazzo foi submetido pela articulação dos secretários alckmistas que fizeram do fiel Milton Flávio o novo presidente municipal, José Serra ainda é José Serra. Tem nome nacional, grande capacidade de formulação política e, especialmente, larga influência na mídia tradicional e trânsito livre em empresas importantes, acostumadas a contribuir pesadamente para campanhas eleitorais. Nos bastidores, manobra como poucos. Um leão ao telefone. Em apoio a um candidato notadamente nordestino, como Campos, Serra poderia ser seu passaporte para uma entrada em importantes áreas das regiões Sudeste e Sul, onde se concentraram seus  votos nas duas eleições presidenciais que disputou e perdeu. Um bom nome a vice, até mesmo. Ou a governador de São Paulo, para promover uma desforra sobre Alckmin e os seus. Que gosto de vingança esse seria! Já há quem conte que, com o PPS, o PV e mais uma ou duas legendas coligadas, Serra poderia obter até seis minutos no horário político regional. Poderia até mesmo largar como favorito e, no mínimo, fazer um belo estrago. Lembre-se que ele encarna o anti-petismo muito melhor que Geraldo Alckmin.

E se Campos decidir não tentar o Planalto, quem sabe não sobra para a Serra a missão, na nova casa partidária, de vir a ser ele mesmo o candidato? Num quadro com vários pesos-pesados na disputa, com o recall nacional que seu nome tem, um golpe de sorte poderia levá-lo outra vez ao segundo turno e, dali, tudo poderia acontecer.

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Não se trata Serra, de modo algum, de um quadro político desprovido de capacidade para fazer uma diferença crucial no tabuleiro, ainda que os tucanos já o tratem, na prática, como peça do passado. Ao 247, o ex-governador Goldman classificou uma possível saída de Serra do PSDB como uma "revolução". Afinal, iria-se, com ele, boa parte da história do partido, das administrações em São Paulo e no Brasil, na qual Serra sempre foi um dos principais ministros de Fernando Henrique. O discurso tucano de realizações econômicas teria, com Serra noutra plaga, uma voz forte a pronunciá-lo também.

Neste momento, ao descobrir, na derrota de Andrea, que se retirou irritado da disputa municipal para não apanhar no voto, que está sem espaço nenhum no PSDB – como dizem, teria dificuldade para nomear um garçom no Palácio dos Bandeirantes --, José Serra está naqueles dias. Não reconhece, mas está pressionado. Ele gostaria de deixar a decisão sobre ficar ou não no PSDB para outro momento, quando, pelas artes da política, poderia estar mais forte, mas o estão impelindo a nem entrar na festa. Sua posição não é fácil. Ele vai fazer que não vê os olhares de censura, os recadinhos indiscretos e os comentários surdos, ou procurar outro destino mostrando que, desafiado, é capaz de provocar mais estragos do que se imagina?

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E você? O que faria no lugar de José Serra?

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