Festival Burning Man: Império da contracultura dura sete dias

Dizem que ele é o maior evento mundial da contracultura, o festival do futuro no presente, o grande herdeiro da tradição artística psicodélica, o lugar onde todas as tendências culturais confluem para debater e decidir quais novos rumos serão tomados. Todos esses modos de apresentar o Burning Man são válidos, mas certamente não completos. Acrescentaria mais um: esse festival é a prova de que o desejo de viver o sagrado de forma tribal ainda está vivo e presente nas pessoas. É só lhes oferecer a possibilidade e elas comparecem

Dizem que ele é o maior evento mundial da contracultura, o festival do futuro no presente, o grande herdeiro da tradição artística psicodélica, o lugar onde todas as tendências culturais confluem para debater e decidir quais novos rumos serão tomados. Todos esses modos de apresentar o Burning Man são válidos, mas certamente não completos. Acrescentaria mais um: esse festival é a prova de que o desejo de viver o sagrado de forma tribal ainda está vivo e presente nas pessoas. É só lhes oferecer a possibilidade e elas comparecem
Dizem que ele é o maior evento mundial da contracultura, o festival do futuro no presente, o grande herdeiro da tradição artística psicodélica, o lugar onde todas as tendências culturais confluem para debater e decidir quais novos rumos serão tomados. Todos esses modos de apresentar o Burning Man são válidos, mas certamente não completos. Acrescentaria mais um: esse festival é a prova de que o desejo de viver o sagrado de forma tribal ainda está vivo e presente nas pessoas. É só lhes oferecer a possibilidade e elas comparecem (Foto: Gisele Federicce)


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Por: Luis Pellegrini

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Burning Man é sobretudo um evento onde se glorifica a diversidade. Ravers, nudistas, portadores das fantasias mais imaginosas, tatuados, certinhos e aberrantes, todos circulam em convivência abençoada pela santa paz durante a semana de duração do evento. Ele acontece sempre entre final de agosto e começo de setembro, todos os anos, desde 1986. A fauna de aficionados é legião e ela vem com tudo, proveniente de todo o mundo, inclusive do Brasil.

 

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Existe até uma página do Face inteiramente dedicada ao tema (Burning Man Brasil). Claro, é necessário assumir todos os riscos, desde aqueles representados pelos eflúvios do álcool, as nuvens de fumo e de poeira (inclusive aquela que o vento levanta do chão, e não apenas), até o de não encontrar nada para comer ou beber, passando por algum perigoso encontro com certos gurus malucos doidos para seduzir discípulos. Os participantes geralmente chegam em grupos, alguns bastante grandes, cujos membros permanecem próximos e unidos durante toda a duração do evento, como se fossem blocos de escola de samba.

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30 mil participaram este ano

O Burning Man acontece no meio de uma área imensa, totalmente plana, do deserto de Nevada. É necessário levar todos os itens necessários para sobreviver no deserto. Já na entrada da área do festival há um cartaz bem visível com os dizeres: “Você está assumindo voluntariamente o risco de morte ou danos graves ao comparecer a este evento.” Ao partir, é preciso levar absolutamente tudo embora, deixando o local no mesmo estado em que foi encontrado. Este ano cerca de 30 mil pessoas participaram. Mas já teve ano em que esse número superou 50 mil.

 

 

“A cada ano, o festival Burning Man surge como algo novo”, afirma Michael Holden, fotógrafo norte-americano que participou do festival nos últimos 15 anos. “É um lugar onde todos os tipos de subculturas e de pessoas se reúnem e realizam uma espécie de polinização cultural cruzada. Fazem algo que, por definição, é novo. O festival é uma fonte de inovação e inspiração para as pessoas em todos os seus múltiplos aspectos”, completa Holden.

 

 

De fato, as instalações gigantescas e as engenhocas geniais, bem humoradas e impossíveis que são montadas sobre as areias do deserto Black Rock, no Estado de Nevada, lançam sombra sobre qualquer outra iniciativa do gênero ao redor do mundo. “O objetivo de tudo isso é a coisa mais incrível”, prossegue Holden. “Você olha ao redor e pensa, 'wow, nós construímos isso.' É uma subcultura emergente de gênios desesperados”.

 

 

Ritual de morte e renascimento

Black Rock City, nome da área onde acontece o festival, é na verdade um pedaço de deserto no meio do nada, sem água, eletricidade. O chão é carinhosamente chamado de "playa" pelos participantes do evento. Sobre ele é erguida a estrutura de uma verdadeira cidade, com a quinta maior população do estado de Nevada durante os 7 dias de duração do Burning Man - um gigantesco acampamento em forma de lua crescente, com ruas e praças, e a imensa estátua de madeira e neon do "homem" ocupando o espaço central. É essa estátua, e também algumas outras instalações, que será queimada no final do evento, configurando um gigantesco ritual pagão de morte e renascimento.

 

 

Mas até chegar ao apogeu do fogo que tudo purifica, é preciso viver os 7 dias de água, terra e ar. Água, ali, é elemento um tanto arredio, e alguns preferem depender dela apenas como bebida que mata a sede. O resto... fica para depois. Terra e ar são bem mais constantes, e quando decidem juntos armar um complô e levantar a poeira do chão, as coisas podem ficar realmente irrespiráveis.

 

 

Nenhum tipo de transação monetária

Fora isso, o evento está fora do tempo cronológico habitual, e é de paz e alegria. Cada um faz o que quer, come e dorme quando quer, basta não perturbar os outros. Em nenhum outro lugar do mundo há mais coisas exóticas, criativas por metro quadrado, nem mais estímulos para os cinco sentidos. Dia e noite são coisas acontecendo, cantos, danças em pistas e fora delas, performances de todas as artes, namoros, exaltação de ânimos, meditação. Há centenas de acampamentos temáticos que podem ser visitados, há esculturas e instalações gigantes que desafiam os limites da imaginação. Há seitas religiosas, há psicoterapias e terapias oficiais e alternativas, há concursos de fantasias, rituais e festas. E tudo acontece sem nenhum tipo de transação monetária. A doação e o escambo imperam e fazem da playa o maior oásis do planeta em termos de escravidão financeira.

 

 

De resto, é passar o tempo transitando a pé ou de bicicleta (veículo oficial do evento) por entre os happenings e as obras de arte que pipocam em toda a parte. E tomar cuidado para não ficar seduzido para todo o sempre pelo surrealismo do Burning Man, pois isso acontece com frequência. Quando acontece, como fazer depois para voltar ao mundo “normal”, cartesiano e cinzento do nosso dia-a-dia? Muitos participantes afirmam terem suas vidas mudadas após a experiência do festival. Quase todos voltam ou desejam voltar nos anos seguintes. Marcados a fogo na carne e na alma pelo Burning Man.

 


Vídeo: Lake of Dreams. Burning Man 2014, visto do alto

 

 

 

 

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