Música Barroca. Vencedores do Prêmio Ruspoli tocam em São Paulo, Itu e Mariana

Os que gostam de música barroca terão, na primeira quinzena de agosto, algumas oportunidades de ouro em São Paulo e nas cidades de Itu, no interior paulista, e Mariana, em Minas Gerais.

Os que gostam de música barroca terão, na primeira quinzena de agosto, algumas oportunidades de ouro em São Paulo e nas cidades de Itu, no interior paulista, e Mariana, em Minas Gerais.
Os que gostam de música barroca terão, na primeira quinzena de agosto, algumas oportunidades de ouro em São Paulo e nas cidades de Itu, no interior paulista, e Mariana, em Minas Gerais. (Foto: Gisele Federicce)


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Amandine Solano e Alexey Fokin executam dueto de música barroca. FotoStudio Trogu

 

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Por: Equipe Oásis

 

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Amandine Solano e Alexey Fokin, vencedores na Itália do Prêmio Ruspoli de Música Barroca, se apresentarão pela primeira vez no Brasil, acompanhados pelo cravista Nicolau de Figueiredo em Itu e, em são Paulo, com a participação do conjunto Os Músicos de Capella, com direção de Luis Otavio Santos. No programa com Nicolau de Figueiredo, Amandine e Alexey tocarão sonatas para violinos e para cravo do século 18, de Corelli, Handel, Scarlatti, Leclair e Herrando. Com Os Músicos de Capella, músicas para dois e três violinos de Gabrieli, Marini, Corelli, Schmeltzer, Purcell, Pachelbel, Telemann. Em Itu e Mariana, a entrada é franca para os concertos.

 

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Salão de concertos do Palácio Ruspoli, em Vignanello, onde acontece o concurso. FotoStudio Trogu

 

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Os eventos fazem parte da “Itinerância Musical Príncipe Francesco Maria Ruspoli – Brasil 2015”, um desdobramento em território brasileiro do Concurso Internacional Ruspoli de Música Barroca e Musicologia, realizado todos os anos, no início do mês de outubro, no Castelo Ruspoli de Vignanello, pequena cidade medieval situada ao norte de Roma, na província do Lácio. Uma das características desse concurso, que atrai jovens músicos de grande talento, é que a cada ano ele é dedicado a um instrumento musical e também ao canto. 2014 foi um ano dedicado ao violino, instrumento dos solistas vencedores, a francesa Amandine Solano e o russo Alexey Fokin. 2015 será ano de canto barroco em Vignanello.

 

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O castelo Ruspoli, em Vignanello, na Itália, onde acontece o Concurso Ruspoli de Música Barroca. Foto por Lamberto Scipioni

 

A iniciativa do concurso e da sua decorrente itinerância é da criadora do evento, Giada Ruspoli, princesa da casa romana dos Ruspoli. Casada com o paulistano Luiz Misasi, Dona Giada divide o seu tempo entre o Brasil e a Itália. Ela concedeu entrevista à Revista Oásis, onde explica qual é a proposta desse concurso, os seus significados e projetos para o futuro.

 

Giada Ruspoli, a criadora do Concurso Ruspoli de Música Barroca. Foto por Lamberto Scipioni

 

GIADA RUSPOLI

Quando a saudade vira música


Entrevista a Luis Pellegrini

 

Qual o significado e importância do Prêmio Ruspoli e do seu desdobramento em Itinerância?

O Prêmio é um momento de encontro entre músicos provenientes de vários países, reunidos em um lugar onde se faz música, se fala de música e se respira música. O Castelo Ruspoli de Vignanello hospedou e ofereceu condições de trabalho a vários dos melhores compositores do período barroco, tais como Haendel, Caldara, os dois Scarlatti, pai e filho, Corelli, Hotteterre e muitos outros.

Francesco Maria Ruspoli, que viveu entre 1672 e 1731,  foi um grande mecenas das artes e especialmente da música. Haendel foi seu hóspede durante dois anos seguidos, e em Vignanello ele compôs 50 das 100 cantatas que criou durante o seu período italiano. A “Ressureição” também foi composta durante sua estadia com o Príncipe Ruspoli.

Por interesse dos professores de musicologia conectados ao Prêmio Ruspoli, e pelo fato de que eu mesma moro no Brasil durante boa parte do ano, pensou-se na criação de um Prêmio Euro-Latino-Americano de Musicologia para estudos teóricos sobre compositores e composições do período barroco influenciados tanto pela música que se fazia na Europa naquela época, quanto pela que se fazia na América Latina. Ambos os acervos são riquíssimos e boa parte deles ainda não foi bem estudada.

 

Os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin,  vencedores do Concurso Ruspoli 2014, FotoStudio Trogu

 

A primeira premiação aconteceu em São Paulo, no dia 5 de Setembro de 2014, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade. O vencedor foi o jovem chileno José Manuel Izquierdo König. Logo depois surgiu a ideia de se fazer a Itinerância dos vencedores do Prêmio Ruspoli, graças a um convite da Sociedade de Cultura Artística, de São Paulo. Essa Itinerância foi rapidamente ampliada para outras cidades brasileiras, tais como Mariana, em Minas Gerais, e Itu, em São Paulo.

Qual a relação desse Prêmio, originalmente italiano, com o Brasil? Tem relação com a herança barroca brasileira?

Entre os séculos 17 e 19 vários importantes compositores e instrumentistas europeus vieram para o Brasil e para outros países da América Latina. Eles exerceram forte influência na música local brasileira e latino-americana, como demonstra em sua tese José Manuel Izquierdo König, o vencedor do Primeiro Prêmio Euro Latino Americano. O título original desse trabalho é: “Ilustración y contrailustración de un cuarteto arequipeño (o cómo escribir un yaraví en el estilo de Haydn)”.

 

O musicólogo professor Paulo Castagna

 

Como explica o Prof. Paulo Castagna – um dos musicólogos ligados ao Prêmio Ruspoli – referindo-se ao concerto de câmara que, no dia 1o de agosto, abre a Itinerância no Museu da Música de Mariana, isso aconteceu também para os músicos brasileiros da época barroca: “Todos os compositores brasileiros que trabalharam com música de concerto foram influenciados por compositores europeus, diretamente e/ou indiretamente. No caso de Trindade, ambos, pois ele foi aluno do violinista italiano Francesco Ignazio Ansaldi, que serviu na capela real como primeiro violino.”

No dia 1o de Agosto, em Mariana, os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin tocarão um dos Duetos Concertantes de Gabriel Fernandes da Trindade (nascido em Ouro Preto em  1796, morto no Rio de Janeiro em 1854). Essas são as mais antigas composições de câmara escritas no Brasil (em 1814).

Tais obras, ao que se sabe, nunca mais foram tocadas desde aqueles tempos.

O Prêmio Euro Latino Americano quer pesquisar essas influências, esses amálgamas de linguagens musicais, publicando suas partituras, de modo que sejam cada vez mais acessíveis para o publico que estuda e se interessa por música barroca.

 

Giada Ruspoli (à direita) e Tina Curi

 

Trata-se, certamente, de uma empreitada trabalhosa, difícil e cara. O que tudo isso significa para você pessoalmente?

Somos hoje um grupo de trabalho bem afinado, embora composto de pouquíssimas pessoas, e o denominador comum entre todos nós é o entusiasmo e a boa vontade. Para a organização geral e administração temos a sorte de contar, no Brasil, com Tina Curi e, na Itália, com Manola Erasmi. A direção artística do Prêmio está nas mãos do musicólogo italiano professor Giorgio Monari. Além disso temos muitas parcerias e apoios que viabilizam e nos permitem continuar esse trabalho.

Quanto a mim, que já tenho uma avó brasileira, Claudia Matarazzo, e depois de tantas décadas de itinerância entre a Itália e o Brasil, posso dizer que sinto-me realmente uma ítalo-brasileira. Quando estou na Itália tenho saudades do Brasil; quando estou aqui tenho saudades de lá... Nada melhor do que transformar as saudades e a divisão que habita na minha alma  em algo  de produtivo, que possa ser útil para os pesquisadores e os amantes da música, ampliando e dando visibilidade a um patrimônio cultural e artístico que, há séculos, é cultivado como tradição pela família Ruspoli.

 

Da esquerda, TIna Curi, Giorgio Monari, Giada Ruspoli e Carlos Roberto Barbieri Camargo reunidos em Itu

 

Quem financia o Prêmio? Ele precisa de ajuda para continuar e se desenvolver?

Nesses longos anos de trabalho, para realizar o Prêmio tivemos, sim, patrocinadores e muitos apoios que agradeço de coração. Na Itália, Paulo Gala e Eliane de Castro, apaixonados por música e mecenas modernos, apoiam o Prêmio desde a sua primeira edição. Luiz Misasi, meu marido, também o apoia e sustenta desde sempre .

Além disso, no Brasil tivemos o convite da Sociedade Cultura Artística, da Biblioteca Mário de Andrade, da Secretaria Municipal da Cultura de Itu, da dra. Maria Lúcia de Almeida Marins e Dias Caselli, da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Itu, do arquiteto Alberto Magno de Arruda /  Restaurações Wahl e Engenharia Projetos.

Mas todos esses esforços e apoios ainda não são suficientes para que o Prêmio Ruspoli e a sua Itinerância sejam autossustentáveis. Mas tenho confiança de que chegaremos a isso através da continuidade dos trabalhos,  dos eventos que promovo no Castelo de Vignanello e através das Leis de Incentivos que nos permitem captar recursos junto a empresas interessadas em investir nesses intercâmbios culturais.

 

Giorgio Monari, diretor artístico do Concurso Ruspoli

 

E os projetos para o futuro?

Certamente continuar com os trabalhos de pesquisa, seja na Itália como na América Latina. Dar continuidade à Itinerância no Brasil, em 2016, dos vencedores do concurso de canto de 2015, com apresentações também em outras cidades barrocas brasileiras. Promover a integração entre a arquitetura do período barroco e a música desse período no Brasil. Além de Itu, cidade maravilhosa perto de São Paulo, cheia de Igrejas do Período Barroco e onde fomos acolhidos com muito carinho por Jair de Oliveira e Carlos Barbieri, da Casa Amarela.... Amo a arquitetura barroca, talvez porque eu seja romana, e ouvir um concerto no interior de uma igreja barroca não é apenas uma experiência artística ou cultural. É também uma vivência espiritual, um modo de nutrir a própria alma.

Gostaria também de realizar projetos de residências para jovens músicos, tanto na Itália quanto no Brasil, pois considero essa troca de vivências muito importante e enriquecedora para os jovens que pretendem se dedicar ao maravilhoso mundo da arte.

Por fim, como já disse, quero transformar essa saudade que carrego na alma em... música.

 

Informações sobre os eventos:

1 de agosto 2015, sábado, às 15 horas, no Museu da Música de Mariana, Minas Gerais, Rua Cônego Amando, 161. Programa: Conferência “Musicologia ao vivo: do barroco ao chorinho”, pelo professor Giorgio Monari. Lançamento da II Edição do Prêmio de Estudos Musicológicos Euro-Latino-Americanos Príncipe Francesco Maria Ruspoli 2016”. Concerto de obras barrocas para dois violinos com Amandine Solano e Alexey Fokin. Concerto “Chorinhos do Museu da Música”, pelo grupo Chá de Caboclo. Entrada franca. Os eventos fazem parte das comemorações dos 42 anos do Museu da Música e dos 70 anos da designação de Mariana como Monumento Nacional.

8 de agosto de 2015, sábado, às 19H30, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Praça da Independência, em Itu, concerto de Câmara “Sonatas para violino e cravo do século 18”, com os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin e o cravista Nicolau Figueiredo, com palestra introdutória de Giorgio Monari sob o tema “Introdução ao barroco musical”.

12 de agosto de 2015, quarta-feira, às 21 horas, no Auditório do MASP, na Avenida Paulista, em são Paulo, na Série de Concertos de Câmara da Cultura Artística. Música barroca para dois e três violinos, com a participação do conjunto Os Músicos de Capella. Ingressos à venda na Cultura Artística, telefone 11-32560223.

Mais info: www.associacaoruspoli.com.br

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