'Pelo amor de Deus, mude a política econômica'

Em entrevista exclusiva ao 247, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) reafirmou seu apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff, mas pediu mudanças urgentes na política econômica, capitaneada pelo ministro Joaquim Levy; segundo ele, a alta taxa de juros é a principal responsável pelo problema fiscal do País; "Concretamente, nós não temos como avançar neste País com essa taxa de juros, e vale dizer: o impacto sobre a inflação não existe", diz; o petista afirma que o problema do déficit tem que ser resolvido fazendo justiça tributária: "Não aceitaremos cortes em programas sociais, na Educação ou na Saúde"

Em entrevista exclusiva ao 247, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) reafirmou seu apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff, mas pediu mudanças urgentes na política econômica, capitaneada pelo ministro Joaquim Levy; segundo ele, a alta taxa de juros é a principal responsável pelo problema fiscal do País; "Concretamente, nós não temos como avançar neste País com essa taxa de juros, e vale dizer: o impacto sobre a inflação não existe", diz; o petista afirma que o problema do déficit tem que ser resolvido fazendo justiça tributária: "Não aceitaremos cortes em programas sociais, na Educação ou na Saúde"
Em entrevista exclusiva ao 247, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) reafirmou seu apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff, mas pediu mudanças urgentes na política econômica, capitaneada pelo ministro Joaquim Levy; segundo ele, a alta taxa de juros é a principal responsável pelo problema fiscal do País; "Concretamente, nós não temos como avançar neste País com essa taxa de juros, e vale dizer: o impacto sobre a inflação não existe", diz; o petista afirma que o problema do déficit tem que ser resolvido fazendo justiça tributária: "Não aceitaremos cortes em programas sociais, na Educação ou na Saúde" (Foto: Roberta Namour)


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247 - O senador petista Lindbergh Farias (PT-RJ) voltou a criticar a política econômica de Joaquim Levy, embora reafirme seu apoio ao governo Dilma Rousseff. Em entrevista exclusiva ao 247, ele se diz convencido de que a política de altas taxas de juros é responsável pelo déficit primário de R$ 30,5 bilhões previsto no projeto de orçamento da união.

Ontem, em discurso no plenário do Senado, ele apelou para que a presidente Dilma assuma as rédeas e promova uma guinada na atual política monetária, para evitar o agravamento da crise. “Está aqui um Senador do PT que vai defender a Presidenta Dilma até o último instante, mas, pelo amor de Deus, mude essa política econômica! Falo isso porque a gente quer que este Governo dê certo, dê a volta por cima”.

Lindbergh diz que o problema do déficit tem que ser resolvido fazendo justiça tributária. “Não aceitaremos cortes em programas sociais, na Educação ou na Saúde”, adianta o senador. “Desta vez, não podem ser os mais pobres, os trabalhadores, que têm que pagar a conta; é o andar de cima, que paga muito pouco imposto no País quando comparado aos trabalhadores e à classe média”, defende Lindbergh, que apresentará um projeto para ressuscitar a cobrança de tributos sobre distribuição de lucros e dividendos, extinta no governo Fernando Henrique Cardoso. A proposta, diz ele, pode ter impacto fiscal suficiente para resolver o déficit nas contas do governo.

O senhor tem feito pressão contra a política econômica do governo. Por quê?

Fui contra o ajuste fiscal. O ministro (Joaquim) Levy (Fazenda) dizia: “Nós vamos fazer esse esforço porque, no ano passado, houve um déficit nominal de 6,7% do PIB, e a gente tem que melhorar a situação fiscal para o País avançar, para as expectativas melhorarem.” Foi isso que ele vendeu ao Brasil. Foi isso que ele disse à presidenta Dilma e disse aqui, no Congresso Nacional.

Eu votei contra porque eu não acreditava naquilo. Esses planos de austeridade mundo afora têm resultado no aumento da recessão econômica, na redução da arrecadação e na elevação da dívida. Só que aqui, no Brasil, dessa vez, nós tivemos um aperto fiscal em conjunto com uma política monetária esquizofrênica, que tem um impacto fiscal gigantesco.

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Cada ponto que sobe da taxa de juros significa R$15 bilhões a mais, e, de outubro para cá, nós já aumentamos em 3,25% os juros do nosso País.

O que fizemos esse ano? O governo fez um ajuste fiscal. Cortamos investimentos em R$ 20 bilhões. O Congresso votou as Medidas Provisórias que tratavam de abono, seguro-desemprego e, segundo o governo, a economia seria de R$ 14 bilhões. O que aconteceu? A situação fiscal piorou. Nós tínhamos fechado o ano passado com um déficit de 6,7% do PIB (Produto Interno Bruto) e, agora, o acumulado até julho já está em 8,8%.

Qual a causa disso?

Além da desaceleração da arrecadação, algo em torno de 3% a menos que no ano passado, o problema foi a política monetária, a taxa de juros. Pagamos, nos últimos 12 meses acumulados até julho, R$ 451 bilhões, que corresponde a 7,92% do PIB. Eram 5,6% do PIB no mesmo período do ano passado. Não é preciso ser matemático. O déficit está aqui. No ano passado, de janeiro a julho, pagamos R$148 bilhões de juros. Em 2015, somando juros e swaps cambiais, foram R$288,6 bilhões.

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Concretamente, nós não temos como avançar neste País com essa taxa de juros, e vale dizer: o impacto sobre a inflação não existe. A inflação está em nove pontos. Estava em seis pontos e está em nove pontos. Todos os economistas sabem que a inflação que nós estamos tendo é a inflação de preços administrados, como energia elétrica e gasolina, de alimentos, além do impacto do câmbio, mas não é inflação de preços livres. A taxa Selic só pega os preços livres, e a economia está desaquecendo, está lá embaixo.

O que espera do governo?

O que eu peço à presidenta Dilma é que assuma as rédeas desse processo, que surja a Dilma Coração Valente, com o programa que foi vencedor das eleições, e que mude essa política econômica. A questão central é a retomada do crescimento econômico e a proteção dos empregos. Não é o ajuste fiscal. Se não mudarmos essa política econômica, mergulharemos em uma recessão, que pode superar 2,5% este ano, e em uma recessão em cima da recessão no ano que vem, com desaceleração que pode chegar até a um ponto. E isso vai continuar alimentando a crise política.

Como resolver o problema do déficit?

Não aceitaremos cortes em programas sociais, na Educação ou na Saúde. Desta vez, não podem ser os mais pobres, os trabalhadores que têm que pagar a conta; é o andar de cima, que paga muito pouco imposto no País quando comparado aos trabalhadores e à classe média. Não podemos jogar a conta desse déficit nas costas do povo trabalhador, que já está pagando muito com desemprego, com redução da massa salarial.

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Há um conjunto de medidas que podem ser tomadas no sentido de deixar nosso sistema tributário mais justo e progressivo.
Nós, à luz da discussão desse orçamento, vamos apresentar medidas em relação à tributação e à forma de superar esse déficit.

Estamos apresentando um projeto para voltar a cobrança do imposto sobre distribuição de lucros e dividendos no país e em casos de remessa ao exterior.

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Esse tributo era cobrado até 1995, quando foi extinto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Com a volta da alíquota de 15%, o governo poderá ter um incremento de R$ 50 bilhões na sua arrecadação. E tem mais! Esse é um imposto que atinge principalmente os muito ricos do País, que pagam muito pouco.

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Para se ter uma ideia, os 10% mais pobres comprometem 32% de seus rendimentos com impostos. Os 10% mais ricos, 22%. Segundo estudo dos economistas Sérgio Gobetti e Rodrigo Orair, do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), os 0,3% mais ricos, o equivalente a 71.440 pessoas que concentram 14% da renda do País e 22,7% de toda a riqueza declarada, pagam em média de 2,6% de impostos sobre sua renda total.

A questão é simples: um funcionário que recebe R$ 5 mil de salário desconta 27,5% de imposto. Já um multimilionário não paga nada se recebe a título de lucros e dividendos.

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