Ministro de Temer falava em 'guerra letal' nas favelas e avisava que 'criança bonitinha' poderia virar alvo
"Você vê uma criança bonitinha, de 12 anos de idade, entrando em uma escola pública, não sabe o que ela vai fazer depois da escola. É muito complicado", disse Torquato Jardim, ministro da Justiça de Michel Temer, em fevereiro deste ano, logo após a intervenção militar no Rio; dias atrás, Marcos Vinícius, estudante de 14 anos, foi assassinado pelas costas, uniformizado e a caminho da escola pública onde estudava; segundo a testemunha que o socorreu, o disparo veio de um blindado da polícia
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247 – "Não há guerra que não seja letal", disse Torquato Jardim, ministro da Justiça de Michel Temer, ao comentar a intervenção militar no Rio de Janeiro, em entrevista ao Correio Braziliense" (leia aqui).
Embora tenha sido feita em fevereiro deste ano, logo após a oficialização da intervenção militar, a declaração do ministro precisa ser lembrada após a morte do adolescente Marcus Vinícius, de 14 anos, uniformizado e a caminho de uma escola pública, durante uma operação da polícia no Complexo da Maré, na última quinta-feira 21.
"Se está lá com PM, Polícia Civil e Forças Armadas, se passar um guri de 15 anos de idade, você vê a foto dele, já matou quatro, entrou e saiu do centro de recuperação, uma dúzia de vezes, e está ali com um fuzil exclusivo das Forças Armadas, você vai fazer o quê? Prende. O guri vai lá e sai, na quarta ou quinta vez que você vê o fulano, vai fazer o quê? Você tem uma reação humana aí que deve ser muito bem trabalhada psicologicamente, emocionalmente, no PM ou no soldado. Você está no posto, mirando a distância, na alça da mira aquele guri que já saiu quatro, cinco vezes, está com a arma e já matou uns quatro. E agora? Tem que esperar ele pegar a arma para prender em flagrante ou elimino a distância? Ele é um cidadão sob suspeita porque não está praticando o ato naquele momento ou é um combatente inimigo? Os EUA enfrentaram esse tema como um inimigo combatente. É a noção de guerra assimétrica, estamos vivendo uma guerra simétrica", afirmou à época.
"Você não sabe nem quais são os recursos necessários, não sabe quantos são necessários e usando qual arma. Quantos eu preciso para a Rocinha? Não sei. Como você vai prevenir aquela multidão entrando e saindo de todas as 700 favelas? Tem 1,1 milhão de cariocas morando em zonas de favelas, de perigo. Desse 1,1 milhão, como saber quem é do seu time e quem é contra? Não sabe. Você vê uma criança bonitinha, de 12 anos de idade, entrando em uma escola pública, não sabe o que ela vai fazer depois da escola. É muito complicado", disse ainda.
Marcos Vinícius levou um tiro nas costas e, segundo a testemunha que o socorreu, o disparo veio de um blindado da polícia.
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