Haitianos, senegaleses e outros imigrantes buscam vida nova no RS

O Rio Grande do Sul orgulha-se de ser uma terra de imigrantes; as levas de italianos e alemães que se instalaram em colônias no interior, a partir do século XIX, são apontadas como fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do Estado; no início do século XXI, uma nova leva de imigrantes chegam ao RS em busca de uma nova vida, vindos do Haiti, do Senegal, de Bangladesh, de Gana e de vários outros países; as circunstâncias históricas são outras, mas esses novos imigrantes guardam uma semelhança com os italianos e alemães que aqui chegaram: pobres, sem perspectivas em seus países de origem, chegam aqui em busca de uma nova vida, de direitos e de cidadania

O Rio Grande do Sul orgulha-se de ser uma terra de imigrantes; as levas de italianos e alemães que se instalaram em colônias no interior, a partir do século XIX, são apontadas como fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do Estado; no início do século XXI, uma nova leva de imigrantes chegam ao RS em busca de uma nova vida, vindos do Haiti, do Senegal, de Bangladesh, de Gana e de vários outros países; as circunstâncias históricas são outras, mas esses novos imigrantes guardam uma semelhança com os italianos e alemães que aqui chegaram: pobres, sem perspectivas em seus países de origem, chegam aqui em busca de uma nova vida, de direitos e de cidadania
O Rio Grande do Sul orgulha-se de ser uma terra de imigrantes; as levas de italianos e alemães que se instalaram em colônias no interior, a partir do século XIX, são apontadas como fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do Estado; no início do século XXI, uma nova leva de imigrantes chegam ao RS em busca de uma nova vida, vindos do Haiti, do Senegal, de Bangladesh, de Gana e de vários outros países; as circunstâncias históricas são outras, mas esses novos imigrantes guardam uma semelhança com os italianos e alemães que aqui chegaram: pobres, sem perspectivas em seus países de origem, chegam aqui em busca de uma nova vida, de direitos e de cidadania (Foto: Leonardo Lucena)


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Marco Weissheimer, Sul 21 - O Rio Grande do Sul orgulha-se de ser uma terra de imigrantes. As levas de italianos e alemães que se instalaram em colônias no interior, a partir do século XIX, são apontadas como fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do Estado. Mas não foram apenas italianos e alemães. Há contingentes menores, mas não menos importantes, de poloneses, russos, japoneses, espanhóis, portugueses, entre outros povos. Mais recentemente, nas décadas de 1970 e 1980, o Estado começou a receber pessoas de diversas nacionalidades da América Latina, muitas delas fugindo de ditaduras. E agora, no início do século XXI, uma nova leva de imigrantes chegam ao RS em busca de uma nova vida, vindos do Haiti, do Senegal, de Bangladesh, de Gana e de vários outros países. As circunstâncias históricas são outras, mas esses novos imigrantes guardam uma semelhança fundamental com os italianos e alemães que aqui chegaram no século XIX: pobres, sem perspectivas em seus países de origem, chegam aqui em busca de uma nova vida, de direitos e de cidadania.

Uma reunião realizada na tarde da última sexta-feira (22), na Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, definiu um conjunto de ações para acolher os haitianos e senegaleses que devem chegar ao Estado no início desta semana. O encontro reuniu o secretário da Justiça e dos Direitos Humanos, César Faccioli, o secretário municipal de Direitos Humanos de Porto Alegre, Luciano Marcantônio, o coordenador do Fórum Permanente de Mobilidade Humana, Elton Bozzetto, e integrantes do Comitê Estadual de Atenção a Migrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas do Tráfico de Pessoas (Comirat), que reúne representantes de órgãos públicos e entidades não governamentais do Estado. Ao longo desta semana, está prevista a chegada de dez ônibus vindos do Acre com haitianos e senegaleses. A maior parte deles, porém, deve ficar em outras cidades, antes de chegar a Porto Alegre.

Haitianos e senegaleses são maioria

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Segundo Elton Bozzetto, o foco da reunião de sexta-feira foi a pauta emergencial da chegada dessa nova delegação de imigrantes vindos do Acre. A chegada desse grupo não é uma excepcionalidade, destaca Bozzetto. "Estamos atendendo, diariamente, no CIBAI, três, cinco e até quinze imigrantes que nos procuram para regulamentação de documentos. A maioria é de haitianos e senegaleses mesmo", relata. Mas há representantes de outras nacionalidades também chegando ao Rio Grande do Sul, como ganeses, angolanos, bengaleses e dominicanos, entre outros. O Centro Ítalo-Brasileiro de Assistência e Instrução às Migrações (Cibai Migrações), que funciona junto à Igreja Pompéia (rua Barros Cassal, 220), no centro de Porto Alegre, é um dos centros de referência mais procurados pelos imigrantes.

Ligado à Igreja Católica, o CIBAI foi criado em 1958 para substituir a Secretaria Católica de Imigração, criada logo após a 2ª Guerra Mundial. O Centro passou a substituir o Secretariado no acolhimento, regularização de documentos, promoção de cursos de português e intermediação com empresários para a colocação dos imigrantes em postos de trabalho. Em um primeiro momento, deu uma atenção especial à comunidade italiana, mas, nas décadas de 1970 e 1980, com o avanço das ditaduras na América Latina, passou a cuidar também dos latinos que eram perseguidos pelos aparatos repressivos. Com o passar dos anos foi ampliando sua área de atuação, atendendo imigrantes e refugiados de países da Ásia e da África. No século XXI passou a atender também as centenas de estudantes internacionais que estão em Porto Alegre e municípios próximos da capital e a cuidar do crescente fluxo migratório de haitianos, senegaleses e imigrantes procedentes de outros países africanos, latinos e orientais.

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O direito dos povos e a cidadania universal

O coordenador do Fórum Permanente de Mobilidade Urbana estima que, desde 2012, mais de 15 mil imigrantes chegaram ao Rio Grande do Sul, sendo que mais de 10 mil deles originários do Haiti. Esse número é resultado de um estudo realizado pelo Fórum, que publicou um livro sobre os novos rostos da imigração no Brasil. “A Polícia Federal inclusive se serve de nossas informações, pois não tem dados precisos como os que temos”, diz Bozzetto. Muitos desses imigrantes, informa, já estão incorporados ao mercado de trabalho no Estado. Em 2014, 1.745 estavam trabalhando nas indústrias de alimentação. Cerca de 400 haitianos e 200 senegaleses estão trabalhando no setor de serviços em Porto Alegre, em hospitais, shoppings centers, restaurantes e postos de gasolina.

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Depois do período vivido no final do século XIX e início do século XX, esse é o maior fluxo migratório da história recente do Rio Grande do Sul e com a atual configuração multiétnica ele é inédito, destaca Elton Bozzetto. Para ele, o mais importante no fenômeno que está ocorrendo agora é a questão da boa acolhida às pessoas. “No início do século XIX, o filósofo alemão Immanuel Kant trabalhou com a ideia do direito dos povos e defendeu o direito a uma cidadania universal”, cita Bozzetto, apontando que esse é o caminho que deve ser perseguido.

Contra o preconceito, integração cultural

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Com a chegada dos imigrantes aparecem também manifestações preconceituosas e xenófobas que olham para o estrangeiro com desconfiança. Na avaliação do coordenador do Fórum Permanente de Mobilidade Urbana, a melhor maneira de enfrentar esse problema é por meio da integração e inserção cultural dos imigrantes em nossas comunidades. “Essa integração é fundamental para superar o preconceito”, defende. Um dos maiores obstáculos para isso é a questão da língua o que torna os cursos de língua portuguesa fundamentais para o êxito dessa integração. Um dado positivo neste processo, aponta Bozzetto, é o bom desempenho dos imigrantes nos postos de trabalho que conseguem aqui.

“O CIBAI tem uma lista de empresas que tem interesse em empregar imigrantes e que expressam uma imagem muito positiva sobre o desempenho desses trabalhadores”, relata. Para evitar abusos e desrespeito a direitos básicos, o Fórum está elaborando uma cartilha sobre direitos trabalhistas voltada para imigrantes. Além disso, trabalha para que tenham acessos a políticas públicas, como o programa Minha Casa, Minha Vida, e acesso à saúde.

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“Em 2014, vieram 40 e só ficaram 9”

Sobre a nova leva de imigrantes que está saindo do Acre, Elton Bozzetto diz que é difícil prever quantos virão e ficarão no Rio Grande do Sul. A maioria deles quer ir para São Paulo, que pediu para o Ministério da Justiça para não receber novos imigrantes neste período. “Isso pode fazer com que muitos deles acabem mudando de planos no caminho. No ano passado vieram 40 para cá e só ficaram nove. Eles constituíram uma rede de informações muito consistente e rápida. A maior parte dos que chegam aqui já chegam com cidade e endereço definidos. De modo geral, já chegam com um destino”, relata.

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Duas equipes estão sendo constituídas para fazer a acolhida dos imigrantes que chegarem a Porto Alegre nos próximos dias, articulando o trabalho da Secretaria Estadual da Justiça e Direitos Humanos, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, de organizações sociais e religiosas. Os que completarem a viagem do Acre ao Rio Grande do Sul encerrarão essa jornada na Estação Rodoviária de Porto Alegre, onde serão recebidos por essas equipes.

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