Cpers teme interferência pedagógica do setor privado nas escolas

Um projeto controverso para a área de Educação foi lançado recentemente pelo governo do Rio Grande do Sul; o Escola Melhor: Sociedade Melhor possibilita a doação, por parte de pessoas físicas e empresas, para escolas estaduais; enquanto a administração argumenta que a ideia é alcançar contribuições para melhorar a qualidade do ensino, os Sindicato dos Professores (Cpers) teme que a iniciativa leve o setor privado a interferir nas escolas públicas e afirma que o Executivo se exime de um dever

Um projeto controverso para a área de Educação foi lançado recentemente pelo governo do Rio Grande do Sul; o Escola Melhor: Sociedade Melhor possibilita a doação, por parte de pessoas físicas e empresas, para escolas estaduais; enquanto a administração argumenta que a ideia é alcançar contribuições para melhorar a qualidade do ensino, os Sindicato dos Professores (Cpers) teme que a iniciativa leve o setor privado a interferir nas escolas públicas e afirma que o Executivo se exime de um dever
Um projeto controverso para a área de Educação foi lançado recentemente pelo governo do Rio Grande do Sul; o Escola Melhor: Sociedade Melhor possibilita a doação, por parte de pessoas físicas e empresas, para escolas estaduais; enquanto a administração argumenta que a ideia é alcançar contribuições para melhorar a qualidade do ensino, os Sindicato dos Professores (Cpers) teme que a iniciativa leve o setor privado a interferir nas escolas públicas e afirma que o Executivo se exime de um dever (Foto: Leonardo Lucena)


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Débora Fogliatto, Sul 21 - Um projeto controverso para a área de Educação foi lançado recentemente pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul. O Escola Melhor: Sociedade Melhor possibilita a doação, por parte de pessoas físicas e empresas, para escolas estaduais. Enquanto a administração argumenta que a ideia é alcançar contribuições para melhorar a qualidade do ensino, os Sindicato dos Professores (Cpers) teme que a iniciativa leve o setor privado a interferir nas escolas públicas.

O Projeto de Lei (PL) 103/2015 envolve questões relativas a reformas em escolas, investimento em equipamentos, livros, banda larga e promoções de palestras, conforme explicou o secretário-adjunto de Educação, Luís Antonio Alcoba de Freitas. “Já recebemos muitos telefonemas a nossos dirigentes. A comunidade quer colaborar com a melhoria da escola. Não se trata de substituir a responsabilidade do Estado com a educação”, assegurou.

No texto do PL consta que “O Estado, a família, a sociedade, através das suas entidades e empresas, todos devem estar engajados na busca da sua melhoria e qualificação da educação, conforme dispõe o artigo 205 da Constituição Federal”. O secretário-adjunto lembra que são 2.500 escolas estaduais e que este seria “um instrumento a mais, para contribuir, melhorar a qualidade do ensino”.

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Em contrapartida, as empresas poderiam divulgar que praticaram essa benfeitoria, esse “ato de solidariedade”, conforme definiu Freitas. “Essa colaboração já acaba existindo por meio dos CPMs [Círculos de Pais e Mestres], mas não há instrumento legal para isso. Queremos criar um instrumento político”, afirmou.

Isso não significa que o Estado não esteja realizando obras nas escolas, segundo o secretário-adjunto. “Temos muitas obras que estão sendo realizadas, e nós temos programado para este ano mais de 600 reformas, ampliação e melhorias em escolas”, afirmou, lembrando que “isso não retira a responsabilidade do estado de melhorar e qualificar o espaço escolar”.

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Cpers teme privatização

O Cpers lamenta não ter sido consultado antes da oficialização do projeto e considera que o governo está “tentando se eximir de um dever”, segundo a vice-presidente Solange Carvalho. Ela explica que já acontecem doações pontuais a escolas, especialmente de livros, quando instituições querem se desfazer, ou de computadores que são trocados em empresas.

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“O problema é o governo querer abrir isso como um projeto de Estado, querer oficializar. Coloca também, além da doação de máquinas, a possibilidade de interferência ou atuação pedagógica, isso que vem ali, distraidamente, dentro do projeto”, esclarece.

A interferência aconteceria, principalmente, a partir da realização de palestras previstas no projeto, pois as pessoas convidadas a falar poderiam se pronunciar de acordo com os interessas da empresas. “Isso abre várias possibilidades, assim como uma interferência na questão pedagógica”, criticou.

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Outros casos

Em outros estados, já existem iniciativas similares. Na cidade de Belo Horizonte, a Unidade Municipal de Educação Infantil Belmonte foi inaugurada em 2013 em formato de Parceria Público-Privada, em um convênio da Prefeitura com a Inova BH, empresa da Odebrecht Properties. No Paraná, o projeto Anjos da Escola possibilita a doação de recursos financeiros por parte de pessoas físicas para as escolas públicas da rede estadual, em um valor mínimo de R$ 1 mensal, destinado à escola escolhida pelo doador.

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No Rio Grande do Sul, a ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) tentou implantar o projeto Jovem de Futuro – Qualidade Total no Ensino Médio, em parceria com o Instituto Unibanco. “Quase passou isso, alguns setores iam ficar na mão de empresas. Lutamos muito para que não acontecesse”, relembrou Solange, do Cpers.

No âmbito federal, o assunto foi discutido em 2012 e a contribuição empresarial previa dedução do Imposto de Renda de quem realizasse as doações. O PL do senador Blairo Maggi (PR-MT) chegou a receber parecer favorável na Comissão de Educação do Senado e foi para a Câmara dos Deputados, onde foi rejeitado pela Comissão e acabou arquivado. Ao contrário da iniciativa federal, o projeto do governo não prevê a dedução do IR, segundo o secretário-adjunto.

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