Atrasam construções em mais de 200 creches no RS

Assembleia Legislativa debateu a situação das obras inacabadas das creches do Programa Proinfância do governo federal, o que está inviabilizando que o Estado cumpra as metas de expansão da educação infantil previstas no Plano Estadual de Educação (PEE); das 230 creches do Proinfância previstas para serem construídas a partir de 2014 no RS, 206 foram contratualizadas entre 46 municípios do Estado e a empresa MVC Soluções em Plásticos; destas apenas cinco foram concluídas, de acordo com André Lemes da Silva, secretário de Educação de Rio Grande e presidente da União de Dirigentes Municipais da Educação (Undime-RS); outras 76 estão inacabadas ou foram abandonadas; o restante nem começou

Assembleia Legislativa debateu a situação das obras inacabadas das creches do Programa Proinfância do governo federal, o que está inviabilizando que o Estado cumpra as metas de expansão da educação infantil previstas no Plano Estadual de Educação (PEE); das 230 creches do Proinfância previstas para serem construídas a partir de 2014 no RS, 206 foram contratualizadas entre 46 municípios do Estado e a empresa MVC Soluções em Plásticos; destas apenas cinco foram concluídas, de acordo com André Lemes da Silva, secretário de Educação de Rio Grande e presidente da União de Dirigentes Municipais da Educação (Undime-RS); outras 76 estão inacabadas ou foram abandonadas; o restante nem começou
Assembleia Legislativa debateu a situação das obras inacabadas das creches do Programa Proinfância do governo federal, o que está inviabilizando que o Estado cumpra as metas de expansão da educação infantil previstas no Plano Estadual de Educação (PEE); das 230 creches do Proinfância previstas para serem construídas a partir de 2014 no RS, 206 foram contratualizadas entre 46 municípios do Estado e a empresa MVC Soluções em Plásticos; destas apenas cinco foram concluídas, de acordo com André Lemes da Silva, secretário de Educação de Rio Grande e presidente da União de Dirigentes Municipais da Educação (Undime-RS); outras 76 estão inacabadas ou foram abandonadas; o restante nem começou (Foto: Leonardo Lucena)


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Luís Eduardo Gomes, Sul 21 - A Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa realizou na manhã desta terça-feira (24) uma audiência para debater a situação das obras inacabadas das creches do Programa Proinfância do governo federal, o que está inviabilizando que o Estado cumpra as metas de expansão da educação infantil previstas no Plano Estadual de Educação (PEE).

Das 230 creches do Proinfância previstas para serem construídas a partir de 2014 no RS, 206 foram contratualizadas entre 46 municípios do Estado e a empresa MVC Soluções em Plásticos. Destas, de acordo com André Lemes da Silva, secretário de Educação de Rio Grande e presidente da União de Dirigentes Municipais da Educação (Undime-RS), apenas cinco foram concluídas. Outras 76 estão inacabadas ou foram abandonadas. O restante ainda nem começou.

“(A MVC) Eles tiveram problemas de ordem variada, de logística, de não ter mão de obra para fazer, terceirizam muitos serviços”, diz Silva. “Mas o problema maior é que começaram algumas e não foram adiante. Na verdade, eles não honraram com o compromisso que eles firmaram”, complementou.

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Silva explica que a MVC foi a vencedora de uma concorrência de Registro de Preço elaborada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que levou em conta o projeto, técnica e preço oferecido pela empresa. A partir dessa licitação, o FNDE, responsável pela liberação do recurso, oportunizou para cada município a decisão de aderir ou não à proposta da MVC.

Devido ao fato de que o Proinfância é um programa de adesão individual de cada município, não é possível que o Estado, por exemplo, tome uma ação unilateral de rompimento de contrato. Cada caso deve ser analisado individualmente, inclusive dentro de um mesmo município.

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“Em alguns casos as obras estão paradas, outras estão andando muito devagar, em outra o problema é a qualidade dos materiais”, explica Fernanda Nunes, auditora pública externa do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS). “Se, por exemplo, tiver mais de uma unidade sendo construída dentro de um município, possivelmente sejam soluções diferentes em cada uma das obras por causa do estágio em que se encontram. A avaliação vai ter que ser caso a caso”.

Marlise Fernandes, representante da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), disse que o problema existe não por falta do repasse de recursos, que na maioria das vezes já estão depositados nas contas dos municípios, mas porque as obras não estão sendo realizadas.

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De acordo com Silva, da Undime, no caso das obras que ainda nem foram iniciadas, os municípios já estão solicitando junto ao FNDE a repactuação do contrato e migrando para um modelo de construção de alvenaria tradicional.

E é justamente o modelo de construção adotado pela MVC o grande problema para que os municípios consigam concluir as obras que foram deixadas pela metade, uma vez que, caso seja necessário realizar uma nova licitação, dificilmente a nova empresa vencedora utilizará a mesma metodologia adotada pela MVC, que utiliza-se principalmente de materiais plásticos. Além disso, como já arcou com parte dos recursos nesse caso, o FNDE não liberaria novas verbas para que as obras sejam realizadas do zero.

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Segundo a auditora Fernanda, caberá às prefeituras que desejem romper o contrato com a MVC realizar uma análise técnica jurídica e de engenharia para tentar buscar a reparação judicial dos danos causados pelo abandono de contrato, nos casos em que for confirmado que a empresa paralisou a obra.

“Se o município se sentiu lesado, se não houve cumprimento do contrato e tem que se partir para a mudança de tecnologia, sair da metodologia da MVC e partir para a tradicional, possivelmente não se aproveitem esses materiais”, salientou a auditora.

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Procurada, a MVC diz que o impasse nas obras é decorrente do atraso de repasses federais. Jean Zolet, gerente de operações da MVC, explica que a empresa ganhou a licitação em 2013 para instalar 350 creches em 9 Estados no Brasil. Contudo, após o término da concorrência, o Ministério da Educação (MEC) solicitou, como previsto na lei, que a empresa construíssem cinco vezes mais creches, totalizando 1750.

“Aí o que acontece, a gente começou a trabalhar no projeto, em que a gente produz a creche na fábrica, todos os painéis, todas as paredes, e transporta isso para o canteiro de obras e faz a montagem como se fosse Lego. Nós tínhamos produzido uma série de 345 kits, em seis meses, no início de 2014”, diz Zolet.

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No entanto, segundo ele, ocorreram dois problemas que provocaram atrasos na construção das creches em todo o Brasil. O primeiro deles teria sido a demora das prefeituras em propiciar um terreno em condições para a construção. Além disso, a partir de outubro de 2014, o governo federal teria começado a atrasar os repasses para a MVC, o que criou problemas de fluxo de caixa para a empresa pagar os fornecedores das matérias-primas dos kits já produzidos.

“No passar do tempo, de outubro para hoje, isso só se agravou. O repasse do governo federal está baixíssimo, e nós temos uma série de materiais e kits em estoque, mas não conseguimos aplicar nas obras”, afirmou Zolet.

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A MVC diz que começou 349 obras no Brasil desde 2014. Dessas, apenas 60 estariam em andamento. No Rio Grande do Sul, a empresa entregou em agosto creches em Canoas, Gramado, Gravataí, Guaíba e Santana do Livramento. Ainda existiriam 15 obras quase concluídas. Zolet diz que seria necessário o repasse imediato de R$ 24 milhões para que as obras sejam retomadas.

Já o FNDE afirma que não há atraso nas verbas, mas o que ocorre é que só são liberados novos recursos para obras em andamento.

Prejuízos para as crianças

De acordo com o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), autor do requerimento da audiência pública – o presidente da Comissão, Gilberto Capoani, abriu os trabalhos, mas se ausentou logo em seguida -, o atraso nas obras irá dificultar que o Estado alcance as metas previstas no Plano Estadual de Educação de, até o final de 2016, ter 100% das crianças de 4 a 5 anos matriculadas nas creches e 50% das crianças de 0 a 3 anos.

“No momento que tu não tem o prédio, que é fundamental para iniciar o processo da escola, o plano que tem o prazo até o final de 2016 para ser cumprido, me parece que ele já fica comprometido”, disse Valdeci, que afirma ainda que as prefeituras devem buscar a reparação junto à empresa MVC pelo não cumprimento de contrato.

“Há de fato uma irresponsabilidade enorme por parte da empresa que ganhou a licitação. As crianças não podem pagar o preço por uma incompetência ou por falta de responsabilidade. A situação social que acarretará a não conclusão dessas obras é inquestionável. Nós temos que fazer com que esta empresa tenha logicamente a responsabilidade, que tenha todas as penalidades que for necessário”, disse.

A partir da audiência, ficou definido que a situação das 76 obras inacabadas será acompanhada por um grupo de trabalho que terá a participação da Undime, do TCE, da Famurs, do Ministério Público do Estado e de representantes do FNDE.

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