Inspiradas por Marielle, 48 mulheres negras concorrem no Rio Grande do Sul

Seis meses após o seu assassinato, a ex-vereadora pelo Rio Marielle Franco (PSOL) tem sido motivo de inspiração no Rio Grande do Sul; 48 mulheres negras de diversos partidos e ideologias mobilizam-se para tentar aumentar sua representatividade no Legislativo; 23 partidos no estado têm candidatas mulheres que se declaram pretas; o PSOL tem o maior número de mulheres postulantes a cargos

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Por Débora Fogliatto, em Sul 21Marielle Franco (PSOL), mulher negra nascida e criada no Complexo da Maré, foi a quinta vereadora mais votada da cidade do Rio de Janeiro em 2016. Militante dos direitos humanos, das mulheres, da comunidade LGBT, seu mandato deveria ter durado até 2020. Mas sua promissora trajetória política foi interrompida em 14 de março de 2018, quando Marielle foi assassinada, junto com seu motorista, ao ter seu carro alvejado por 13 tiros. Após sua morte, apoiadores, militantes, eleitores, companheiros de partido e mulheres inspiradas por sua trajetória e sua luta sentenciaram: Marielle seria semente, a partir dela “brotariam” outras mulheres negras e periféricas que se elegeriam para lutar por seus direitos.

Seis meses depois, às vésperas das eleições que irão determinar os próximos deputados estaduais e federais, mulheres negras de diversos partidos e ideologias se mobilizam para tentar aumentar sua representatividade no Legislativo. Algumas mais velhas, outras mais jovens que Marielle, a maioria delas compartilha a admiração pela vereadora assassinada e a certeza de que, apesar dos desafios, suas lutas políticas são importantes.

Atualmente, na Câmara de Deputados, dos 513 parlamentares, 52 são mulheres, sendo 7 negras, segundo o critério do IBGE, que considera população negra a soma de pretos e pardos. No conjunto de deputados, as pardas são 1,6% e as pretas, 0,6%. A bancada federal é composta por 80% de homens brancos. Na Assembleia Legislativa gaúcha, nenhuma mulher negra exerce mandato atualmente. Dos 55 parlamentares, nove são mulheres.

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Nestas eleições, 23 partidos no Rio Grande do Sul têm candidatas mulheres que se declaram negras, entre pretas e pardas, em busca de uma vaga na Assembleia ou na Câmara. O partido com mais mulheres postulantes a cargos que se declararam pretas, em números absolutos, é o PSOL (cinco candidatas, das quais quatro à Câmara Federal), seguido por PCdoB, PDT, PROS, PSB e MDB, com quatro candidatas cada.

Sul21 contatou algumas das 48 candidatas autodeclaradas pretas que disputam vagas no Legislativo gaúcho e na Câmara dos Deputados, buscando conversar com mulheres de posições políticas diversas, tendo como critério falar com pelo menos uma de cada coligação dentre as que estão na disputa para chegar ao Palácio Piratini. Estão contempladas na matéria candidatas cujos partidos participam das coligações Rio Grande da Gente, Frente o Rio Grande Tem Solução, Rio Grande no Rumo Certo, Por um Rio Grande Justo, Independência e Luta para Mudar o Rio Grande, e do PSTU (partido que concorre isolado).

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Também procuramos ouvir principalmente mulheres periféricas e de faixas etárias diversas. No total, foram incluídas dez candidatas na matéria. Elas são unânimes sobre a necessidade de aumento na presença de mulheres negras nas instâncias representativas da população. Muitas delas mencionam, ainda, que é preciso que haja mais parlamentares do sexo feminino em geral, lembrando da sub-representação em relação aos homens.

A candidata a deputada estadual pelo PROS Valéria Machado, uma das que tem atuação militante e política mais longas, relata que o racismo sofrido durante sua trajetória foi uma das forças motrizes de sua candidatura. “Eu era subprefeita do distrito de Quintão [em Palmares do Sul] e um senhor me viu e falou ‘uma negrinha como prefeita?’, Então é exatamente por isso que eu quero concorrer”, relata. “Eu sempre tive uma vida política, porque a política para mulheres negras é intrínseca às nossas vivências”, afirma Iyá Sandrali, candidata a deputada estadual pelo PT.

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A presença de Marielle Franco como alguém que inspira e cuja morte provoca revolta também foi uma constante entre elas. No caso da jovem Carlinha Zanella, moradora da Vila Cruzeiro, o assassinato da vereadora carioca serviu como motivação direta para a candidatura. “A Marielle me influenciou totalmente, sempre fui militante do movimento negro, da juventude, fiz parte de DCE, mas nunca imaginei ser candidata”, conta. Para Irlanda Gomes, candidata a uma vaga na Assembleia pela Rede, “o caso Marielle evidencia a violência que o preto e pobre passa no Brasil”. “Quem matou ela se equivocou, porque achou que ali acabava uma luta, mas ali começou a luta de muitas mulheres”, constata Bruna Rodrigues, candidata do PCdoB.

Todas as candidatas foram perguntadas sobre a questão da falta de representatividade das mulheres negras na política, sobre suas trajetórias pessoais, e se de alguma forma se inspiram em Marielle Franco.

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Confira aqui declarações das candidatas:

 

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