Para onde vai a Oi sem Zeinal Bava?

Após entrar na empresa como "salvador da pátria", Zeinal Bava deixa a Oi com uma imagem desgastada após calote na Portugal Telecom e possível venda da companhia

Após entrar na empresa como "salvador da pátria", Zeinal Bava deixa a Oi com uma imagem desgastada após calote na Portugal Telecom e possível venda da companhia
Após entrar na empresa como "salvador da pátria", Zeinal Bava deixa a Oi com uma imagem desgastada após calote na Portugal Telecom e possível venda da companhia (Foto: Camila Nunes)


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Do Infomoney - Não chegou a ser uma surpresa, mas na última terça-feira o presidente da Oi (OIBR4), Zeinal Bava, confirmou sua renúncia ao cargo na companhia. Mais do que apenas uma mudança de líder, esta saída pode representar quase que uma revolução em todo sistema de telecomunicação brasileiro. Lembrando que Bava se retira do cargo em meio a rumores sobre uma compra da TIM (TIMP3) pela empresa, ou mesmo uma venda da Oi.

O executivo entrou na Oi há um ano e era considerado o homem que poderia "consertar" a empresa, principalmente porque carregava no currículo 4 prêmios seguidos de melhor CEO do setor de telecomunicações da Europa, levando à uma comparação com o jogador argentino Lionel Messi, que foi eleito 4 vezes o melhor jogador do mundo. Mas o "Messi das telecomunicações" não conseguiu sair da empresa com uma imagem tão boa.

Sua entrada na companhia coincidiu com o anúncio da fusão da Oi com a Portugal Telecom - empresa na qual Bava era presidente anteriormente -, com sinergias que podiam chegar a R$ 5,5 bilhões. Mas passado um ano de tudo isso, as incertezas continuam e até mesmo a fusão ainda corre risco de "melar", principalmente por rumores que indicam que o BTG Pactual estaria vendendo a PT, enquanto boatos indicam que a TIM pode comprar a Oi - ou o contrário.

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Esse momento de mudanças dentro da Oi também coincide com o cenário de consolidação das telecomunicações no Brasil e essa "confusão" com a TIM é parte importante disso tudo. Para o analista Walter Piecyk, da BTIG Research, Bava se retira da companhia deixando incertezas sobre quem será a pessoa que vai melhorar as operações da Oi no Brasil e ajudar a companhia a reduzir sua alavancagem, além de liderar um possível acordo com a TIM. "Acreditamos que a renúncia de Bava poderia pressionar ainda mais a indústria para descobrir como poderia ocorrer uma consolidação [das telecomunicações] no Brasil", diz o analista.

Essa linha de pensamento segue o que disse o presidente de uma das maiores acionistas da Oi, a Jereissati Participações, Fernando Portella, que afirmou ao jornal O Globo que uma reestruturação na companhia é a única saída para a operadora conseguir competir de forma igual com outras empresas no cenário nacional. Essa reestruturação estaria alinhada com o processo de consolidação do mercado de telecomunicações no Brasil, no qual a empresa quer ser protagonista.

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Imagem desgastada e os novos desafios
Bava, até pouco tempo, era "protegido" pelos acionistas da Oi, considerado por muitos o "salvador da pátria" na empresa. Porém, no meio desse ano, ele viu sua imagem ficar bastante desgastada após o calote de 897 milhões de euros que a Portugal Telecom levou da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo.

A Oi chegou a acusar a PT de não informar sobre este negócio, o que no fim acabou levando à uma mudança do acordo de fusão das duas empresas, com a participação da empresa portuguesa na "Nova Oi" sendo reduzida de 37,4% para 25,3%. Porém, toda a confusão acabou desgastando bastante a imagem de Bava dentro da empresa. Piecyk diz que é muito díficil acreditar que um executivo de alto escalão como ele não sabia deste negócio.

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A questão agora é sobre o futuro da empresa, que pode se envolver com a TIM em uma compra, venda ou até fusão entre as duas. Por enquanto a Oi colocou Bayard Gontijo, diretor de RI, como presidente da empresa, e a questão é se ele que vai ficar à frente dos negócios de uma possível venda para a TIM. Vale destacar porém, que ontem a companhia afirmou que não existe nenhuma análise em andamento para um negócio de compra da Oi.

Mas se a Oi não vai ser vendida, alguém teria que liderar uma investida na TIM, e o analista do BTIG não acredita que Gontijo será essa pessoa. Nomes começam a surgir e a principal questão é quem seria o executivo capaz de passar confiança suficiente para uma empresa tão endividada conseguir levantar o capital necessário para realizar uma operação como esta. Piecyk cita o ex-CEO da própria TIM, Luca Luciani, já que ele é bem visto pelos investidores, mas por enquanto o nome mais citado fica com o presidente da GVT - recém adquirida pela Telefonica -, Amos Genish.

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Em entrevista ao Globo, Portella também falou sobre este possível negócio entre as duas empresas. "Não tem consolidação [no Brasil] sem a Oi. A Oi é a quarta colocada [em telefonia móvel]. Se o terceiro [TIM] vai ser vendido, a consolidação só pode ocorrer entre os dois", disse. Por outro lado, o executivo não confirmou se essa consolidação ocorre com a Oi comprando a TIM, a TIM comprando a Oi ou se haverá uma fusão entre as duas empresas.

Hora de comprar ações?
O analista da BTIG destaca que durante todo o drama que envolveu a empresa no último ano, a recomendação sempre foi de evitar as ações da Oi, principalmente por causa da alta alavancagem e do "mau tratamento" dado aos acionistas minoritários. Por outro lado, Piecyk acredita no curto prazo os papéis podem ter uma forte alta com um possível novo nome para a presidência da empresa, além do negócio de compra da TIM, que em um primeiro momento pode ser animador.

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Apesar dessa visão até otimista, o BTIG decidiu não elevar sua recomendação para a companhia e listou 5 fatores para isso. O primeiro são os fundamentos ainda ruins e que tendem a piorar conforme ocorra a mudança da direção, ou seja, a confiança na empresa tende a demorar para voltar, mesmo que seja anunciado um nome conhecido do mercado.

Em segundo está a alavancagem de sua dívida, em 5 vezes, sendo que a empresa ainda deve queimar seu caixa. Além disso, o analista ressalta que o otimismo de potenciais sinergias resultantes de um novo negócio - provalmente com a TIM - poderia desaparecer rapidamente com a realidade da companhia na hora de precisar investir na rede para conseguir integrar esses ativos.

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Em quarto lugar, Piecyk fala que a empresa poderia diluir ainda mais os acionistas com outro aumento de capital para pagar a compra de uma parte da TIM. Por fim, ele também destaca que a ação da companhia é muito volátil e que um movimento repentino inesperado pode acontecer logo após um negócio, podendo levar os papéis para preços ainda menores dos atuais.

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