Cunha: SP é a chave da vitória na eleição

Segundo deputado João Paulo Cunha (PT-SP), para se ter uma ideia da importância do voto paulista para a candidata do PSB, Marina Silva, hoje quase um terço da sua intenção de voto nacional vem de São Paulo; portanto, é o estado berço dos petistas e tucanos que vem sustentando a condição de Marina rivalizar em pé de igualdade com a presidente Dilma Rousseff

Segundo deputado João Paulo Cunha (PT-SP), para se ter uma ideia da importância do voto paulista para a candidata do PSB, Marina Silva, hoje quase um terço da sua intenção de voto nacional vem de São Paulo; portanto, é o estado berço dos petistas e tucanos que vem sustentando a condição de Marina rivalizar em pé de igualdade com a presidente Dilma Rousseff
Segundo deputado João Paulo Cunha (PT-SP), para se ter uma ideia da importância do voto paulista para a candidata do PSB, Marina Silva, hoje quase um terço da sua intenção de voto nacional vem de São Paulo; portanto, é o estado berço dos petistas e tucanos que vem sustentando a condição de Marina rivalizar em pé de igualdade com a presidente Dilma Rousseff (Foto: Roberta Namour)


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247 – O deputado do PT João Paulo Cunha alerta que São Paulo é a chave da vitória nas eleições presidenciais. Segundo ele, é seu desempenho no estado que tem sustentando a condição de Marina Silva (PSB) de rivalizar em pé de igualdade com a presidente Dilma Rousseff. Leia:

São Paulo é a chave da vitória na eleição presidencial

Na mais acirrada eleição presidencial brasileira, desde o retorno das eleições diretas para presidente em 1989, o Estado de São Paulo apresenta-se hoje como um ponto de desequilíbrio, neste momento onde a disputa está polarizada entre Dilma e Marina. Segundo a última pesquisa do Datafolha, realizada nos dias 08 e 09 de setembro, enquanto Dilma lidera no Brasil com 36%, seguida de perto por Marina com 33%, no Estado de São Paulo é Marina que aparece com ampla vantagem, marcando 40% contra 26% de Dilma. (No Ibope realizado até 15 de setembro, no Brasil, Dilma tem 36%, Marina 30% e Aécio 19%).

A rigor, é este bom desempenho em São Paulo, maior colégio eleitoral do país com quase 32 milhões de eleitores, que representam 22,4% dos votos do país, que tem garantido a Marina a condição de polarizar a disputa contra Dilma. Para ter uma ideia da importância do voto paulista para a candidata do PSB, hoje quase um terço da sua intenção de voto nacional vem de São Paulo. Portanto, é o estado berço dos petistas e tucanos que vem sustentando a condição de Marina rivalizar em pé de igualdade com Dilma.

O peso político e eleitoral de São Paulo na disputa nacional é enorme. Seu eleitorado representa, por exemplo, a soma de todo a região Nordeste (38 milhões), menos o estado do Ceará. Ou então a soma dos eleitores de toda a região Sul (21 milhões) mais a região Norte (10.8 milhões) ou o Centro-Oeste (10.2 milhões). Sozinho São Paulo equivale a mais da metade do Sudeste que tem mais de 62 milhões de eleitores, representando 43,4% do total do eleitorado do Brasil.

Se para o PT não é novidade enfrentar dificuldades em São Paulo, jamais, em uma disputa presidencial, o partido esteve em situação tão desfavorável no estado. Pelos números de intenção de voto do citado Datafolha, Marina teria hoje quase 13 milhões de votos em São Paulo, mais de duas vezes e meia a votação de 4.8 milhões de votos que teve no estado no primeiro turno de 2010. Bem acima também da votação de Serra que ficou em primeiro lugar naquele ano em São Paulo com 9.5 milhões de votos. Mais ainda até do que o desempenho de Alckmin para presidente no primeiro turno de 2006, quando ficou a frente em São Paulo com uma votação de 11.9 milhões de votos.

Também segundo o mesmo Data-Folha, Dilma teria hoje em São Paulo mais de 8 milhões de votos. Números semelhantes a sua votação no estado no primeiro turno de 2010 quando obteve 8.7 milhões de votos, e a votação de Lula, em 2006, quando conquistou um pouco mais de 8 milhões de votos dos paulistas. Se a votação do PT no primeiro turno em São Paulo estaria perto dos números que conquistou nas duas últimas eleições presidenciais, o problema agora está na ampla vantagem, superior a 4 milhões de votos, que Marina poderia abrir sobre Dilma no estado. Quando no primeiro turno de 2010, Serra abriu uma vantagem sobre Dilma em São Paulo inferior a 800 mil votos, e em 2006, Alckmin superou Lula por pouco mais de 3.8 milhões de votos.

A explicação para estes números amplamente favoráveis a Marina em São Paulo passa pelo fato de que o candidato do PSDB foi desidratado no estado, marcando apenas 16% de intenção de votos, o que daria aproximadamente 5 milhões de votos, configurando o maior vexame dos tucanos em seu principal ninho. Assim, fica claro que a candidata do PSB entrou com força na base mais forte do PSDB, mais até que em todo o país, quando retirou aproximadamente um terço dos votos de Aécio Neves.

Os números favoráveis à Marina em São Paulo podem ser explicados, também, pelo fato do estado concentrar a maior e mais orgânica parte da elite econômica brasileira. É em São Paulo que se encontra a nata da liderança dos banqueiros, comerciantes e industriais, que tradicionalmente se alinham no campo liberal-conservador em oposição ao PT e seu ideário em defesa dos trabalhadores.

Outra possível explicação para o bom desempenho de Marina em São Paulo estaria no fato do Estado ter sido o centro das manifestações de junho de 2013. Movimento que se espalhou pelas maiores cidades do país, derrubando a aprovação dos governantes, em particular do governo federal. Capitaneada por uma juventude majoritariamente abastada, as manifestações do ano passado tiveram a marca de serem contra os partidos e a política brasileira. Essa mesma postura contra as instituições orienta a conduta de Marina, que, assim, foi a maior favorecida por este movimento.

Com base nestas considerações é possível afirmar que para o PT manter-se à frente do governo federal, deve melhorar o seu desempenho no estado de São Paulo, já no primeiro turno, reduzindo a grande vantagem a favor de Marina neste momento da disputa. É claro que também pode e deve compensar em outros estados e regiões, em particular no Nordeste.

A favor do PT pode-se dizer que as últimas pesquisas já apontam para uma pequena subida de Dilma e queda de Marina em São Paulo. Contudo, é preciso que este movimento se mantenha e se acentue de modo a garantir que Dilma não perca no estado para a candidata do PSB por uma larga margem de votos.

Profundo conhecedor da política e dos processos eleitorais, Lula já percebeu que o PT tem que melhorar seu desempenho em São Paulo e, por isso, convocou as principais lideranças petistas no estado para que se dediquem mais à disputa nacional e ao fortalecimento da campanha de Dilma entre os paulistas. Depois desta iniciativa de chacoalhar o PT em seu estado de origem, o próximo passo deve ser o de chamar o PMDB à sua responsabilidade, como principal parceiro na aliança, a partir do cargo de vice-presidente ocupado por Michel Temer. Neste contexto, não é politicamente admissível que o PMDB tenha no estado de São Paulo um candidato a governador que se recusa a pedir votos para Dilma.

Outro movimento que a campanha de Dilma deve fazer no estado é reconstruir e aprimorar a sua relação com uma parcela do setor produtivo da economia paulista, especialmente com a parte dos empresários que não se alinham ao discurso liberal. Este setor pode e deve ocupar um papel destacado para reduzir a rejeição ao PT e Dilma no estado.

Ao mesmo tempo a campanha do PT deve abrir um diálogo construtivo com todos os setores progressistas e de esquerda que atuam no estado, convidando esses grupos a participar da campanha, do programa e do governo de Dilma. Neste campo estão as lideranças dos partidos mais à esquerda como PSOL, PSTU e PCO, sindicalistas de todas as centrais sindicais e lideranças de entidades sociais e de movimentos populares. Mesmo que, neste momento, não haja correspondência aos acenos, esse gesto do PT já criaria as bases para num eventual segundo turno o eleitorado e a base desses setores e partidos ajudarem Dilma a derrotar o neoliberalismo, agora encarnado por Marina.

O PT deve também organizar e preparar os seus simpatizantes e militantes no estado de São Paulo para que possam se dedicar plenamente a essa reta final do primeiro turno da disputa presidencial. O principal argumento aqui deve ser as muitas realizações que o governo federal fez no Brasil e em particular no estado de São Paulo, com ações, investimentos e programas sociais que beneficiam milhões de paulistas. Deve também dialogar com Prefeitos dos mais diversos partidos que foram assistidos pelo governo federal destacando os principais programas e obras realizadas nas cidades e mostrando que a reeleição de Dilma fortalece a parceria que está mudando para melhor os municípios.

Neste contexto, está claro que um dos principais caminhos para que o PT possa sair vitorioso da disputa presidencial, é melhorar substancialmente o seu desempenho em São Paulo, reduzindo a ampla vantagem de intenção de votos que Marina tem hoje. Como no estado encontra-se um eleitorado mais esclarecido, deve surtir efeito aqui também o processo de desconstrução política da candidata do PSB. Se no Rio de Janeiro Dilma já virou e voltou a liderar a partir do debate esclarecido do pré-sal, o PT precisa agora encontrar os argumentos e fatos para que o eleitor paulista reoriente a sua intenção de voto.

Finalmente vale, como ponto de reflexão, uma avaliação sobre as consequências deste tipo de quadro de divisão eleitoral em uma Republica organizada sobre a forma de Federação. Poderíamos pensar em um embrião de divisão no país que afetaria a sua unidade. Ou seja: um presidente eleito tendo como base eleitoral fundamental o Estado mais rico e mais populoso e perdedor no restante do país. Ou o contrário: um presidente eleito com os votos da grande maioria dos estados do país e derrotado, com ampla margem de votos, no Estado que é o maior colégio eleitoral da federação. Extremando esse raciocínio admitiríamos, como uma possível consequência, que o eleito com base no Estado mais rico e populoso poderia desprestigiar o resto da Federação, ou que o eleito com os votos do restante do país não atenderia adequadamente o estado com mais eleitores.

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