Sakamoto: São Paulo ignora os que morrem no frio
Após lembrar a morte de um morador de rua por causa do frio na cidade de São Paulo, o jornalista Leonardo Sakamoto diz que, "para muitos, um morto após uma fria madrugada é apenas um estorvo a menos. Uma ajuda à faxina social que já ocorre, a conta-gotas, pelas mãos do Estado ou de agentes privados"
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SP 247 - "A comoção pelo incêndio e desabamento do prédio ocupado por sem-teto no Largo do Paissandu passou. Ao mesmo tempo, o frio deu as caras e, em uma triste ironia, as famílias que acampam ao lado dos escombros que já foram seu lar se viram como podem para se manterem aquecidas", escreve o jornalista Leonardo Sakamoto. "São Paulo teve a madrugada mais gelada do ano nesta segunda (21), com 8° Celsius de temperatura média. Um homem em situação de rua foi encontrado morto na avenida Rio Pequeno, Zona Oeste da cidade. A causa do óbito é desconhecida, mas a vítima estava sem agasalho ou cobertor", reforça.
De acordo com o jornalista, "para muitos, um morto após uma fria madrugada é apenas um estorvo a menos. Uma ajuda à faxina social que já ocorre, a conta-gotas, pelas mãos do Estado ou de agentes privados".
"Faxina que vem para acalmar 'cidadãos de bem' que não gostam de pessoas mal-cobertas por mantas velhas ferindo seu senso estético, têm horror a qualquer crítica à intocabilidade da propriedade privada e querem tomar um café quentinho em seu restaurante sem se lembrar que, por nossa inação e nossas opiniões mesquinhas, somos mais responsáveis pelo que acontece do lado de fora do que o clima", disse.
"As pessoas não morrem de frio na capital paulista, a bem da verdade. Nem por causa do fogo. Morrem de especulação imobiliária e da falta de políticas públicas de moradia e de atendimento assistencial", complementou.
Leia a íntegra do Blog do Sakamoto
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