Rejeição a Doria ameaça 24 anos de domínio do PSDB em São Paulo

O alto índice de rejeição a João Dória pode quebrar o monopólio que o PSDB exerce em São Paulo desde 1995; o partido, que elege governadores ininterruptamente no estado desde 1995, tem encontrado dificuldades para fazer com Doria caia no gosto do eleitor; "Ele [Dória] tem tentado levar adiante um trabalho de marketing mais para o interior de São Paulo, na tentativa de contornar essa rejeição que ele tem na capital. Pela primeira vez, essa hegemonia do PSDB está ameaçada", diz o cientista político Rafael Moreira

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Rute Pina, Brasil de FatoReduto tucano há mais de duas décadas, o estado de São Paulo tem, novamente, o PSDB à frente da disputa eleitoral, de acordo com as pesquisas de intenção de voto. No entanto, o alto índice de rejeição a João Dória pode quebrar o monopólio do partido. O candidato abandonou a prefeitura da capital paulista 15 meses após o início da gestão.

A avaliação é do pesquisador do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), Rafael Moreira. "Ele [Dória] tem tentado levar adiante um trabalho de marketing mais para o interior de São Paulo, na tentativa de contornar essa rejeição que ele tem na capital. Pela primeira vez, essa hegemonia do PSDB está ameaçada", diz.

Dória e Paulo Skaf (MDB), presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), estão tecnicamente empatados em primeiro lugar, segundo a pesquisa mais recente feita pelo Ibope, divulgada no dia 10 de setembro.

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Ambos candidatos de direita, Skaf aparece com 22% e Dória, com 21%. A rejeição ao tucano é 31% do eleitorado, enquanto a do emedebista, de 16%. Skaf foi um dos articuladores do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016, e da aprovação da reforma trabalhista em 2017.

O PSDB elege governadores no estado ininterruptamente desde a eleição de Mário Covas, que assumiu em 1995.

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Herança política

Moreira afirma que, mesmo com o desgaste político sofrido por todos os partidos no último período, o PSDB permanece forte no estado por conta do forte aparato herdado das últimas duas décadas.

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A sigla nasceu, em 1988, de um rompimento de setores paulistas do MDB — partido que monopolizou a força política no estado na década de 1980 e 1990, com os governos seguidos de Franco Montoro, Orestes Quércia e Luiz Antônio Fleury.

"Essa estrutura que o PSDB herda do MDB, sobretudo, no estado de São Paulo começa a fazer efeito. A rede de diretórios que o MDB tinha antigamente no estado grande parte passa para o PSDB. Você tendo uma estrutura dessa, que é capitalizada em todo o território do estado, facilita muito fazer uma campanha", explica o pesquisador.

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Um fator beneficia o partido e diminui a perda de eleitores, na opinião de Moreira, é a falta de cobertura de casos de corrupção no partido, sejam eles nacionais ou estaduais. "A sensação que se tem é que acontece uma certa blindagem no partido aqui no estado de São Paulo por alguns setores da imprensa".

O pesquisador afirma ainda que a candidatura de Márcio França (PSB), que aglutinou em sua base partidos da base dos tucanos, pode ter efeito negativo para o PSDB. Sua coligação, São Paulo Confia e Avança, é composta por 15 partidos.

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Atual governador, França tenta a reeleição após assumir o governo do estado quando Alckmin deixou o cargo para concorrer à presidência. Ele aparece com 8% das intenções de voto, de acordo com o Ibope. O candidato do PSB tenta se afastar da imagem de Alckmin. No entanto, o programa de governo repete iniciativas da gestão tucana.

Início de desgaste

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Para a socióloga Marisol Recaman, diretora da Oma Pesquisa, o PSDB já começa a dar sinais de fraqueza no estado mesmo liderando as pesquisas de intenção de votos.

Segundo ela, um dos fatores que mais colabora com a perda de prestígio do partido está a rejeição ao governo de Geraldo Alckmin que, segundo o Datafolha, saiu do cargo com apenas 36% de avaliações positivas.

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"Se não é a menor da história dele é uma das menores taxas de aprovação. Isso também colaborou para diminuir a grande preferência que o PSDB e seus políticos tinham aqui no estado. Ele continua sendo uma liderança forte, mas hoje é mais fraco do que já foi", pondera Recaman.

No entanto, os partidos de esquerda ainda têm dificuldades para alavancar candidaturas no estado. Entre eles, Luiz Marinho, do PT, é quem melhor aparece nas pesquisas, com 5% dos votos, também segundo o Ibope.

"Eu acho que tem um desafio para as candidaturas de esquerda, não só do Luiz Marinho, que é dialogar com esses eleitores menos conservadores de uma forma que apresente uma plataforma eleitoral de esquerda para o estado. Eu acho que tem uma dificuldade de traduzir para o estado uma plataforma programática com viabilidade e concretude nos projetos e propostas, mas do que uma disputa ideológica", pontua a socióloga.

Além dos candidatos mencionados, também são candidatos ao governo do estado: Marcelo Candido, do PDT; professora Lisete, do PSOL; Edson Dorta, do PCO; Major Costa e Silva, do DC; Prof. Claudio Fernando, do PMN; Rodrigo Tavares, do PRTB; Rogério Chequer, do Partido Novo; e Toninho Ferreira, do PSTU.

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