Cerca de 70 postos consulares no exterior amanhecem fechados
Filas já começam a se formar nas portas das embaixadas do Brasil pelo mundo, que aderiram à greve do Itamaraty por reajuste salarial. O verão europeu começa amanhã e as emissões de passaporte devem atrasar
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Roberta Namour – correspondente do 247 em Paris – Os telefones da embaixada do Brasil em Paris tocam insistentemente, pelo segundo dia consecutivo, sem resposta. A capital francesa faz parte dos 70 postos consulares no exterior que fecharam suas portas por conta da greve dos funcionários do Itamaraty – entre eles, o de Nova York, nos Estados Unidos, de Madri eRoma, na Europa, e Pequim e Cingapura, na Ásia. Na América Latina, as representações diplomáticas em Montevidéu e Buenos Aires também não estão funcionando.
Em Brasília, cerca de 250 funcionários estão sem trabalhar. O restante, mais 300 oficiais de Chancelaria e Assistentes de Chancelaria, estão no Rio de Janeiro para a Conferência Rio+20. Eles só devem se juntar ao movimento a partir da semana que vem.
A greve dos servidores do Ministério das Relações Exteriores, a primeira da história, não tem data para acabar. Os funcionários pedem equiparação salarial com o teto das carreiras de Estado. Pelas reivindicações, oficiais de Chancelaria teriam seus vencimentos elevados de R$ 6,3 mil para R$ 12,9 mil. Já os assistentes sairiam de um salário R$ 3,1 mil para R$ 5,8 mil. Entre os diplomatas, os vencimentos de funcionários em início de carreira subiriam de R$ 12,9 para R$ 13,6 mil. Já o salário final passaria de R$ 18,4 para R$ 19,6.
AIvana Vilela Lima, porta voz do SindItamaraty, que representa todas as categorias do chamado Serviço Exterior Brasileiro criticou a postura do ministério durante todo o processo de renegociação:
— Eles [Ministério do Planejamento] falam que estão negociando mas é da boca pra fora. Temos dois documentos protocolizados no ministério pedindo a abertura de negociação, e até agora eles não sinalizaram com nada, nem com marcação de reunião, conversa informal, não ouvimos absolutamente nada deles.
No entanto, o Ministério do Planejamento alegou ao 247 que o Sinditamaraty jamais pediu uma reunião para apresentar reivindicações da categoria. Um encontro entre as duas partes está previsto para o dia 28 de junho.
Enquanto isso, cidadãos pelo mundo fazem filas nas portas dos consulados. Não há outra alternativa de atendimento emergencial. O verão europeu começa amanhã, o que representa o pico anual do turismo e o aumento de pedidos para emissão de passaportes. Não poderia haver período mais crítico para os servidores cruzarem os braços.
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