Não vou de táxi

(Foto: Alex Solnik)


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O gênio que redigiu a lei da mordaça para os taxistas de São Paulo deve ser inimigo mortal do prefeito Haddad. Ele não quer que o Haddad se reeleja! O seu ibope já não é dos melhores, e então o gênio resolveu derrubar o ibope ainda mais impondo a censura nas conversas do motorista com o passageiro. Algo que nem a ditadura militar teve a ousadia de inventar. O próximo passo será a instalação de caixa preta para gravar todos os diálogos. Embora não haja referências a mandar o "infrator" para a Sibéria, o cala-boca é claro: o taxista deve "manter-se em silêncio ou dialogar nos temas manifestados pelo passageiro". Essa frase bastaria para caracterizar uma clara agressão à constituição, que garante a liberdade de expressão. Mas há mais. Mais adiante ela não diz explicitamente que é proibido falar de política, futebol e religião, os três assuntos principais de qualquer corrida de táxi, mas quase isso, no item VI: "Evitar polêmicas ou situações que provoquem estresse no passageiro em virtude de:

a. Paixões esportivas;
b. Convicções partidárias;
c. Fé e cultos religiosos;
d. Opções de comportamento pessoal;
e. Não tratar de problemas particulares, nem da categoria".

Na dúvida entre o que provoca ou não estresse o motorista vai preferir ficar na moita, é claro, e os primeiros prejudicados serão os jornalistas, pois os taxistas sempre foram os melhores termômetros de qualquer eleição porque conversam (ou conversavam) com passageiros de vários estratos sociais, profissões, idades, bairros. Era praticamente um pesquisador ambulante.

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Vai virar piada, eu acho, porque é risível, quem sabe o que deve ou não deve conversar são os dois interessados, o motorista e o passageiro, isso deve ter sido copiado de algum manual soviético escrito por um burocrata bêbado, mas, enquanto isso não acontecer vai somente piorar a opinião que os taxistas tinham do prefeito. E, se eles estão proibidos de falar mal dele no táxi, poderão fazê-lo no ponto de táxi, em sua casa, na padaria, na farmácia, na conversa com o vizinho. Ou seja: ou a prefeitura proíbe todo mundo de falar de política, futebol e religião em todos os lugares da cidade ou não vai adiantar de nada impor o silêncio somente dentro dos táxis. O feitiço vai virar contra o feiticeiro. É melhor revogar o feitiço rapidinho. E no mínimo puxar a orelha de quem escreveu esse atentado à democracia e à reeleição do prefeito.

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