Morreu um bravo



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Faleceu, no dia 24 de julho, aos 72 anos, um dos mais dedicados, destemidos e criativos militantes sociais deste país, o italiano Vito Giannotti, brasileiro de coração.

Era um revolucionário sem dogmas e preconceitos.

Quando abraçou a causa do socialismo, em sua pátria natal, soube dos kibutz israelenses e teve a esperança de que lá, no final dos anos 50, nascia um mundo novo.

continua após o anúncio

Arrumou suas malas e mudou-se para Israel, sem ter qualquer vínculo com o judaísmo.

Quebrou a cara. Decepcionou-se com o que viu e viveu. Rapidamente desistiu do sionismo, do qual passou a ser crítico implacável, procurando a encarnação de suas convicções socialistas em outras plagas.

continua após o anúncio

Resolveu, então, se juntar à epopéia latino-americana, mudando-se para o Brasil, empregando-se em uma metalúrgica e atuando no movimento sindical logo após o golpe militar de 1964.

Foi um dos grandes animadores da oposição sindical metalúrgica de São Paulo, nos anos 70 e 80.

continua após o anúncio

Dedicou-se especialmente à tarefa de educar o sindicalismo combativo para a tarefa da comunicação, pois considerava essa a principal ferramenta para radicalizar a consciência de classe e pavimentar o caminho ao socialismo.

Desde os anos 90, mudando-se de São Paulo para o Rio de Janeiro, liderou a constituição do Nucleo Piratininga de Comunicação (NPC), formidável experiência para o debate dos temas da informação e para a formação de animadores da luta social.

continua após o anúncio

Ao partir, Vito deixa um enorme legado, de histórias e instrumentos, ideias e iniciativas, além de muitos amigos e companheiros.

Eu o conheci há quase 35 anos, durante uma época na qual o sindicalismo comunista, ao qual me vinculava como jornalista, se contrapunha aos grupos fundadores do PT e da CUT, então em formação.

continua após o anúncio

Sorriso cativante, gestos largos, voz de barítono, Vito encantava até os adversários, que não perdiam a chance para um dedo de prosa, uma história bem contada ou uma acalorada discussão sobre os rumos do movimento operário.

Nos anos 90, quando eu dirigia uma editora de livros, ele me procurou para lançar seus primeiros textos. Eram obras sobre a história do sindicalismo, com críticas duríssimas às experiências que direta ou indiretamente tinham sido comandadas pelo PCB ou seus herdeiros.

continua após o anúncio

Eu já era filiado ao PT e me encantava a ironia do autor, que um dia me disse com indisfarçável triunfo: "publicar esses livros contigo é a certeza de que você vai ler o que escrevi e nunca mais andar com gente errada."

Vito sempre será exemplo, para as atuais e as futuras gerações. Um homem sem papas na língua, um bravo da luta de classes, um educador inigualável, um coração do tamanho de seu vozeirão.

continua após o anúncio

Morreu um camarada, um irmão inesquecível. A tristeza só não é maior que as lembranças do tanto que este tremendo italiano fez pelo bom combate.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247