O que o Brasil deve à direita?

O cientista político Emir Sader resgata "a experiência de mais de duas décadas de poder absoluto da direita no Brasil", durante a ditadura militar, e avalia que houve "destruição da democracia e a imposição de um modelo econômico que favorecia centralmente as grandes corporações"; ao falar sobre FHC, lembra que "essa nova fase da direita" trouxe a "estabilidade monetária – conseguida inicialmente, embora a inflação retornasse posteriormente –, sem políticas sociais que atacassem o problema central do país"; para ele, a volta da direita ao governo, hoje, tão batalhada por Aécio Neves, derrotado nas eleições de 2014, "seria uma restauração conservadora, tanto do ponto de vista do regime político, como das políticas econômicas, com seus duros reflexos no plano social"; leia a íntegra

O cientista político Emir Sader resgata "a experiência de mais de duas décadas de poder absoluto da direita no Brasil", durante a ditadura militar, e avalia que houve "destruição da democracia e a imposição de um modelo econômico que favorecia centralmente as grandes corporações"; ao falar sobre FHC, lembra que "essa nova fase da direita" trouxe a "estabilidade monetária – conseguida inicialmente, embora a inflação retornasse posteriormente –, sem políticas sociais que atacassem o problema central do país"; para ele, a volta da direita ao governo, hoje, tão batalhada por Aécio Neves, derrotado nas eleições de 2014, "seria uma restauração conservadora, tanto do ponto de vista do regime político, como das políticas econômicas, com seus duros reflexos no plano social"; leia a íntegra
O cientista político Emir Sader resgata "a experiência de mais de duas décadas de poder absoluto da direita no Brasil", durante a ditadura militar, e avalia que houve "destruição da democracia e a imposição de um modelo econômico que favorecia centralmente as grandes corporações"; ao falar sobre FHC, lembra que "essa nova fase da direita" trouxe a "estabilidade monetária – conseguida inicialmente, embora a inflação retornasse posteriormente –, sem políticas sociais que atacassem o problema central do país"; para ele, a volta da direita ao governo, hoje, tão batalhada por Aécio Neves, derrotado nas eleições de 2014, "seria uma restauração conservadora, tanto do ponto de vista do regime político, como das políticas econômicas, com seus duros reflexos no plano social"; leia a íntegra (Foto: Emir Sader)


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Poucas vezes se viu uma força política tão empenhada em conquistar o governo, depois de uma derrota eleitoral, como a que usa a direita brasileira desde já há mais de um ano. Impeachment, renúncia, golpe, Temer – sob qualquer forma, o que a anima e a unifica é a tentativa de derrubar o governo eleito.

É de se perguntar o que pretenderiam fazer com o país, caso retornassem ao governo, para que atuem com tanta fúria e com tanta pressa? Possuem fórmula mágica e imediata para recuperar o país da crise? Em que contribuições que deram ao país se baseiam para ambicionar tanto a voltar a dirigi-lo?

Em outro momento da nossa história recente, a direita assediou sistematicamente o poder, até conquistá-lo. O projeto começou com o retorno das tropas brasileiras da Itália, ao final da segunda guerra, quando, sob o comando de Golbery do Couto e Silva e de Humberto Castelo Branco, foi fundada a Escola Superior de Guerra. Munida da Doutrina de Segurança Nacional, a ESG começou a colocar em prática a estratégia dirigida pelos EUA na guerra fria, de conquista plena dos Estados, para transformá-los em quarteis generais na luta contra a "subversão comunista".

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Ao longo dos governos de Getúlio, de JK e de Jango, foram se desenvolvendo tentativas de golpe militar como via para se chegar ao poder, dadas as derrotas reiteradas dos seus candidatos nas eleições. Foram se articulando programa de governo até que, vitoriosa finalmente a estratégia, o golpe de 1964 pôde colocar em prática o projeto da direita brasileira, dispondo de todo o poder possível, por meio do governo das FFAA.

Aí a direita, mais além das promessas de "resgate da democracia do perigo da ditadura comunista", pôde demonstrar ao que vinha. Destruiu tudo o que havia de democrático no Brasil, impôs o arrocho salarial – com seu corolário de intervenção militar em todos os sindicatos -, promoveu a ideologia de segurança nacional como ideologia de Estado e governou de forma subordinada às politicas dos EUA, de quem cumpriu o papel de subimperialismo.

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A economia brasileira se modernizou, mas amputou o mercado interno de consumo popular da sua política econômica, com a concentração de renda impondo o eixo de exportação e consumo de luxo como os objetivos essenciais do modelo. O arrocho salarial foi o santo do "milagre econômico", que acentuou, como nunca, a desigualdade social no país.

A destruição da democracia e a imposição de um modelo econômico que favorecia centralmente as grandes corporações econômicas – que fizeram do Brasil o país mais desigual do continente mais desigual – foram as contribuições daquela experiência de mais de duas décadas de poder absoluto da direita no Brasil.

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Mais tarde, a derrota das eleições diretas permitiu que um novo bloco da direita, espelhado na presidência de José Sarney, apoiado numa aliança entre o velho e o novo, esgotasse o impulso democrático, abrindo caminho para que um "filhote da ditadura", Fernando Collor de Mello, colocasse em prática outro projeto da direita – o neoliberal. Que, cortado pela sua queda, foi retomado por FHC.

Que contribuições essa nova fase da direita no governo trouxe para o país? A estabilidade monetária – conseguida inicialmente, embora a inflação retornasse posteriormente –, sem políticas sociais que atacassem o problema central do país.

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A herança maldita recebida pelo Lula, de recessão profunda e prolongada, Estado desarticulado, sociedade fragmentada, endividamento 10 vezes maior, inflação de retorno, desigualdade aumentada, refletia os resultados daqueles governos.

Essas foram as contribuições que a direita trouxe para o país. E, pelos programas dos seus candidatos nas ultimas eleições, ambos com gurus de perfil neoliberal, não seria diferente do que foi o governo FHC, um retorno da direita ao governo – por mais que prometam manter as políticas sociais dos governos atuais.

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A ansiedade por desalojar o PT do governo é tal que agora a direita nem sequer menciona como trataria de superar a crise atual. Seu objetivo – por impeachment, golpe, Temer ou como seja – é apenas tirar o PT do governo e tentar impedir o sucesso de uma candidatura Lula.

Os governos da direita não trouxeram contribuições positivas ao país, nem do ponto de vista democrático, nem do econômico ou do social. O governo de Mauricio Macri, na Argentina, demonstra que, do que se trata para a direita do século XXI na América Latina, é de repor os grandes interesses econômicos no comando do governo, sem os contrapesos que um Estado nas mãos de governos com sensibilidade social representa. Seria uma restauração conservadora, tanto do ponto de vista do regime político, como das políticas econômicas, com seus duros reflexos no plano social. Esse é o ideal da direita brasileira no século XXI.

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