A guerra no triângulo das Bermudas do Congresso

Jornalista Paulo Moreira Leite, que em março afirmou que Dilma Rousseff, Rodrigo Janot e Eduardo Cunha formavam um triângulo das Bermudas, quando a presidente ainda não havia confirmado a recondução do procurador-geral da República ao cargo e o presidente da Câmara prometera transformar a vida da petista em um "inferno", destaca que "vivemos hoje o segundo movimento": "A liderança de Cunha está em rápida decomposição, o que abre a oportunidade para a formação de uma nova maioria no Congresso que tanto pode decidir pela abertura – ou não – do processo de impeachment. Essa é a disputa, agora. Os estudiosos dizem que a oposição necessita de 172 votos para virar o jogo"

Jornalista Paulo Moreira Leite, que em março afirmou que Dilma Rousseff, Rodrigo Janot e Eduardo Cunha formavam um triângulo das Bermudas, quando a presidente ainda não havia confirmado a recondução do procurador-geral da República ao cargo e o presidente da Câmara prometera transformar a vida da petista em um "inferno", destaca que "vivemos hoje o segundo movimento": "A liderança de Cunha está em rápida decomposição, o que abre a oportunidade para a formação de uma nova maioria no Congresso que tanto pode decidir pela abertura – ou não – do processo de impeachment. Essa é a disputa, agora. Os estudiosos dizem que a oposição necessita de 172 votos para virar o jogo"
Jornalista Paulo Moreira Leite, que em março afirmou que Dilma Rousseff, Rodrigo Janot e Eduardo Cunha formavam um triângulo das Bermudas, quando a presidente ainda não havia confirmado a recondução do procurador-geral da República ao cargo e o presidente da Câmara prometera transformar a vida da petista em um "inferno", destaca que "vivemos hoje o segundo movimento": "A liderança de Cunha está em rápida decomposição, o que abre a oportunidade para a formação de uma nova maioria no Congresso que tanto pode decidir pela abertura – ou não – do processo de impeachment. Essa é a disputa, agora. Os estudiosos dizem que a oposição necessita de 172 votos para virar o jogo" (Foto: Paulo Moreira Leite)


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O futuro irá esclarecer o significado político da denúncia de Rodrigo Janot contra Eduardo Cunha. Não vou discutir o mérito da acusação, baseada na delação premiada de um lobista, formulada em segunda versão. Na primeira, Cunha não aparecia. Na segunda, embolsou uma propina de R$ 5 milhões.

Em situações de crise, é bom não perder prioridades de vista. O ponto central, hoje, concentra-se na preservação do mandato de Dilma Rousseff, obtido com mais de 54 milhões de votos. Não é um governo que está em risco. É a democracia – e isso diz respeito a todos os brasileiros.

Eu sei disso, você sabe disso, a oposição também. Trabalha noite e dia para tirar a presidente do Planalto. Todas suas iniciativas têm essa finalidade.

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Inclusive quando Fernando Henrique Cardoso pede para a presidente renunciar, confirmando o típico costume da elite brasileira de defender  para os outros sacrifícios que jamais cogita para si. Quando o Real afundou, FHC pediu um socorro de US$ 40 bilhões para o tesouro dos Estados Unidos, pedalada internacional que lhe permitiu atravessar a reeleição sem deixar o eleitor perceber o que estava ocorrendo. Quarenta bilhões de dólares de pedalada, entendeu? Olha aí, TCU. 

Pode haver revolta contra a situação econômica. Pode-se fazer críticas à desarticulação política do governo.

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Mas não há legitimidade nos pedidos de afastamento da presidente. O que se tenta, hoje, é criar um ambiente político capaz de justificar um atalho para entregar a saída da crise brasileira e a construção de um novo pacto econômico e político, de longa duração, a um grupo que não recebeu mandato para isso. Daí o permanente, as tentativas de impugnação da vitória de Dilma de qualquer maneira.

Não é só um mandato de quatro anos está em jogo. É uma década, quem sabe duas. E é claro que quem fala de futuro também coloca em questão as mudanças ocorridas no passado recente.

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Por essa razão, 2015 é parecido, como encruzilhada histórica, com 1964. Lembra o que fizeram com as reformas de base, aprovadas pela maioria da população, em especial a reforma agrária? Nunca mais.

Os operadores políticos do PSDB, particularmente os aliados de Aécio, atuam em ritmo próprio, objetivos próprios, em relativa autonomia diante de grandes empresários que sempre foram sua bússola -- e até de setores imperiais que falam através do New York Times.

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A cada dia que passa renunciam a mais um prurido democrático, o que torna constrangedor reparar que o New York Times tem mais apreço pelas instituições brasileiras do que uma oposição que sempre pretendeu agir como aliada de Washington em nossa política interna.

(Lideranças do PT na Câmara me disseram ontem que lamentam que se dê tanta importância assim ao New York Times. Eu também preferia não ter chegado a esse ponto mas não é surpreendente. Se o país tivesse uma imprensa mais responsável, publicações como o NYT não teriam tanta credibilidade quando se pronunciam sobre uma questão importantíssima como o mandato da presidente do Brasil, vamos combinar. Na situação em que vivemos, pergunto: em vez do editorial de 2015, preferíamos as piadinhas em público de John Kennedy sobre João Goulart, que alimentavam a conspiração para derrubá-lo em 64?)

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Num texto publicado neste mesmo espaço, em maio, discuti a situação num texto chamado "Dilma, Janot e Cunha formam triângulo das Bermudas." Na época, Dilma ainda não havia confirmado a recondução de Janot – que ainda não fora escolhido em primeiro lugar na lista tríplice do Ministério Público -- mas já era possível enxergar os pontos principais da questão:  

"Dilma encontra-se no centro de um triângulo de interesses políticos e perspectivas de poder conflitantes. Estão envolvidos na mesma situação o próprio Janot e o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara de Deputados. Difícil imaginar uma ideia que possa agradar a todas as partes."

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Também lembrei que:

"ameaçado de ser degolado pelo PGR Rodrigo Janot nas investigações da Lava Jato, o evangélico Cunha já informou que irá transformar a vida de Dilma num “inferno” se ela usar de suas prerrogativas para manter o procurador por mais dois anos no cargo. Num país onde a oposição tem um núcleo de parlamentares que persegue uma oportunidade de pedir um processo de impeachment como se fossem caçadores de calça curta procurando borboletas na floresta, não é difícil imaginar o que ele quer dizer com isso."

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Nós vivemos hoje o segundo movimento. A liderança de Eduardo Cunha está em rápida decomposição, o que abre a oportunidade para a formação de uma nova maioria no Congresso que tanto pode decidir pela abertura – ou não – do processo de impeachment. Essa é a disputa, agora. Os estudiosos dizem que a oposição necessita de 172  votos para virar o jogo.

A verdadeira guerra começa agora. 

Em situações normais, prevalecem os princípios e garantias constitucionais. O esforço da oposição é colocar o debate em outro lugar.  

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