Cunha & Delcídio: de novo, dois tratamentos

“Quem acusa Delcídio do Amaral de fazer um plano para obstruir a Justiça, com base numa gravação que ainda precisa ser investigada e melhor esclarecida, não pode ficar de braços cruzados diante da reação de Eduardo Cunha para impedir que o Conselho de Ética examine seu caso”; é o que afirma o jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; segundo ele, os métodos de Cunha para "obstruir a Justiça" e livrar-se de uma cassação que parece inevitável estimulam um golpe que ameaça a própria democracia

“Quem acusa Delcídio do Amaral de fazer um plano para obstruir a Justiça, com base numa gravação que ainda precisa ser investigada e melhor esclarecida, não pode ficar de braços cruzados diante da reação de Eduardo Cunha para impedir que o Conselho de Ética examine seu caso”; é o que afirma o jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; segundo ele, os métodos de Cunha para "obstruir a Justiça" e livrar-se de uma cassação que parece inevitável estimulam um golpe que ameaça a própria democracia
“Quem acusa Delcídio do Amaral de fazer um plano para obstruir a Justiça, com base numa gravação que ainda precisa ser investigada e melhor esclarecida, não pode ficar de braços cruzados diante da reação de Eduardo Cunha para impedir que o Conselho de Ética examine seu caso”; é o que afirma o jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; segundo ele, os métodos de Cunha para "obstruir a Justiça" e livrar-se de uma cassação que parece inevitável estimulam um golpe que ameaça a própria democracia (Foto: Paulo Moreira Leite)


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      A disposição do PGR Rodrigo Janot em apresentar denúncia contra Delcídio do Amaral no Supremo Tribunal Federal leva a uma pergunta obrigatória: e Eduardo Cunha?

      Os jornais já trazem, hoje, que o senador -- preso no exercício do mandato, numa decisão vetada pela Constituição -- pode ser condenado a uma pena superior a quatro anos de prisão.

      Vamos combinar. Quem acusa Delcídio de fazer um plano para obstruir a Justiça, a partir de um episódio que ainda precisa ser investigado e esclarecido, não pode ficar de braços cruzados diante da reação de Eduardo Cunha decisão do Partido dos Trabalhadores em exigir que responda no Conselho de Ética pelas contas na Suíça. 

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      Não há como negar que o presidente da Câmara tornou-se um perigo público para a democracia e que sua forma de “ obstruir a Justiça” é muito mais grave do que uma promessa de mesada de R$ 50 000 para a família de um corrupto confesso como Nestor Cerveró, certo? Fuga para o Paraguai? Viagem de Falcon? 

      Se a acusação contra Delcídio se baseia numa gravação, sempre complicada, cujas circunstâncias ainda não foram totalmente esclarecidas, nem todas as dúvidas foram sanadas, a ação de Cunha fala por si.

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      Seu caso foi investigado em profundidade pelo ministério público, do Brasil e da Suíça. As conexões e ilegalidades estão estabelecidas. Várias testemunhas explicam a origem do dinheiro, contam casos, dão detalhes. Os fatos são coerentes. As contas secretas foram rastreadas e não há dúvida sobre sua origem. 

      Lembrando que a mais frequente das razões para se pedir a prisão preventiva de um cidadão é a ameaça a ordem pública, ninguém seria capaz de negar o alto nível de periculosidade assumido pelas ações de Eduardo Cunha. Você pode achar, erradamente em minha opinião, que há algum fundamento para se investigar a presidente.

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      Mas nenhuma pessoa pode negar que Eduardo Cunha só entrou em ação contra Dilma quando se tornou claro que esta era uma forma de tumultuar o exame de seu caso no Conselho de Ética. Ao fazer isso – mesmo que pudesse ter razão, o que não é o caso – ele está impedindo a Câmara e a Justiça de encontrar mais provas contra ele.

      O plano é confundir, adiar, atrasar, adiar de novo, de novo, de novo...para ver se alguma coisa muda na paisagem política. Será impossível pensar numa recompensa por serviços prestados pela manobra contra a presidente?

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      Delcídio foi preso e encarcerado. Até hoje, não foi ouvido por seus pares, questão que tem incomodado o senador João Alberto, presidente da Comissão de Ética do Senado, que já demonstrou interesse em convocar Delcídio para prestar depoimento quando seu caso for discutido. " Eu votei contra a prisão porque acho que ele tem o direito de defesa," diz João Alberto, um senador maranhense orgulhoso pela disposição em dizer o que pensa.

       "Já perdi votação em que eu era o único voto contra todos no plenário. Não me importei. No fim, um colega me abraçou e disse que eu tinha uma coragem que ele não teve."

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     João Alberto acha, por exemplo, que há pontos a favor de Delcídio. Um deles envolve a questão que muitos apontam como a mais grave da conversa gravada. . João Alberto recorda que, enquanto o senador disse que seria capaz de encontrar ministros do Supremo e convencê-los a dar um habeas corpus a Cerveró, os próprios juízes mencionados negaram peremptoriamente que essa conversa tenha ocorrido. "Essa negativa é boa para a defesa," diz João Alberto. " Mostra que o Delcídio não estava falando a verdade quando sugeriu que poderia ter influencia sobre o Supremo."

    Enquanto Delcídio cumpre um silêncio forçado, Cunha faz o que quer, diz o que quer, quando quer. Não acho que deva ser preso.

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    Só questiono por que as injustiças -- como uma prisão que não atende requisitos constitucionais -- sempre ocorrem contra um lado só. 

   

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