Impasse fiscal exige acordo político

"O recuo da CPMF foi correto pois,  diante do furor das reações, o governo estaria apenas cavando mais uma derrota política no Congresso. Mas sem os estimados R$ 80 bilhões que o tributo garantiria, não há como apresentar uma proposta sem déficit", diz a colunista Tereza Cruvinel, que prevê como consequência a perda do grau de investimento; segundo ela, "num país de elites responsáveis, teria chegado a hora do entendimento"; Tereza argumenta que caberá ao Congresso encontrar uma solução para o rombo fiscal; "Politicamente seria muito ruim para o governo entregar o abacaxi para o Congresso descascar mas talvez possa vir por este caminho a construção de uma saída fiscal, quem sabe em torno da própria CPMF"

"O recuo da CPMF foi correto pois,  diante do furor das reações, o governo estaria apenas cavando mais uma derrota política no Congresso. Mas sem os estimados R$ 80 bilhões que o tributo garantiria, não há como apresentar uma proposta sem déficit", diz a colunista Tereza Cruvinel, que prevê como consequência a perda do grau de investimento; segundo ela, "num país de elites responsáveis, teria chegado a hora do entendimento"; Tereza argumenta que caberá ao Congresso encontrar uma solução para o rombo fiscal; "Politicamente seria muito ruim para o governo entregar o abacaxi para o Congresso descascar mas talvez possa vir por este caminho a construção de uma saída fiscal, quem sabe em torno da própria CPMF"
"O recuo da CPMF foi correto pois,  diante do furor das reações, o governo estaria apenas cavando mais uma derrota política no Congresso. Mas sem os estimados R$ 80 bilhões que o tributo garantiria, não há como apresentar uma proposta sem déficit", diz a colunista Tereza Cruvinel, que prevê como consequência a perda do grau de investimento; segundo ela, "num país de elites responsáveis, teria chegado a hora do entendimento"; Tereza argumenta que caberá ao Congresso encontrar uma solução para o rombo fiscal; "Politicamente seria muito ruim para o governo entregar o abacaxi para o Congresso descascar mas talvez possa vir por este caminho a construção de uma saída fiscal, quem sabe em torno da própria CPMF" (Foto: Tereza Cruvinel)


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As reações à recriação da CPMF podem ter sido ditadas,  pelo menos em parte, mais pela forma do anúncio e não por seu real significado fiscal. Nas condições  políticas atuais, o governo não pode tirar propostas da algibeira sem antes negociá-las. Afora isso, o tributo sobre o cheque alcançaria universalmente os que mais podem com uma alíquota pequena diante do risco trazido por sua ausência: a perda do grau de investimento, caso o governo seja obrigado a enviar ao Congresso uma proposta orçamentária para 2016 com déficit fiscal.

Neste domingo, a presidente Dilma se reuniu com alguns de seus ministros para discutir exatamente o PLOA (projeto de lei orçamentária anual) que precisa ser apresentado ao Congresso até esta segunda-feira, 31 de agosto.   O recuo da CPMF foi correto pois,  diante do furor das reações, o governo estaria apenas cavando mais uma derrota política no Congresso. Mas sem os estimados R$ 80 bilhões que o tributo garantiria, não há como apresentar uma proposta sem déficit, ainda que descumprindo a promessa de um superávit de 0,7%.

Não há notícias da reunião, por ora, mas o impasse informa que, num país de elites responsáveis, teria chegado a hora do entendimento. As acusações e o jogo de culpas deveria ceder lugar à busca de soluções de interesse do país. Pois, como avisou o ministro Levy, consequências haverá (do orçamento deficitário, da perda eventual do grau de investimento e de outros aspectos da crise fiscal).

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Hoje mesmo o senador Romero Jucá (PMDB-RR) –  respeitado por seu preparo técnico e a capacidade de construir soluções (o que tem feito dele relator frequente de matérias complexas) – sugeriu que o Governo envie a proposta com o déficit e chame o Legislativo a construir uma solução. Esta é a hora que chega. A de um acordo político em torno do impasse fiscal.

Politicamente seria muito ruim para o governo entregar o abacaxi para o Congresso descascar mas talvez possa vir por este caminho a construção de uma saída fiscal, quem sabe em torno da própria CPMF.  Mas isso só aconteceria se houvesse uma ampla negociação entre os dois poderes e entre as diferentes forças políticas, incluindo a oposição.  Uma vez apresentada a proposta orçamentária deficitária, teria início uma concertação política em busca dos R$ 80 bilhões  O PMDB, partido de Romero, naturalmente seria o regente, tanto por ser majoritário no Senado, onde Renan Calheiros já coordena a chamada Agenda Brasil, como pelo fato de dominar a crucial Comissão Mista de Orçamento, presidida pela senadora Rose de Freitas.  Mas,  nesta altura da crise, há coisas bem mais graves em causa, para além da  disputa de protagonismo.

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Mas sobre tudo isso paira a pergunta: terão nossos líderes, nossas elites políticas, desprendimento bastante para distinguir o interesse nacional de seus interesses eleitorais e partidários? 

A palavra está com eles.

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