Sinais de jabuti na Zelotes

No despacho em que autorizou as ações realizadas pela PF na segunda (26), que incluíram buscas na empresa de Luís Claudio Lula da Silva, a juíza Regina Celia Ody Bernardes acrescentou uma determinação curiosa, que sugere uma interferência suspeita na condução da Operação Zelotes, aponta a colunista do 247 Tereza Cruvinel; a juíza determina que a autoridade policial informe o juízo acerca das providências tomadas para esclarecer em que circunstâncias ocorreu a visita do delegado da PF Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho ao investigado Fernando Cesar de Moreira Mesquita; "A ordem faz supor que a juíza suspeita de uma ação do referido policial em favor dos investigados", avalia Cruvinel

No despacho em que autorizou as ações realizadas pela PF na segunda (26), que incluíram buscas na empresa de Luís Claudio Lula da Silva, a juíza Regina Celia Ody Bernardes acrescentou uma determinação curiosa, que sugere uma interferência suspeita na condução da Operação Zelotes, aponta a colunista do 247 Tereza Cruvinel; a juíza determina que a autoridade policial informe o juízo acerca das providências tomadas para esclarecer em que circunstâncias ocorreu a visita do delegado da PF Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho ao investigado Fernando Cesar de Moreira Mesquita; "A ordem faz supor que a juíza suspeita de uma ação do referido policial em favor dos investigados", avalia Cruvinel
No despacho em que autorizou as ações realizadas pela PF na segunda (26), que incluíram buscas na empresa de Luís Claudio Lula da Silva, a juíza Regina Celia Ody Bernardes acrescentou uma determinação curiosa, que sugere uma interferência suspeita na condução da Operação Zelotes, aponta a colunista do 247 Tereza Cruvinel; a juíza determina que a autoridade policial informe o juízo acerca das providências tomadas para esclarecer em que circunstâncias ocorreu a visita do delegado da PF Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho ao investigado Fernando Cesar de Moreira Mesquita; "A ordem faz supor que a juíza suspeita de uma ação do referido policial em favor dos investigados", avalia Cruvinel (Foto: Tereza Cruvinel)


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No despacho em que autorizou as ações realizadas na segunda-feira pela Polícia Federal, que incluíram a busca e apreensão na empresa de Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, a juíza Regina Celia Ody Bernardes acrescentou uma determinação no mínimo curiosa, que sugere uma interferência suspeita na condução da Operação Zelotes. “Estou convencido de que tem um jabuti aí. Não sei quem colocou mas trata-se obviamente de um jabuti destinado a atingir o PT e o presidente Lula”, diz o deputado petista Paulo Pimenta.

O que a juíza diz em seu despacho, é o seguinte: “Determino que a autoridade policial providencie vista dos autos ao MPF para que possa acompanhar as medidas ora deferidas e também para que informe o juízo acerca das providências tomadas para esclarecer em que circunstâncias ocorreu a visita realizada por Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho, delegado da Policia Federal que já atuou no Núcleo de Inteligência Policial, ao investigado Fernando Cesar de Moreira Mesquita; e o fato de ter sido encontrado na residência do investigado Alexandre Paes dos Santos relatório de Inteligência Policial da Policia Federal...”.

A ordem faz supor que a juíza suspeita de uma ação do referido policial em favor dos investigados, inclusive com entrega de relatório da PF ao lobista Alexandre Paes dos Santos. 

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Mais curiosas, entretanto, são as conexões políticas do referido delegado Reinaldo de Almeida, atualmente lotado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Logo, ele pode bem representar uma mão longa da Operação Lava Jato sobre a Operação Zelotes.

Mais ainda. Reinaldo foi o primeiro secretário de segurança pública do governo do tucano Beto Richa no Paraná. Quando foi nomeado, em 2011, a revista Época publicou reportagem assinado por Murilo Ramos e Leonel Rocha apontando indícios de que ele teria sido indicado por ninguém menos que o bicheiro Carlinhos Cachoeira, então interessado em expandir seus negócios para o Paraná. Reinaldo também já respondeu a ação por desvio de recursos da prefeitura de Ponta Grossa mas o que importa aqui é sua participação na Zelotes, uma operação conduzida pela Superintendência de Brasília, sendo ele lotado em Curitiba.

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O procurador  encarregado das investigações sobre o mega-esquema de sonegação de impostos montado dentro do CARF é Frederico Paiva. Parlamentares da CPI do CARF do Senado dizem ter recebido informações de que as investigações sobre suposta “compra de MPs” vêm sendo conduzidas por outra equipe de procuradores e policiais federais, e não pela equipe inicial da Zelotes,  que desvendou o esquema o CARF.  Ou seja, a Zelotes tornou-se algo como uma “barriga de aluguel” para outra operação, em que os alvos são políticos e claros. De comum, apenas o fato de que a empresa Marcondes e Mautoni é ligado à SGR, uma das empresas do esquema tributário.

A investigação sobre MPS que prorrogaram benefícios fiscais para montadoras instaladas no Norte/Nordeste/Centro Oeste é que transformaram em alvos o ex-ministro Gilberto Carvalho e o filho de Lula, que recebeu recursos de uma empresa ligada às montadoras em pagamento, segundo seu advogado, de serviços de marketing esportivo,  prestados e comprováveis.

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A partir desta nova vertente a Zelotes transfigurou-se. De repente, saíram do radar os milhões em propinas pagos a um grupo de empresas de consultoria que, subornando conselheiros do CARF, obtinha sentenças reduzindo ou suprimindo dívidas tributárias que chegariam a quase R$ 20 bilhões. Três vezes as perdas estimadas da Petrobrás com o tal petrolão.  De repente, a Zelotes passou a existir para descobrir se nos governos Lula e Dilma alguém recebeu vantagens indevidas para que duas MPs fossem assinadas.  Todos são iguais perante a lei e podem ser investigados mas a seletividade e a orientação política são evidentes. A diferença entre os pesos e medidas também. Nenhuma das 26 prisões pedidas pela Zelotes, relacionadas com o roubo de impostos, foi autorizada pela justiça. Nenhuma empresa investigada pela Zelotes original e nenhum dos funcionários ou conselheiros suspeitos teve seus sigilos quebrados. Gilberto e Luis Cláudio sim.

A transfiguração da Zelotes foi também objeto de artigo de Marco Aurélio Garcia publicado ontem, inclusive aqui no 247, em que ele faz candente defesa de Gilberto Carvalho e condenação da justiça de exceção que vai ganhando terreno no Brasil. Arremata perguntando: “E, antes que me esqueça, quando virá a verdadeira lista dos corruptos e corruptores que a OPERAÇÃO ZELOTES se propôs investigar? Os 21 bilhões de reais bem que ajudariam a diminuir nosso déficit fiscal”.

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