Por que Temer não demite Derziê, operador do Caixagate

Colunista do 247 Tereza Cruvinel explica os motivos que fazem Michel Temer manter Derziê Sant'Anna no cargo de vice-diretor da Caixa, apesar das evidências apontadas pela operação "Cui Bono?", da Polícia Federal, de que era o operador do esquema criminoso, montado por Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima; "Mantendo Derziê no cargo, bem como a substituta de Fabio Cleto na vice-presidência de fundos e loterias, Deusdina dos Reis Pereira, Temer preserva o funcionamento de um dos esquemas de corrupção mais poderosos montados pelo PMDB em troca do apoio ao governo Dilma"

Colunista do 247 Tereza Cruvinel explica os motivos que fazem Michel Temer manter Derziê Sant'Anna no cargo de vice-diretor da Caixa, apesar das evidências apontadas pela operação "Cui Bono?", da Polícia Federal, de que era o operador do esquema criminoso, montado por Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima; "Mantendo Derziê no cargo, bem como a substituta de Fabio Cleto na vice-presidência de fundos e loterias, Deusdina dos Reis Pereira, Temer preserva o funcionamento de um dos esquemas de corrupção mais poderosos montados pelo PMDB em troca do apoio ao governo Dilma"
Colunista do 247 Tereza Cruvinel explica os motivos que fazem Michel Temer manter Derziê Sant'Anna no cargo de vice-diretor da Caixa, apesar das evidências apontadas pela operação "Cui Bono?", da Polícia Federal, de que era o operador do esquema criminoso, montado por Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima; "Mantendo Derziê no cargo, bem como a substituta de Fabio Cleto na vice-presidência de fundos e loterias, Deusdina dos Reis Pereira, Temer preserva o funcionamento de um dos esquemas de corrupção mais poderosos montados pelo PMDB em troca do apoio ao governo Dilma" (Foto: Tereza Cruvinel)


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Derziê Sant'Anna é um homem tão precioso para a cleptocracia peemedebista que segue firme no cargo de vice-diretor da CEF, apesar das evidências apontadas pela operação Cui Bono?, da Polícia Federal, de que era o operador do esquema criminoso, montado por Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, que cobrava propinas para liberar grandes empréstimos na Caixa. Mantendo Derziê no cargo, bem como a substituta de Fabio Cleto na vice-presidência de fundos e loterias,  Deusdina dos Reis Pereira, Temer preserva o funcionamento de um dos esquemas de corrupção mais poderosos montados pelo PMDB em troca do apoio ao governo Dilma.

Derziê era um ilustre desconhecido até abril do ano passado quando foi demitido por Dilma, pouco antes da votação do pedido de impeachment pela Câmara, sob o comando de Cunha, que  o indicara  para a vice-diretoria de Pessoa Jurídica da Caixa. Em dezembro ela já havia exonerado Geddel Vieira Lima da vice-presidência desta área, justamente a que lida com as empresas privadas interessadas em acesso a créditos e investimentos da Caixa. Dilma sabia o que fazia, pois Derziê fora pivô de um dos primeiros conflitos de seu gabinete com o vice-presidente Michel Temer.  Numa evidência de que Derziê era próximo não apena de Geddel e de Cunha, em 2015 Temer o requisitou como auxiliar quando assumiu a coordenação política de Dilma. Como é que um técnico em finanças e gestão bancária  poderia ajudá-lo na articulação política com o Congresso, uma atividade bem diversa da que sempre desempenhou? As investigações levantam a suspeita de que Derziê foi para o Planalto para gerenciar, no grupo de Temer, a oferta de favores a parlamentares no âmbito da Caixa. Nesta altura, Temer o PMDB já tramavam derrubar o governo e tratavam de cevar uma maioria aliada no Congresso. Ninguém sabe o que Derziê fez no Planalto mas é certo que, quando Temer começou a entrar na conspiração, emburrou com Dilma e devolveu a coordenação política, ele quis brigou pela volta de Derziê ao mesmo posto que ocupava na CEF. O então chefe do gabinete civil, Aloizio Mercadante, reagiu e buscou a indicação de outro peemedebista através do líder Leonardo Picciani, que então apoiava o governo. Não teve jeito. Temer bateu pé e Derziê voltou ao mesmo cargo onde atuava em dobradinha com Geddel.

Em abril do ano passado, com Michel e o PMDB já rompidos com o governo e o processo de impeachment em curso, Dilma demitiu Derziê. Veio o golpe, Temer assumiu a presidência e imediatamente renomeou Derziê. Agora, estava tudo bem. O PMDB ia mandar e roubar sem intermediários.

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Mas a partir de sexta-feira, com as revelações da Cui Bono, Temer deveria ter exonerado Derziê se seu governo não fosse tão vulgar, descomprometido até mesmo com a manutenção das aparências. As gravações não deixam dúvidas sobre a participação de Derziê no esquema da CEF. Ele é quem liberava os créditos que eram previamente acertados por Cunha-Geddel com empresários, como é o caso do Grupo Constantino/Gol. Temer não demite Derziê porque ele é precioso demais para a cleptocracia no poder. E porque sabe demais.

Tão precioso, pelo que ainda faz e pelo que sabe,  quanto foi Fabio Cleto, demitido por Dilma da diretoria de Fundos e Loterias da CEF em dezembro de 2015, dois dias depois de Eduardo Cunha ter acolhido o pedido de impeachment. Ele também fora indicado por Cunha. Depois foi flagrado pela Operação Catilinárias, fez um acordo de delação premiada e entregou Lucio Funaro como gestor (recolhimento, lavagem e distribuição) das propinas levantadas pelo grupo PMDB. Funaro está preso e não fez delação. Diz-se que está disposto a aguentar na prisão até obter alguma forma de liberdade para desfrutar dos recursos que entesourou e não chegou a distribuir aos sócios do esquema.   Era sua diretoria que aprovava os pleitos de empresas interessadas nos recursos do FI-FGTS, o Fundo de investimentos com os recursos dos trabalhadores.

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Demitido, Cleto foi substituído por Deusdina dos Reis Pereira, que seguiu atuando em fina sintonia com Cunha, Geddel e...Michel.  Ela era interina mas foi efetivada quando Temer assumiu a presidência depois do golpe.  Se a vulgaridade moral do governo não fosse tão grande, Deusdina também já estaria demitida.

Na sexta-feira, a operação Cui Bono? Ainda rendeu um bom noticiário. Mas no final de semana, com o novo banho de sangue, agora em presídio do Rio Grande do Norte,  a mídia tirou o foco do Caixagate, que já vem sendo tratado lateralmente, sem o destaque que  a gravidade dos fatos exige.

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