A insuportável força de Lula

O nível de virulência dos ataques da mídia brasileira contra Lula e seu legado indica um estado/estágio eleitoral. Em se tratando de Lula e do PT uma denuncia é necessariamente uma reação política. Neste sentido e conforme se verifica, Lula ainda é importante para a direita brasileira



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Em todos os levantamentos (eu disse todos!), pesquisas e medições eleitorais para o pleito de 2018, o ex-presidente Lula é franco favorito. Mesmo em levantamentos encomendados pelo PSDB indicam com clareza cristalina que, em se mantendo a atual tendência político-eleitoral, o Brasil será, de novo, governado pelo "presidente caboclo".

Nada pior para o demo-tucanato, afinal no último ano os laboratórios da direita ensaiaram de um tudo em seus longos e malcheirosos tubos de ensaio político-jurídico-midiático.

Da criminalização de ministros; passando pela hostilização pública de quadros do PT; por ataques ferozes a dignidade de técnicos do governo; pela toma do poder, é claro, por meio de quarteladas típicas de republiquetas de bananas; pelo levante nazifascista-tupiniquim e bem boboca; pelo "pastelão requentado" do triplex do "é não é" dos Lula da Silva; até ao cômico da "canoa", de fato... Não faltou nada.

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Com um pouco mais de leitura histórica do país, com algum entendimento do processo da formação sócio-política do Brasil passaremos a entender que a luta de classes sempre foi uma constante na vida da "sociedade" brasileira; desta ou daquela forma, a diferença entre ricos e pobres não nos passou incólume. Sempre foi um elemento balizador das práticas, condutas, ações e procedimentos sociais no país.

É que os pobres se sabem pobres, mesmo com toda a parafernália ideológica que rouba iniciativas sociais e populares em torno da ação política coletiva, inteligentemente concebida e desenvolvida, ainda assim... Os pobres se sabem pobres e mais... Sempre se souberam pobres.

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E vemos isso no cotidiano; em suas eternas brincadeiras sobre a própria condição; com seus arremedos de ricos, inclusive, bem presentes nas redes sociais; as imitações jocosas e sarcásticas a partir do consumo dos mais ricos e abastados. Tudo isso é, de alguma forma, a expressão, evidentemente, pelo humor, do reconhecimento da própria condição em que o mesmo pobre se encontra, em que se acha.

Não... Isso não é detalhe; não é filigrana antropológica ou; miudeza comportamental. Se saber pobre em um país como o Brasil altera condutas individuais e coletivas, instabiliza sociabilidades, gera sentimentalidades, passionalidades e relativiza desvios e absurdos corriqueiros e esta percepção gera convergência, alguma unidade e mesmo possibilidades políticas para a esquerda, mas não só para a esquerda... A direita também e, sobretudo, sabe se aproveitar e muito bem disso.

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É nessa circunscrição de eventos, fatos e processos que a figura do nordestino Lula se sobressai. Ele, retirante e maltratado pela vida, sobretudo, pela vida imposta pela "malvada" gente do sudeste, sobretudo, de São Paulo.

Lula sobreviveu! Sobreviveu a seca das caatingas nordestinas; a seca do choque cultural de estar em uma muito "estranha" vida paulista; a seca humana e moral da ditadura; a seca dolorosa e afetiva da perda da mãe; as secas ríspidas e enfadonhas das lutas partidárias; as secas eleitorais que o tornaram em um "piscar de olhos" em criminoso sem crime, em farsante sem farsa e em traidor sem traição.

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Muito estranho! Lula é de longe, o mais enigmático personagem político da história brasileira. Não há ninguém que o alcance em mistério e complexidade.

As guerras contra as secas de sua descomunal vida continuam firmes e cerradas e agora, conforme verificamos, está peleja é por manter-se de pé, vivo e portador da própria história. Por todos os flancos avançam as forças da própria reação brasileira e que em combate assimétrico e pavorosamente desproporcional opera por desconstruir uma das principais lideranças vivas da esquerda latino-americana contemporânea.

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A luta de Lula é, desta vez, por sua história. Não é por fazê-la... Ela já está feita, mas é por manter sua história consigo, com o brilho e a dignidade que o povo lhe conferiu. De algum modo, esta luta é também a própria luta do povo.

PS.: O nível de virulência dos ataques da mídia brasileira contra Lula e seu legado indica um estado/estágio eleitoral. Em se tratando de Lula e do PT uma denuncia é necessariamente uma reação política. Neste sentido e conforme se verifica, Lula ainda é importante para a direita brasileira.

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