A ponte e o futuro

Entendi que a "ponte" mais do que um documento da reafirmação conservadora, dos seus princípios e de sua lógica de funcionamento é mecanismo que opera para exatamente isso aí e que estamos assistindo. A liberação de Temer, por fim, está de algum modo, contida na "ponte"

Temer
Temer (Foto: Ângelo Cavalcante)


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Primeiro desponta uma indignação com gosto de fel; uma ira que dilacera o ser em mil pedaços; mas é preciso recompor a essência, re-estabelecer o juízo e reconstruir o pouco do que sobrou de harmonia pessoal e interior.

O ocorrido quando Gilmar Mendes do alto do seu glamour (é impressionante!), cínico e ensandecido, liberou Michel Temer (PMDB) de seus crimes, aliás, crimes eleitorais de longa data; que não envolvem somente a babel da Odebrecht ou da JBS; e é gentil recordar que não por acaso, Temer é todo negativado no TRE de São Paulo. Não é criminoso recente... É vício que reincide, que se afirma na certeza do gozo da impunidade! Então... O que fora apetecido ontem,09/06/2017, no plenário do TSE é destes acontecimentos catárticos que nos revira do avesso. É como se virássemos um daqueles personagens da Guernica, de Pablo Picasso. A boca desce para o pescoço; os olhos reviram; o queixo vai para o umbigo e passamos a ser o que não somos. É essa a primeira impressão!

Em seguida, como deve ser, a razão precisa ocupar seu lugar no centro de nossa frágil e breve existência para em seguida e, quem sabe, identificarmos o que se passa como expressão de um passado recentemente acontecido e suas consequências nada alentadoras, para o que está por vir.

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Tive que recordar do principal documento a nortear esse governo, o assim denominado "Ponte para o futuro". Um ajuntado contraditório e intelectualmente débil de abstrações e categorias e que nada diz ou propõe a não ser, a reafirmação do velho pacto das elites em manter elite quem é de elite e assegurar o povão na condição de povão mais massificado, aviltado e embrutecido ainda e deixado à própria sorte das "leis de mercado". Imaginem isso?

Entendi que a "ponte" mais do que um documento da reafirmação conservadora, dos seus princípios e de sua lógica de funcionamento é mecanismo que opera para exatamente isso aí e que estamos assistindo. A liberação de Temer, por fim, está de algum modo, contida na "ponte"; esse desânimo e descrença para com o judiciário, igualmente; a apatia que toda a sociedade está nutrindo pela política é a contra-indicação essencial para o que está por vir.

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O que é uma crença se não há fé? Um mestre que não tem o respeito dos seus alunos? Um pai ou mãe que não tem a afeição dos filhos? Uma autoridade que não possui reconhecimento público? Que não existe como força simbólica a orientar rumos? Para que serve? Como irá operar? Somente pelos negativos da coerção? Mesmo o prevalecimento da força apresenta limites de eficácia. Em dada altura é preciso o dialogo, o entendimento, a parceria, a ideia partilhada e combinada. Não há outro caminho... Líderes precisam entrar em cena para conduzir os processos sociais da forma mais adequada e justa.

O que este intrincado jus-político está cerzindo é ruptura institucionalizada como condição a ser efetivada entre governanças e o conjunto da população. O que está se formatando é um muito original relacionado, todo ele inaudível, estéril e insensível, a ser estabelecido entre povo e poder de tal maneira que intercâmbios sociais, políticos e econômicos historicamente firmados entre sociedade civil e Estado estão sendo bloqueados e garantindo vida e atividade por conseguinte, para uma cultura política estatal descolada, mais ainda, da efervescência do mundo do povo.

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Não pode haver povo para o que está por vir; para as tramoias econômicas encetadas e; de verdade, não pode haver nada pior do que essa excrescência e que as elites estão erigindo; é coisa, um "frankenstein político-governamental"; um autômato, uma aberração ensimesmada e por fim, integralmente habilitada às proezas e reinações de uma casta política e econômica que se acha liberal e; que, como se bem sabe, não pode existir sem predar estruturas sociais e públicas; sem parasitar em um Estado já carcomido pelo "habitus" dependentista e criminoso dos poderosos do país.

A "ponte" re-cultura a política nacional; é investimento a curto, médio e longo prazo. No seu "curto", reconheçamos que já é empreendimento efetivado quase que integralmente; no seu "médio", muito de seu intento já está devidamente conferido e; para o seu "longo" e que tem por base o aprofundamento definitivo e consolidado do seccionamento sociedade civil/Estado, sobretudo, para a partilha do produto social e nacional, existem variáveis e incertezas (felizmente!) que nos permite suspiros importantes.

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Inventar a unidade povo/Estado é dever do melhor das forças sociais. De outro modo, nos cem anos da grandiosa Revolução Russa, a história nos ensina que povo pra valer e dando forma ao melhor de suas potencialidades... Só com governo popular, afora isso, as elites se lançam a inventar "pontes" que o leva do "nada" ao "lugar algum".

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