Cai a máscara: o vice é um golpista de quinta

Mais do que lealdade  institucional à presidenta, o que se exige de um vice-presidente da República é respeito às leis e ao regime democrático

 MichelTemer
 MichelTemer (Foto: Bepe Damasco)


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Estatura moral e política não se compra na esquina. E nada melhor do que  uma reles expectativa de poder, por mais ilegítima que seja, para se conhecer os meandros da alma de um político. Septuagenário e professor de direito constitucional, o vice-presidente da República tinha a obrigação de saber que fica feio criar pretextos pueris para justificar a ruptura da ordem constitucional.
 
Primeiro o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, ligado a Temer, deixa o governo, em clara sinalização de que o vice flertava fortemente com o movimento pela destruição da democracia. Na sequência, Temer dá início a um périplo de conversas com tucanos de alta plumagem visando, pasmem, traçar planos para um eventual governo seu.
 
Se tivesse apreço pela Constituição que jurou defender, Temer não hesitaria em rechaçar o golpe logo  que Eduardo Cunha, o maior meliante do mundo político, acatou um dos pedidos de impeachment. 
 
As coisas não podem se misturar. Temer tem todo o direito de não gostar da presidenta, de não se sentir prestigiado por ela. Alimentar mágoas provocadas pela convicção de que não goza da confiança de Dilma também é natural e, sobretudo, humano. Contudo, nada disso justifica sua adesão à aventura irresponsável do golpe.
 
Mais do que lealdade  institucional à presidenta, o que se exige de um vice-presidente da República é respeito às leis e ao regime democrático. Como lhe falta coragem para assumir publicamente que conspira junto com os verdugos da democracia, Temer apela para subterfúgios e platitudes do tipo "espero quer o país sai pacificado disso tudo" ou "vou me curvar à vontade da maioria do meu partido."
 
No melhor estilo camaleão, Temer troca uma conversa olhos nos olhos com a presidenta por  uma cartinha, cujo tom e conteúdo  ficariam melhor caso fossem da lavra de um colegial.  E pior : no afã de alimentar uma rede de intrigas que possa afastá-lo de qualquer compromisso com a presidenta, reclama do vazamento do teor da missiva.
 
E ainda divulga a íntegra da carta para constranger Dilma e, de quebra, tentar garimpar uns votinhos a favor do golpe entre seus correligionários. Mas alto lá. Qualquer cidadão com mais de dois neurônios sabe a quem interessa o vazamento. 
 
Para os combatentes da causa democrática que  se exasperam com o papelão do vice, cabe uma lembrança : a pior fase do governo Dilma coincide justamente com o  período em que Temer era o responsável pela articulação política junto ao Congresso Nacional. Após  uma sucessão de derrotas acachapantes, ele deixou o cargo. A verdade é que sua ascendência sobre deputados e senadores do seu partido é pouco relevante.
 
Depois da derrota do impeachment, a Temer não restará outro caminho que não seja a renúncia. Até lá quem sabe ele responda a Ciro Gomes, que, além de apontá-lo como o "capitão do golpe", denunciou em recente entrevista suas "estreitas" ligações com Eduardo Cunha.

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