Democracia brasileira: o gozo sadomasoquista

Os representados imaginam tacitamente que detêm a força autossuficiente para promover a sua própria vontade, contudo desconhecem, ainda hoje, que continuam "súditos-cordeiros" sutilmente violentados pelos assaltantes do poder representativo



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A democracia representativa caducou! Há muito tempo... Para perceber o esgotamento da representação, não apenas no campo político de Estado e de governo, assim como nas instituições e grupelhos, basta focar o "olhar" na História e os "ouvidos" em nossa sociedade contemporânea para "ver e escutar" a falácia do poder representativo.

Pode-se dizer que o desejo do cidadão de ser representado pelos ditos políticos representantes é histórico e cultural, e, de forma diretamente proporcional, o desejo de ser representante dos representados é a outra face da mesma moeda. Ambos, representantes e representados, assentam-se verticalmente no mesmo solo subjetivo do poder; os primeiros relacionados ao poder positivo de soberania autoritária; os segundos, ao poder negativo de súditos em posições de "cordeiros diante do pastor".

Tanto representantes quanto representados detêm o poder, assentidos pelo instrumento regulatório do "voto cidadão", modelo legislativo jurídico de Estado para legitimar esse dúbio poder nas democracias representativas. Embora já se saiba, claramente, como ocorreu no Brasil em 2016, a violação desse "instrumental cidadão" ao golpearem as regras democráticas sem embasamento legal com a deposição sumária da presidente eleita, Sra. Dilma Rousseff, a partir do forjamento midiático induzido. Ou seja, sendo assim, os representados imaginam tacitamente que detêm a força autossuficiente para promover a sua própria vontade, contudo desconhecem, ainda hoje, que continuam "súditos-cordeiros" sutilmente violentados pelos assaltantes do poder representativo.

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Complexa a situação aonde se chegou o país: de um lado, os cinquenta e quatro milhões de votos legítimos dados pelos representados a representante, senhora presidente Dilma Rousseff, em 2014; de outro, poucos milhões esgarniçando-se nas ruas sob à égide do bastão de pastores-ratos ávidos pelo poder representativo.

Com isso, sem nenhum esforço, é perfeitamente lógico e racional perceber o caos político que emergiu, pois as regras democráticas foram cruelmente violadas, paradoxalmente, com o consentimento silencioso da Lei. Podendo-se conjecturar que a perversão política se assentou no solo brasileiro, derretendo o Estado Democrático de Direito – ilusão adestradora – e a respectiva incineração pública da Constituição da República Federativa do Brasil, também com a aquiescência incontestável daquele que, em tese, deveria ser o guardião da Lei: o poder Judiciário, eminentemente o Supremo Tribunal Federal (STF).

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Talvez o louco desejo de manter esse sistema político perverso implantado assim como em sustentá-lo seja o sinal evidente de sua própria falência.

Não se pode mais dizer que o Brasil atual é uma democracia, tampouco uma democracia representativa, mas talvez uma "ratocracia" consentida, um fascismo de colarinho branco e toga erigido pela assinatura de uma minoria vociferante, pois sem os "cordeiros cidadãos" não existiriam "pastores-ratos".

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O que se vê, além da morte da democracia representativa brasileira, é a estupidez balbuciante cada vez mais ferina de pequenos grupelhos fascistas ascendendo a "posições" representativas positivas a partir de representados Negativos iludidos com o perigoso e imaginário jogo do poder.

Neste sentido, pode-se pensar que o país vive uma democracia direta, anárquica e horizontal, entretanto, ao se descortinar a cena real, o que se eleva aos olhares e ouvidos mais atentos e cuidadosos é uma nação em Estado de Exceção Fascista, com "ratos-pastores" na simetria oposta do Poder em sua relação com os "cordeirinhos-adestrados" estrondeantes. Na verdade, emergiu uma deterioração político-social mais próxima dos "estados anômicos durkheimiano", inclusive com o seu inerente "suicídio social".

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A falsa norma (Lei) da Democracia Representativa inventada pelos homens parece não ser outra coisa senão a cândida celebração de um "contrato sadomasoquista" subscrito com as rubricas de Representados (masoquistas) e Representantes (sádicos) numa jogatina perversa em que se criou a ilusão da participação efetiva de todos na esfera do Poder, contudo, os primeiros algemados e chicoteados às margens e os segundos no centro ditando as regras, com as chaves das algemas no bolso, sussurrando palavras e impondo ações onde todos "gozam" permanentemente neste grande cassino, onde as roletas e o blefe não cessam de circular.

Talvez a etiologia deste "jogo perverso" entre Representados e Representantes contratado pela civilização esteja na necessidade infantil dos Representados de clamar diuturnamente por um pai soberano protetor para suprimir a fragilidade de suas existências resignadas associada ao desejo de poder fálico em ato pelos inconformados e irresignados perversos de plantão em suas funções de Representantes, aproveitadores da fraqueza do outro.

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Assim sendo, o palco político-social do jogo patológico impera soberanamente. Todavia, este "jogo democrático" é sutilmente aniquilador e mortal.

A Democracia Direta é um caminho, embora seja imprescindível uma nação de adultos responsáveis e que aprendam a "gozar" sem as "dores" perversas sadomasoquistas.

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