Impeachment, ideologia e mídia

De fato, na base estrutural do impeachment da Presidente Dilma, a cada dia fica mais visível o seu caráter leviano, perverso e avesso ao "imperativo categórico universal kantiano", delineador das práticas e dos costumes dos povos. Ao que tudo indica, o PIG teve o seu papel "imperativo categórico individual" distribuído e decisivo

De fato, na base estrutural do impeachment da Presidente Dilma, a cada dia fica mais visível o seu caráter leviano, perverso e avesso ao "imperativo categórico universal kantiano", delineador das práticas e dos costumes dos povos. Ao que tudo indica, o PIG teve o seu papel "imperativo categórico individual" distribuído e decisivo
De fato, na base estrutural do impeachment da Presidente Dilma, a cada dia fica mais visível o seu caráter leviano, perverso e avesso ao "imperativo categórico universal kantiano", delineador das práticas e dos costumes dos povos. Ao que tudo indica, o PIG teve o seu papel "imperativo categórico individual" distribuído e decisivo (Foto: Cássio Vilela Prado)


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Ao que tudo indica, o grande império midiático hoje no Brasil tornou-se um verdadeiro Partido Político Ideológico, chamado por muitos de “Partido da Imprensa Golpista (comumente abreviado para PIG ou PiG) – é uma expressão usada por órgãos de imprensa e blogs políticos de suposta orientação de esquerda para se referir a órgãos de imprensa e jornalistas supostamente de direita.[1] Os veículos acusados de ser membros do PiG (Rede Globo, Veja, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Exame, Istoé[2], dentre outros)[nt1] são considerados por estes tendenciosos e supostamente se utilizariam da grande mídia para propagar suas ideias e desestabilizar governos de orientação política contrária à sua.[4][5][6][7][8][9][1]–.  Portanto, trata-se de “Organizações...”. E como se sabe, todas as “organizações” têm o seu líder, o seu ‘dirigente-mor’ –, no caso brasileiro são “organizações” totalmente subservientes e entreguistas tácitas aos interesses de grupos elitizados, capitaneadas pelo poder financeiro e sócias do discurso capitalista. Irreflexivas, altamente tendenciosas. Um verdadeiro exemplo vivo para a compreensão dos fenômenos ideológicos, a mídia e a publicidade, conforme visto acima. Essa empresa midiática sempre contribuiu para a dessimbolização e a imaginarização da realidade social, forjando mecanismos de controle das massas em troca de capital e poder.

Desde a ditadura militar no Brasil, implantada com o Golpe de 1964, viu-se a sua posição estratégica; silenciando a notícia segundo os signatários sanguinários do Brasil e exalando aquilo conveniente a essa elite goela abaixo do povo brasileiro.

Desprovida da boa ética jornalística, essas “organizações” (pode-se pensar em diversos significados da palavra “organizações”) nunca hesitaram em entregar o Brasil nas mãos sujas do capital para subverterem a verdade dos fatos, maculá-los, distorcê-los e induzir a população a “comprar” tudo aquilo que interesse aos grupos do poder e do capital, eminentemente, a “comprar” a “preço de banana” as suas ideias.

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O ‘dirigente-mor’ dessas “organizações”, de forma análoga, não deixa der ser um tipo do alemão Otto Adolf Eichmann (1906-1962), um ‘SS-Obersturmbannführer da nazi’, e um dos principais organizadores do Holocausto, oficial nazista responsável pelo extermínio de mais de 5 (cinco) milhões de judeus. A filósofa alemã de origem judaica, refugiada nos Estados Unidos da América, Hannah Arendt (1906-1975), assistiu em Jerusalém ao processo de julgamento de Eichmann que:

“Podia ser reputado ‘normal’, uma vez que se tornara agente de uma inversão da Lei que fizera do crime a norma. Arendt assinalava que, ao reivindicar a filosofia kantiana, Eichmann tergiversava, uma vez que, no seu modo de ver, o caráter infame da ordem dada não significava nada do ponto de vista do caráter imperativo da própria ordem. Tornara-se então genocida sem sentir a menor culpa estando, ao mesmo tempo, perfeitamente consciente da abominação de seus atos. Por exemplo, recusava-se a ser julgado a título individual. Mas esquecia-se, como aponta muito bem Catherine Clément, que a Lei universal, segundo Kant, supõe sempre que se trate o homem como um fim e nunca como um meio.4[2].

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Portanto, pode-se dizer que ambos, Eichmann e o ‘dirigente-mor’ das “organizações” PIG se entregaram tacitamente ao “imperativo categórico do Outro do poder”, utilizando-se de seus homens alvos (a população brasileira) como meios em si mesmos; enquanto Eichmann se oferece à ideologia nazista do poder absoluto, o ‘dirigente-mor’ se entrega em troca de um “grande amontoado de moedas”. Eichmann é responsável pela morte de milhões de judeus, embora “tergiversasse”; o ‘dirigente-mor’ da ‘organização tupiniquim” é responsável pela miséria de dezenas de milhões de brasileiros – novamente hoje, exatamente agora –, embora “não tergiversasse”; a sua prática é permanente e “passada de pai para filho”.

Quem vale mais: Eichmann ou o “dirigente-mor” das “Organizações...”?

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Há quem diga que existe odiscurso não ideológico: “Em que o discurso não ideológico distingue-se da ideologia? Vimos que o discurso ideológico naturaliza-se, universaliza, é abstrato e lacunar, faz uma análise invertida da realidade e separa o pensar do agir. Cabe ao “discurso não ideológico” identificar as distorções e procurar demonstrar como elas foram produzidas historicamente. Além disso, deve restabelecer a relação entre a ação e a reflexão, a fim de não esclerosar cada uma delas como procedimentos e verdades definitivos. Afinal, nós conhecemos as coisas na medida em que as produzimos, daí toda teoria se tornar lacunar – e portanto ideológica – sem o vaivém entre o fato e o pensado”[3].

Sobre a “Lacuna”, uma das “características da ideologia” já posta, recordemo-la: “A universalização e a abstração supõem uma ‘lacuna’ ou a ocultação de algo que não pode ser explicitado, sob pena de desmascarar a ideologia (...) Ao dizer que ‘o salário paga o trabalho’, podemos identificar uma ‘lacuna’ quando, analisando a gênese do trabalho assalariado, descobrimos a ‘mais-valia’ (Segundo Marx, a mais-valia é a forma específica que assume a exploração, uma vez que a parte do trabalho excedente não é paga ao operário, servindo para aumentar cada vez mais o capital).28

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Se se pesquisa mais a fundo sobre as brechas ou “lacunas” deixadas pelos supostos “discursos não ideológicos”, tentando assim “refutar” o caráter científico-social elaborado pelo cientista Marx, não só desmontamos as “argumentações popperianas” sobre a “não-cientificidade” de determinadas teorias (no caso: a marxista), haja vista que a “ideologia marxista” se sustentou de pé após as tentativas de refutá-la pelos “discursos não ideológicos”, pois as “lacunas” sobrevivem e estão abertas às investigações críticas constantes. O que não se sustentou foi a “refutabilidade (ou falseabilidade)”[4] do filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico Sir Karl Popper (1902-1994), do chamado “Círculo de Viena”. Portanto, a epistemologia fantasiada de “não ideológica” popperiana se sucumbiu em face à cientificidade marxista da ideologia. Popper ficou nu, expondo a sua pele superficial e o seu fundo neoliberal.

Não há como fugir da ideologia como fundamento para a análise do tecido social assim como das suas produções materiais e abstratas (ideias). De fato, na base estrutural do impeachment da Presidente Dilma, a cada dia fica mais visível o seu caráter leviano, perverso e avesso ao “imperativo categórico universal kantiano”, delineador das práticas e dos costumes dos povos. Ao que tudo indica, o PIG teve o seu papel “imperativo categórico individual” distribuído e decisivo.

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[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_da_imprensa_golpista

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[2] ROUDINESCO, Elisabeth – Lacan, a despeito de tudo e de todos, Editora Zahar, Rio de Janeiro, RJ, 2011, p. 138.

[3] ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires – Filosofando: Introdução à Filosofia, Editora Moderna, São Paulo, SP, 2009, p. 125.

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[4] http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-principio-falseabilidade-nocao-ciencia-karl-popper.htm

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