É carnaval, viva a festa da carne!

A pele negra, ao pular, manifesta o permanente grito de liberdade e da festa dos que não aceitam a escravidão de espécie alguma. O carnaval é a festa da carne da criatividade. Ah, quanta invenção, quanto arte, de novo menciono, de brio e de coragem de nosso povo

A pele negra, ao pular, manifesta o permanente grito de liberdade e da festa dos que não aceitam a escravidão de espécie alguma. O carnaval é a festa da carne da criatividade. Ah, quanta invenção, quanto arte, de novo menciono, de brio e de coragem de nosso povo
A pele negra, ao pular, manifesta o permanente grito de liberdade e da festa dos que não aceitam a escravidão de espécie alguma. O carnaval é a festa da carne da criatividade. Ah, quanta invenção, quanto arte, de novo menciono, de brio e de coragem de nosso povo (Foto: Dom Orvandil)


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Querida professora Carmen Ferreira Barbosa, Porto, Portugal

Homenageio-te carinhosamente pela notícia de que pularás no carnaval em Campo Grande, MS, tua cidade natal. Melhor, o bloco no qual pularás se chama Frankestemer, para significar o demolidor, o destruidor de direitos e do Brasil.

Isso me sugeriu pensar e refletir na importância do carnaval com o conteúdo da imensa alegria e com sentido crítico conjuntural.

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Prefiro o carnaval aos cultos e missas alienantes e chatas das igrejas inimigas da vida e do povo. Seus participantes confundem emocionalismos, ruídos ensurdecedores e milagrismos com espiritualidade e presença divina. 

Louvo mais o carnaval com a alegria intensa da carne popular do que as espiritualidades frias dos fariseus, sempre prontos à guerra moralista e fundamentalista, que azedam e matam as relações.

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A partir do Evangelho de Lucas (capítulo 15), como fonte de humanidade, opto sempre pelo filho pródigo e suas extravagâncias nas festas do que pelo  azedume e a carranca do irmão mais velho, fariseu, armado com pedras e paus, disposto  a acionar suas regrinhas muito mais para expulsar do que a acolher o irmão.

Cai-me melhor a alegria da mulher que quase derrubou a casa para encontrar a moeda perdida do que os que fecham portas e janelas para esconder os roubos de milhões, arrancados a ferro e a fogo do sangue do trabalho alheio.

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Entusiasmo-me muito mais com o pastor trabalhador da parábola, que é capaz de deixar por um momento suas 99 ovelhas para salvar e arrancar das quedas dos abismos a que caiu. Este é o modelo de seres humanos que não usam as pessoas sob suas lideranças e cuidados como moeda de troca. Ao encontrar a ovelha perdida o pastor trabalhador retorna com uma alegria carnavalesca, porque tudo vale mesmo a pena quando ninguém se perde nem se rompe por causa dos interesses mesquinhos de alguns.

Sou grato à vida, querida Carminha, por desde o seminário escolher o caminho dos humanos e não o dos que procuram espiritualidades amargas e alienadas.

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Nunca pulei carnaval. Pena. Elogio-te por participares desta festa brasileira que une culturas e anima as carnes.

Sim, anima as carnes dos trabalhadores e trabalhadoras espezinhados com a barbárie farisaica que nos ameaça sob a pesada e sufocante exploração  da terrorista reforma da previdência e a demolição dos sagrados direitos dos trabalhadores. .

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Entusiasmo-me com a festa da carne cultural que une o Brasil inteiro na celebração da alegria sem discriminação.

Dou vivas à festa da carne das cores impressionantemente combinadas em arte.

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A arte expressa a carne dos artistas que se sensibilizam com a vida e com os extremos que distanciam as pessoas.

Mesmo trabalhando aqui festejo a arte das mulheres lindas que pulam e expõem a beleza que irmana a todos, sem a malícia machista e apodrecida dos fariseus.

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Os sons da carne feita tambores e variada composição instrumental sonorizam a vida de nosso povo.

A pele negra, ao pular, manifesta o permanente grito de liberdade e da festa dos que não aceitam a escravidão de espécie alguma.

O carnaval é a festa da carne da criatividade. Ah, quanta invenção, quanto arte, de novo menciono, de brio e de coragem de nosso povo.

Quem pula carnaval envolve-se num oceano da festa da carne onde todos e todas são irmãos e irmãs.

O carnaval deste 2017 é uma festa especial, com apelos excepcionais. Mesmo sob um golpe dado por uma quadrilha de fariseus a serviço dos que se pensam donos do mudo, dos que fazem as guerras que estraçalham as carnes, nosso povo vibra e celebra a vida de raízes profundas culturais da vida, que só nós brasileiros conhecemos.

A ideia de teu bloco Frankestemer é o mais sagrado sentido do povo que se alegra enquanto critica a safadeza que nos fizeram com esse golpe desgraçado, que vem entristecendo e matando milhões de corpos, que deixam de serem carnes para virarem estatística da crise inventada pela manipulação.

Então, querida, pula aí com alegria em comunhão com outros blocos brasileiros que rugem seus tambores em alegria e, ao mesmo tempo, em denúncia com o “fora, Temer”, o safado e demolidor!

Queria pular também, mas a saúde de minha carne me limita por enquanto. Mas pularei aí em pensamento. Podes crer.

Dom Helder Câmara tinha razão quando falou em seu programa de rádio “Olhar sobre a cidade” referindo-se ao carnaval: “Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida. Peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos, aqui e ali, cometidos por foliões, ou farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval. Brinque, meu povo querido! Minha gente queridíssima. É verdade que na quarta-feira a luta recomeça, mas ao menos se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida!”

Pula, Carminha, pula meu povo. Protestem contra o golpe, meus irmãos e irmãs brasileiros e brasileiras.

Fora, Temer!

Do Blog Cartas Proféticas

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