Pressão da sociedade inviabiliza chantagem de Cunha e acelera sua queda

Redes sociais, blogs, os sites jornalísticos ferveram com uma tsunami de comentários desafiando Cunha a cumprir sua ameaça. E o que é melhor: foi a militância do PT quem desencadeou esse processo. Ao longo do dia, por toda parte a chantagem de Cunha começou a naufragar

Brasília - Presidente da Câmara, Eduardo Cunha durante sessão extraordinária para discussão e votação de diversos projetos (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Brasília - Presidente da Câmara, Eduardo Cunha durante sessão extraordinária para discussão e votação de diversos projetos (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Eduardo Guimarães)


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Durante a terça-feira, 1 de dezembro de 2015, ocorreu um fenômeno no país que, ao fim e ao cabo, pode terminar mostrando que a democracia pode não ser lá uma maravilha, mas é o sistema que melhor funciona. A pressão da sociedade SEPULTOU uma chantagem asquerosa.

Nos últimos dias, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vinha chantageando o governo Dilma e o PT com a possibilidade de abrir processo de impeachment caso o PT não votasse a seu favor no Conselho de Ética, ou seja, contra a abertura de processo de cassação do peemedebista.

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Informações obtidas pelo Blog deram conta de que o partido e o próprio governo se deixaram abalar pela ameaça e já faziam pressão sobre os três deputados petistas que integram o Conselho de Ética para que votassem a favor de Cunha.

Eis que a chantagem de Cunha desencadeou um processo bonito – e raro – de se ver. A sociedade brasileira se uniu contra a chantagem dele.

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Redes sociais, blogs, os sites jornalísticos ferveram com uma tsunami de comentários desafiando Cunha a cumprir sua ameaça. E o que é melhor: foi a militância do PT quem desencadeou esse processo.

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Ao longo do dia, por toda parte a chantagem de Cunha começou a naufragar. Para que se possa mensurar o que aconteceu, presidentes de todas seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil nos 27 estados e no Distrito Federal cobraram afastamento imediato do presidente da Câmara, liderados pelo presidente nacional da entidade, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.

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Eis que, no meio da tarde, começa a sessão do Conselho de Ética da Câmara com finalidade de deliberar sobre a admissibilidade do processo contra o presidente da Câmara. Ao chegar em casa, sintonizo a tevê e começo a assistir aos debates.

O que vi foi uma das mais alentadoras surpresas que tive nos últimos anos.

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Os deputados, acuados pelos pares decididos a cassar Cunha, começam a convergir para a decisão pela admissibilidade do processo contra ele. Alguns deputados que eram tidos como favoráveis a Cunha renegam essa posição, demonstrando medo de serem confundidos com apoiadores dele.

O presidente do PT, que até então vinha sendo cauteloso sobre o tema, divulga, no Twitter, que confia nos deputados de seu partido no sentido de que votarão pela abertura do processo contra Cunha.

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Fonte com a qual conversei pela manhã desse dia glorioso para a democracia, envia mensagem via Whats App:

“As coisas mudaram. A chantagem de Cunha está inviabilizada. Se ele reagir com pedido de cassação de Dilma, será derrotado”.

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O fato é que a pressão da sociedade e a chantagem desavergonhada do presidente da Câmara terminaram de enterrá-lo. Com voto aberto, pouquíssimos deputados terão coragem de defendê-lo.

E, pelo visto, nenhum deles será do PT.

Se insistir em pedir abertura de processo de impeachment, pela ilegitimidade que construiu com a sua arrogância e com a sua desfaçatez Cunha será derrotado. A Câmara não aceitará que ele promova essa farsa. Não por seus pendores éticos, mas por medo da sociedade.

Quanto ao processo contra Cunha, em votação aberta – como a que autorizou o STF a manter a prisão de Delcídio do Amaral – muito poucos votarão por absolvê-lo. Quem o fizer, estará cometendo um suicídio político.

O Brasil está para dar um grande passo no aperfeiçoamento de sua democracia. Se tudo isso se mantiver na votação no Conselho de Ética – que ocorrerá nesta quarta-feira -, além de o golpismo sofrer um golpe mortal, o Brasil começará a se livrar de um de seus piores políticos.

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