Ausência, demanda e a transposição do São Francisco

A perseguição a Lula não dá mostras de que vai parar, pelo contrário. Por mais disparatadas, as acusações serão levadas a cabo pelo grupo escravocrata que pretende levar de volta o País a níveis observados na década de 1990

Lula em Monteiro
Lula em Monteiro (Foto: Enio Verri)


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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o cidadão brasileiro mais investigado da história do País. A devassa na sua vida e na de seus familiares o qualifica como perseguido político. O novo ataque vem do Ministério Público Federal (MPF), que vai investigar a presença de Lula e da presidenta Dilma Rousseff, em Monteiro, na Paraíba, quando mais que o dobro da população da cidade, cerca de 70 mil pessoas, se reuniu para recepcionar o pai e a mãe da transposição do São Francisco.

O desenrolar da implacável perseguição jurídica revela, a cada ato, a abissal distância entre o objeto da acusação e Lula. Até o momento, quase 80 testemunhas desconheceram existir qualquer ato que desabone o ex-presidente. Por outro lado, em entrevista a uma grande rede de comunicação, o MPF admitiu que o PSDB nunca esteve nos planos da instituição, como objeto de investigação.

Num determinado trecho de seu pronunciamento, em Monteiro, Lula explicou às pessoas parte do porquê ter realizado a obra sugerida por D. Pedro II, em 1847. O ex-presidente contou que, como a maioria das pessoas da região do Cariri, carregou lata d'água de alguma fonte qualquer onde houvesse uma. Da única água disponível para beber, eram retirados bichos visíveis e pelos de animais. Antes de consumir, porém, esperava-se pela decantação de partículas sólidas. Mas a esquistossomose permanecia na água.

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Tangido pela seca para buscar água, Lula voltou com um rio para matar a sede de aproximadamente 12 milhões de pessoas, que não mais passarão pelo o que o presidente passou. A vivência teve papel fundamental na realização da obra, mas não foi determinante. Há empresários e políticos ricos e influentes que vieram de situação de pobreza, mas nem por isso moveram alguma palha para mudar a realidade de ambientes humanamente indignos.

A elite jurídica do Brasil não admite Lula mobilizar, espontaneamente, um mar de pessoas a uma pequena cidade do agreste, com direito a engarrafamento, para inaugurar uma obra que a oficialidade da impostura já havia inaugurado sob os olhares de meia dúzia de pessoas, que gritavam insistentemente, "Fora Temer".

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A perseguição não dá mostras de que vai parar, pelo contrário. Por mais disparatadas, as acusações serão levadas a cabo pelo grupo escravocrata que pretende levar de volta o País a níveis observados na década de 1990. À época morriam, diariamente, cerca de 300 pessoas de fome. O governo aplicava políticas do mais radical liberalismo econômico, como o projeto de terceirização, de 1998, ressuscitado agora por Temer, e privatizou a troco de nada importantes empresas nacionais, como a Vale do Rio Doce.

A intolerância a Lula é pelo fato de, assim como Getúlio Vargas e Juscelino Kubistchek, ter tocado no coração do povo. Aliás, ele mais perigoso que os outros dois presidentes. Lula é filho, de maneira radical, de um dos princípios da Economia, ausência e demanda. Sobre eles soube construir saídas, sempre com o pensamento voltado para o coletivo. Eis o motivo do ódio da elite brasileira. Ela não sabe por onde passa o Lula e nem o vê.

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