A direita foi às ruas - e saiu do armário
Finalmente, a Direita se vê obrigada a assumir e mostrar publicamente a sua verdadeira face. Despida do eterno pretexto moral que sempre usou no jogo político: o combate à corrupção. Mas o novo discurso da Direita neoliberal, de tão ultrapassado e assustador, não lhe permite ganhar espaço político eleitoral
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“A atual política brasileira, marcada por uma polaridade radical, por intransigência inédita e por uma intolerância completa, é absolutamente cordial, no sentido próprio do termo, ou seja, é uma política que se faz com afetos, com o estômago e não com a cabeça” (1)
Os estrategistas, internos e externos, decidiram: está na hora da Direita Brasileira assumir a sua estranha Ideologia.
E se posicionar claramente em defesa dos seus ideais. Pouco importa se umbilicalmente ligados ao Neoliberalismo. Uma ideologia condenada ao fracasso em todos os quadrantes do planeta.
Finalmente, a Direita se vê obrigada a assumir e mostrar publicamente a sua verdadeira face. Despida do eterno pretexto moral que sempre usou no jogo político: o combate à corrupção.
Mas o novo discurso da Direita neoliberal, de tão ultrapassado e assustador, não lhe permite ganhar espaço político eleitoral.
Em eleições diretas e majoritárias, representaria um suicídio completo. Pois se trata de um projeto indefensável.
Caso submetido ao voto popular, tenderia a ganhar o voto da Elite e dos seus fiéis e minoritários seguidores: um rebanho obediente e desinformado, que pensa com o afeto e o estômago. E se acostumaram a usar os parcos neurônios da Mídia para orientar suas decisões no campo político ideológico. Mídia que lhe incute o medo, o ódio e a violência.
Foi essa Direita, ortodoxa, estúpida e intolerante, que tomou o poder em 2016.
Dilma Roussef foi afastada da presidência através de métodos escusos. No mínimo, discutíveis.
E quem ocupou o seu lugar? Michel Temer, seu vice. Parceiro da coalizão, liderada pelo PT, que governava o Brasil desde 2003.
Temer formou um governo fraco. Composto por políticos incompetentes e medíocres. Movidos pelo imediatismo. Sem a mínima preocupação com valores transcendentes, orientados pelo patriotismo, igualdade, direitos trabalhistas ou inclusão social.
Diametralmente oposto ao que defendia o governo do qual foi integrante por treze anos, os seis últimos como vice-presidente. Essa defecção teve como objetivo principal cumprir uma agenda retrógrada, com indisfarçada ironia apelidada de “Ponte para o Futuro”.
Um projeto jamais submetido ao escrutínio popular. O qual permaneceu oculto do conhecimento dos brasileiros. Pois precisava ser escamoteado.
Uma espécie de camuflagem política. Mas na realidade, com suas lideranças assumindo, sem qualquer pudor, o comportamento de assaltantes e estelionatários políticos.
Sem exagero, pode-se afirmar que, na verdade, o Brasil foi sequestrado. Do ponto de vista político, econômico, cultural. Sequestraram a soberania do país, para transformá-lo numa republiqueta latino-americana. Colônia produtora de matérias primas. E sem nenhum futuro.
Com a cumplicidade e apoio mal disfarçado de outros Poderes da República. Que se imaginam os “salvadores da pátria”.
E com o silêncio cúmplice da Mídia. Há décadas oferecendo seu decisivo suporte a ditaduras assumidas e regimes autoritários, ditos “suaves”.
Como era de se esperar, a popularidade do novo governo evaporou-se, e tende para zero, não resistindo ao desgaste de uma agenda fraudulenta e retrógrada.
O Povo, principalmente os segmentos mais esclarecidos, tendo consciência do sequestro e da grave situação na qual o país foi colocado, se organiza para resistir à barbárie. Nas ruas, nas universidades, no Congresso Nacional, nas escolas, entidades de classe, instituições religiosas, nas fábricas e nos sindicatos.
As organizações populares, lutando em defesa da Democracia e da Liberdade, pelos seus direitos de cidadania, da retomada da ordem jurídica, tentam conter os sequestradores, em seus explícitos propósitos: destruir o Brasil como Nação, para entregá-lo aos interesses externos. Na contramão da História.
Talvez seja esta a ameaça mais grave enfrentada pelo país em sua trajetória republicana.
E o Povo, enfim, percebeu que “eles só são grandes porque estamos de joelhos”. (2)
Recentemente, a Rede Globo provocou uma grande turbulência na implantação da agenda neoliberal, ao “demitir”, de forma sumária e inesperada, o sr. Michel Temer das suas funções presidenciais. E este, para surpresa de muitos, resolveu resistir no cargo.
Difícil saber com exatidão as causas dessa atitude do Sistema Globo. Este, talvez, tenha assumido, inconscientemente, a tese do acadêmico e linguista norte-americano Noam Chomsky, que defende o conceito de que” não é o Governo que manda na Mídia; é a Mídia que manda no governo”.
Até agora não podemos prever qual o desfecho desse imbróglio político-institucional.
Cabe, portanto, ao Povo brasileiro criar mecanismos de resistência pacífica a mais uma tentativa da Elite de construir, de maneira tosca e irresponsável, uma Democracia sem povo e sem o voto direto dos eleitores. Democracia apropriada pelo Capitalismo Financeiro. Mesmo que para garantir o seu intento seja necessário destruir o Brasil como nação livre e soberana.
Os cidadãos brasileiros saberão, no devido tempo, encontrar os caminhos de retorno à Democracia e ao Estado de Direito.
(*) Do Coletivo Lampião
(1) João Cezar de Castro Rocha – in DCM/junho, 2017
(2)Etienne de La Boétie – in Discurso da Servidão Voluntária – Ed Marin Claret – SP/ 2015
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