Agronegócio: pragmaticamente falando

O samba-enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense vem provocando grande polêmica e, consequentemente, ataques dos defensores do agronegócio à instituição. Com isso, mitos vão sendo alimentados. Precisamos enxergar e entender os fatos

Agronegócio: pragmaticamente falando
Agronegócio: pragmaticamente falando (Foto: Jonas Oliveira)


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O samba-enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense vem provocando grande polêmica e, consequentemente, ataques dos defensores do agronegócio à instituição.

Com isso, mitos vão sendo alimentados. Precisamos enxergar e entender os fatos.

O agronegócio é importante? Claro que é. É um negócio onde o ambiente externo é muito instável, seja na área econômica, seja por meio de ataques de pragas e/ou, também, pelas condições climáticas. Além disso, toda logística, do planejamento do plantio ao abastecimento é algo de grande complexidade, indubitavelmente. Há um lapso de tempo muito grande entre uma ponta e outra, na maioria dos casos. Assim, o processo de gestão não é algo para amadores. Por esse quesito, respeito muito quem trabalha na área. Porém, por outro lado, mitos são criados e precisam ser esclarecidos.

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Usa-se agrotóxico no Brasil? Sim e muito! Agrotóxico mata? Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), os agrotóxicos atingem 70% dos alimentos e cada brasileiro consome 5 litros dessa toxina por ano. O grande problema é que: o que olhos não veem, também pode matar! Segundo a OMS, Organização Mundial de Saúde, o agrotóxico está associado, de uma maneira muito intensa, à incidência de câncer e outras doenças genéticas. Respondendo: mata.

Outro mito criado é da importância do agronegócio para a economia dos brasileiros. Ela é muito mais é importante para a economia do país, enquanto entidade, do que para o brasileiro, de um modo geral. Segundo os dados da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) ela representa 22% do PIB, mas ela não salva (ajuda, mas não salva) o Brasil em termos de geração de renda e de empregos. O setor produtivo é altamente mecanizado, empregando pouca gente (representativamente falando). Como vivemos um país de latifúndio, temos, também, poucos agricultores em relação à população brasileira, de modo que a renda gerada pelo setor fica extremamente concentrada. Em termos de impostos, então, para cidades e estados, que é onde a nossa vida acontece, o setor não é tão importante o quanto possa parecer, haja vista a produção ser voltada à exportação, não gerando ICMS. O governador do estado de Mato Grosso, por exemplo, vive alardeando a "quebradeira" do estado, mesmo, segundo o IBGE, sendo responsável por 40% da produção de grão do país.

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Por fim, tem o mito de que o agronegócio alimenta o Brasil. Este já é quebrado com o foco do setor ser voltado à exportação. Ficamos, nós brasileiros, com o que sobra. Quando o mercado externo está aquecido, sobra menos, o preço, então, para nós, aumenta. Quando o preço cai, inclusive, agricultores jogam o alimento no lixo, como vimos nesta semana em relação ao tomate, na Bahia. Ainda, segundo o IBGE, mais de 7 milhões de brasileiros passam fome, mesmo com uma previsão de produção de grãos, de mais de 210 milhões de toneladas neste ano.

Pragmaticamente: vivemos num país capitalista. O agro é um negócio e, em sendo assim, é assim mesmo que deve ser enxergado. Representantes do setor precisam assumir isso, sem mitos, sem poesia, sem mi-mi-mi. Talvez, o grande mal do capitalismo seja tentar passar uma imagem de pensar no ser humano por assim sê-lo, quando, na verdade, o deus é o dinheiro. Se essa é a regra, não há o menor problema. A questão é só clarear as regras desse jogo para que todos possam aprender a jogar.

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