Lama a jato

A Lava Jato não sobrevive uma semana se extrapolar os limites da atual base governista. Prender tucano é coisa que a boa sociedade não aceita e ponto final

A Lava Jato não sobrevive uma semana se extrapolar os limites da atual base governista. Prender tucano é coisa que a boa sociedade não aceita e ponto final
A Lava Jato não sobrevive uma semana se extrapolar os limites da atual base governista. Prender tucano é coisa que a boa sociedade não aceita e ponto final (Foto: Guilherme Scalzilli)


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A cada depoimento novo, o cenário da Lava Jato fica mais constrangedor (1) para a oposição. A imprensa tucana faz algazarra em torno das menções dos delatores a Dilma e Lula, mas o que vemos é um número crescente de elos com José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, etc.

Inflado pela mídia corporativa, Sérgio Moro convenceu-se de que podia criminalizar as maiores empreiteiras do país e ao mesmo tempo manter o processo focado nos petistas. Mas suas pretensões exacerbadas são inconciliáveis com o viés seletivo dos inquéritos.

Ao longo dos intermináveis ritos processuais será impossível desnudar as construtoras sem atingir as doações para candidaturas (2) do PSDB e os contratos no metrô (3) de São Paulo, por exemplo. As menções a Serra nos emails da Odebrecht (e as canhestras tentativas de ocultá-las) fornecem um indicativo dos monstros ocultos nesses armários.

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Algo parecido amedronta os ministros do STF. Se tratarem os políticos citados sob critérios menos rigorosos do que usaram no julgamento do "mensalão", escancaram o partidarismo de seus votos submissos a Joaquim Barbosa. Repetindo aquela verve condenatória, (4) precisarão meter a cúpula oposicionista na cadeia.

Eis o dilema central de Moro e seus asseclas: quanto mais eficazes forem do ponto de vista jurídico, mais perigosos se tornam politicamente. O esforço para manter as investigações em certos eixos convenientes evidencia a preocupação com esses limites. A cronologia usada (5) para o escândalo da Petrobrás fala por si.

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E os justiceiros estão certos. A Lava Jato não sobrevive uma semana se extrapolar os limites da atual base governista. Logo surgiriam os editoriais pedindo cautela, os protestos da OAB, as admoestações do CNJ e as interferências das cortes superiores. Prender tucano é coisa que a boa sociedade não aceita e ponto final.

Talvez se precavendo desses perigos, a alcaguetagem comandada por Moro teve tantas falhas rudimentares. (6) Grampos ilegais, vazamentos seletivos e outras esquisitices dificilmente sairão ilesos dos trâmites processuais. É mesmo previsível que as irregularidades inviabilizem boa parte das ações, quando não as anularem por completo. Já vimos esse filme antes, aliás.

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A estratégia delatora presume um componente de barganha que dá sentido muito próprio a deslizes que podem favorecer os réus em longo prazo. No mínimo insinua que a efetiva punição dos empreiteiros não configurava o objetivo central dos inquéritos.

Assim compreendemos por que a oposição tenta agravar logo o desgaste do governo federal. O impeachment selaria a utilidade partidária do justiciamento de Moro, garantindo a blindagem dos outros interesses que ele ameaça. Seria um alívio para as próprias defesas, que enfim sorveriam o desvio da atenção midiática.

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O golpe representa uma cortina de fumaça para o vergonhoso desfecho que a Lava Jato previa desde o início. Além de alvos de um procedimento político, Dilma e o PT são bodes expiatórios da impunidade dos seus adversários.

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