Conselho de ética da Câmara: depois cantarão o hino nacional de mãozinhas dadas

Será que o recado que esses políticos da comissão de ética querem passar para o Brasil é este mesmo? De que a política brasileira se prostituiu?



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A ‘culpa’, este conceito cafona, já deixou de ser de Eduardo Cunha. É de toda a Câmara dos Deputados, óbvio. Com os deputados que a TV tem mostrado, não há como relativizar. É um baixo clero deputadal que apoia Cunha em concerto mais fiel que qualquer máfia ou Pcc. Enquanto isso, o olho na reeleição impõe aparecer na Globonews. E o país que se lixe, afinal o deles está garantido, enquanto fingem brigar.

Se há esta coisa de ‘culpa’, ela começa a migrar do bandido para o mocinho. Um mocinho tolo, crédulo, impotente, despersonalizado, sem reação e o pior, igualmente cínico. Um mocinho ao qual uma sociedade ainda crédula sonha com uma ‘reação à altura’. Tola sociedade, não há bons e maus ali. A plaina da desfaçatez desconstruiu o maniqueísmo.

O professor de Direito da Universidade de Bordeaux-I, Jacques Ellul, em entrevista ao jornal Le Monde, 13.9.1981, em série publicada pela Ática, afirmava ‘Começo por criticar tudo que me é simpático… Assim, não critico
a direita porque não tenho nada em comum com ela, mas a esquerda, onde tenho amizades e afinidades’.

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O desrespeito e as pseudomalandragens dos deputados brasileiros com seus atos táticos pseudogeniais para procrastinar o andamento da CECD , que não quer dizer  ‘Cunha enrolando crédulos e domesticados’, mas Conselho de ética da Câmara dos Deputados, ultrapassou todas as barreiras da negociata.

Não é Cunha e um deputado amestrado

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Não é Cunha e um deputado amestrado

Aquela mania provinciana e estamental de se tratarem por ‘excelência’, alguns chegando visivelmente a crer que têm qualquer coisa de excelente em seu ser, torna tudo mais ridículo ainda. Ou patético. Um deles afirma que a tal comissão é ‘um circo’. Talvez seja uma catarse a um palhacismo psicanalítico que o cinismo não consegue esconder.

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O outro enfia a mão na cara de um deles lá, em roteiro musical chicobuarqueano de autêntica cafetina prenha de bordel de porto marítimo. Qual será a estrutura intelectual, pensante, neuronal ou sináptica que essas criaturas nevrálgicas e sanguíneas da política brazuca conseguem produzir para se legitimar à tal comissão de ética?

Será que todos ali conseguem compreender o que seja ‘ética’? Ou pelo menos defini-la? Isto não é brincadeira, mas real dificuldade filosófica, por exemplo, apanhada em Nicola Abbagnano, Dicionário de filosofia, com esta dificílima ‘ciência da conduta’.

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Nem se invoque o óbvio cultural. Que aquele material humano ali é parido pelos ventres brasileiros e escolhido pelas cabeças eleitoras. Autênticas, talvez nem tão livres, daí os conceitos de ‘curral eleitoral’, coronelismo e outros; e legítimas, talvez nem tão ‘mais’ legítimas assim quando se milionarizam à custa do dinheiro fácil-público.

Não há achincalhe nas inferências. Mas o fato é que um dos deputados abriu o rego do conceito quando chamou aquela deprimência de ‘circo’. Também não se ‘aproveita’ para se querer xingar o circo; nem é o caso. O circo talvez seja o conceito mais verdadeiro. Só que os palhaços não são, em hipótese alguma, eles; a tragédia não é deles. É exclusivamente da sociedade brasileira que paga aquela conta de luz, aquele gás, aqueles salários, suas festas e canapezinhos, que engordam.

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Ficam as ‘excelências’ gastando o tempo da comissão para elogiar e enaltecer uns aos outros; reconhecer publicamente ‘inteligências’, ‘sobriedades’ e ‘belos comportamentos’; ‘nobres condutas’ e ‘atos memoráveis dignos de registro’; tudo com dupla finalidade, uma mundana e uma funcional. A mundana, aparecer na TV. A funcional, o estouro do tempo físico no procedimento da comissão fraca e débil, morna e bolorenta. Não acham que a sociedade é otária. Têm certeza.

Há alguma coisa que poderia ser feita? O que aconteceria se os deputados que querem o andamento do procedimento dos atos de Cunha simplesmente renunciassem? E o presidente da comissão também renunciasse?

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Esta alternativa seria ‘impactante’ (…), para pessoas que têm a chamada ‘vergonha na cara’. Mas o enorme problema é se concluir que ali o cinismo derrotou a vergonha.

Será que o recado que esses políticos da comissão de ética querem passar para o Brasil é este mesmo? De que a política brasileira se prostituiu -perdoem meninas-, de verdade, 100%, na grotesca malandragem de atrasar infinitamente o procedimento?

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Se se disser que eles são o retrato do Brasil, há que se concluir que o país é o que de pior há. Se disserem que aquilo é apenas uma parte deles, falta uma reação no mínimo decente e genial -tudo bem que este fator possa ser hercúleo num país em que Ziraldo afirma que só 5% da população são assim-.

Falo há décadas, como jornalista em franca crítica à imprensa, que ela trabalha com 5 conceitos: medo, pânico, caos, escândalo e terror. Mas com esses políticos provincianos e paroquiais, uma igrejinha corporativa, tratando-se por essa coisa balofa de ‘vossa excelência’, e cometendo esse vexame doloso, só despejando todo o peso de uma imprensa crítica, fiscalizatória, intelectual e ‘ensandecida’.

O mal dessa comissão de ética precisa ser visto por todos. Mas não se preocupe. Depois de tudo cantarão o hino nacional de mãozinhas dadas. E esta sociedade omissa nas ruas no 13.12 do impeachment-farofa ainda ficará emocionada. Quanto à política, sem problema, afinal a sua ‘beleza’ não é um poder chamar o outro de ‘moleque, vagabundo, canalha, ladrão e safado’, dar tapa na cara e o escambau e no fim tudo acabar bem, para eles? Pois é, viva a política brasileira. OBSERVATÓRIO GERAL.

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