Por que censuram Arraes?

Os líderes de maior expressão da esquerda jamais são poupados. Não dispondo mais dos artifícios do Estado de exceção, a Casa Grande vale-se de outras alavancas para condenar seus algozes á desonra e ao esquecimento. O principal aparato dessa estratégia é a TV Globo



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A decisão da TV Globo de cortar parte do desfile de Unidos de Vila Isabel cujo enredo homenageava o líder histórico da esquerda brasileira Miguel Arraes sinaliza que o Grande Capital prossegue no afã de cassar os vultos populares de história, como fez no golpe de 1964.

Falecido em 2005, Arraes foi um dos maiores expoentes da esquerda brasileira. Em seu primeiro mandato de governador em Pernambuco (que não chegou a concluir), enfureceu os usineiros ao exigir a extensão do direito ao salário mínimo aos trabalhadores rurais – o "Acordo do Campo". Desencadeou um programa nacionalista, apoiando as reformas de base propostas pelo presidente Jango.

Sitiado pelas tropas militares Palácio das Princesas no golpe de 1964, resistiu à renúncia e foi preso. Libertado, exilou-se na Argélia.
Regressou ao Brasil em 79. Governou Pernambuco mais duas vezes, com particular destaque as suas ações de estímulo ao movimento cultural, alfabetização de crianças, desenvolvimento da ciência e tecnologia e assistência ao pequeno produtor. Resistiu ao ascenção do neoliberalismo e foi combatido pelo governo FHC, que articulou sua desonra pública acusando-o de envolvimento no escândalo dos precatórios.

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Os líderes de maior expressão da esquerda jamais são poupados. Não dispondo mais dos artifícios do Estado de exceção, a Casa Grande vale-se de outras alavancas para condenar seus algozes á desonra e ao esquecimento. O principal aparato dessa estratégia é a TV Globo.

O jornalismo da Globo transformou a política de direitos humanos do governo Leonel Brizola em condescendia com o jogo de bicho. Lula, embora tenha apostado na conciliação de classes, tem seu nome enlameado em suspeitas de envolvimento com a Lava Jato. A prova do crime é um irrisório barco de pesca, berrado nas manchetes como um "iate".

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Porém, a novidade aos não tão incautos é a censura aos mortos. A belíssima homenagem de Martinho da Vila à Arraes, feita sob o sambódromo-escola construído por Niemeyer-Brizola, fez a Globo mostrar ao vivo como é feita a censura. A inusitada situação gerou constrangimento até nos âncoras Luiz Roberto e Fátima Bernardes. Vexatória demonstração de como sempre agiu.

Será que a Globo censuraria homenagens aos governante de sua predileção? Felizmente, os homens públicos que vergaram diante do seu poder – Geisel, Sarney, Collor de Mello e outros não estão no coração de ninguém e, por isso, não serão homenageados por sambista algum. Ainda que eles tentem desesperadamente, a homenagem de Martinho e o júbilo da plateia revela que o povo brasileiro, por seus próprios valores, sabe bem quem merece crédito.

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