O fim da globalização pela mão desesperada de Donald Trump

A agenda da globalização, entendida como um mandato livre conferido ao capital para transitar livremente pelo mundo explorando mão de obra dos países pobres e em desenvolvimento, caminha para ser revertida de forma espetacular pelo grande fenômeno político do nosso tempo, o político que não é político Donald Trump

U.S. President-elect Donald Trump speaks beneath a giant American Flag during a "Thank You USA" tour rally in Baton Rouge, Louisiana, U.S., December 9, 2016. REUTERS/Mike Segar
U.S. President-elect Donald Trump speaks beneath a giant American Flag during a "Thank You USA" tour rally in Baton Rouge, Louisiana, U.S., December 9, 2016. REUTERS/Mike Segar (Foto: Jose Carlos de Assis)


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A agenda da globalização, entendida como um mandato livre conferido ao capital para transitar livremente pelo mundo explorando mão de obra dos países pobres e em desenvolvimento, caminha para ser revertida de forma espetacular pelo grande fenômeno político do nosso tempo, o político que não é político Donald Trump. O recado está dado. Enquanto os globalizantes de Davos esperavam perplexos pelos sinais do novo Presidente, Trump em pessoa fulminou com qualquer esperança de contemporização com uma celebração surpreendente de valorização do nacionalismo e do patriotismo.

Entre  nós a imprensa ignorante e vassala do neoliberalismo não entendeu e ainda não entende nada. Basta ver os debates da Globo News. O nacionalismo é visto como um mal político, assim como uma ameaça ao livre comércio. Santa ignorância. Não há nenhum país do mundo que se desenvolveu que não tenha apelado para o nacionalismo em seu processo de construção. E não há país desenvolvido, a exemplo da Inglaterra e dos próprios Estados Unidos, que não tenha combatido o nacionalismo em sua área de influência quando esta tentou se desenvolver, disso extraindo evidentes benefícios próprios. 

A turma de Davos está em pânico. São os grandes beneficiários da globalização financeira. Surgiram dos anos 80 para cá, no rastro da avalanche ideológica suscitada pelo neoliberalismo de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, consolidando-se como os grandes instrumentos de um processo inédito de concentração de renda no mundo, o 1% que tem 50% da renda planetária. A grande contradição, contudo, é que no processo de superexploração dos pobres com a liberação financeira acabaram provocando pobreza também nos países ricos, notadamente no maior deles, os Estados Unidos, cuja classe média desaparece.

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Os únicos grandes beneficiários do processo de globalização são os ricos e os muito ricos. As outras classes são afetadas pelo desemprego ou pela queda de renda. É claro que só uma curiosa virada do destino poderia fazer com que um  bilionário sem  tradição política tomasse as dores da classe média e dos pobres americanos de forma a provocar uma verdadeira mudança de paradigma na administração pública do país.  Claro, tudo está ainda no começo. É preciso esperar os atos, disse a propósito de Trump o Papa Francisco. Contudo, os sinais são indiscutivelmente promissores. É sintomático o Dia do Patriotismo.

Por que não devemos temer o nacionalismo de Trump? As pessoas se fixaram na sua proposição de “primeiro a América”, e se esqueceram do compromisso complementar de que os Estados Unidos não mais se meterão na vida política de outros povos. Não era justamente isso o que queríamos? Ou nossa intenção é ter os Estados Unidos como cabeça de um império mais preocupado em cobrar tributos do que em promover sua própria riqueza, sua agenda de empregos, e sua tecnologia. Salve, pois, o nacionalismo americano. Isso não quer dizer que seu mercado será fechado. Quer dizer simplesmente que vão ser cobrados impostos.

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É uma idade nova que se anuncia no mundo. Na era da hegemonia inglesa a Inglaterra impunha ao resto do mundo o liberalismo econômico, monopolizando a venda de manufaturas e promovendo o monopsônio na compra de matérias primas. Os Estados Unidos, até na fase com que Trump promete acabar, seguia o mesmo figurino. Agora vai haver sim, livre comércio, mas em igualdade de condições para todos. Se um país quer competir, que compita também com sua mão de obra, pois se houver desequilíbrio salarial grande haverá imposto na razão direta para nivelar as trocas. É ruim isso? Os trabalhadores do mundo dirão que não.

Tendo em conta essas considerações relacionando Trump e Davos, a pergunta óbvia é: o que o procurador geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, foi fazer em Davos? A imprensa noticiou que ele disse lá que o trabalho da Procuradoria é “pró-mercado”. O que significa exatamente isso? Pró-globalização? Se foi isso, o procurador chegou atrasado, a globalização financeira vai acabar. É claro que ele não disse que é um patriota, pois isto não cola para quem está entregando segredos de brasileiros a potências estrangeiras. Também não disse que é pró-serviço público, pró-emprego, pró-distribuição de renda. Na verdade ele se comportou como um cipayo, palavra argentina que, segundo a citada entrevista do Papa Francisco, designa “quem vende a pátria à potência estrangeira que lhe dá mais benefício.”

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