A Lava Jato faz água: CPI nela

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, sobre possíveis violações de garantias constitucionais, irregularidades na condução de processos, abuso de poder, associação espúria com setores da imprensa, visando objetivos políticos, é perfeitamente cabível, necessária

Policiais federais cumprem mandados de busca e apreensão na sede da empreiteira Norberto Odebrecht, no Rio de Janeiro, como parte da 14ª fase da Operação Lava Jato (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Policiais federais cumprem mandados de busca e apreensão na sede da empreiteira Norberto Odebrecht, no Rio de Janeiro, como parte da 14ª fase da Operação Lava Jato (Tânia Rêgo/Agência Brasil) (Foto: Laurez Cerqueira)


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Uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, sobre possíveis violações de garantias constitucionais, irregularidades na condução de processos, abuso de poder, associação espúria com setores da imprensa para publicação de conteúdos sob sigilo e guarda do Poder Judiciário, visando objetivos políticos, é perfeitamente cabível, necessária, e restauradora do Estado democrático de direito, da ordem institucional vigente e preservação das prerrogativas dos órgãos de fiscalização e controle da República.

O Supremo Tribunal Federal (STF) encontrou até o momento mais de 11 erros que comprometem a lisura do processo de investigação da Operação Lava Jato, a cargo do juiz Sérgio Moro, e a segurança institucional e jurídica do país. Vazamentos seletivos de informações de delações premiadas sob responsabilidade do Judiciário, em conluio com empresas de comunicação previamente escolhidas, têm demonstrado flagrante perseguição política ao ex-presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores. Entre outras irregularidades consideradas graves figura o desprezo pelas iniciativas da defesa dos réus, de direitos universais de cidadãos, coloca o exercício da advocacia numa situação delicada, e o advogado como uma categoria desnecessária nos fóruns judiciais.

Em São Paulo, o promotor Cássio Conserino, que não faz parte da equipe de investigação de corrupção na Petrobras, abriu um processo contra o ex-Presidente Lula e sua mulher, Dona Marisa Letícia, com uma acusação estapafúrdia, em evidente abuso de poder, numa manobra que resultou em manchetes na imprensa e preencheu o vazio em que caiu a oposição após sofrer o grande revés no STF, que tenta a qualquer custo um golpe parlamentar contra a Presidenta Dilma, liderado pelo Senador Aécio Neves em aliança com o presidente da Câmara Eduardo Cunha.

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Essas e outras ações do gênero são indícios mais que suficientes para que setores do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal, que participam das operações Lava Jato e Zelotes, sejam chamados a dar explicações ao Congresso Nacional sobre possíveis desvios de conduta, abuso de autoridade e erros considerados graves na condução dos trabalhos de investigação a cargo dessas instituições, que não só põem em risco toda a política de combate à corrupção em curso no país, mas a credibilidade e a confiança nas instituições do Estado.

Por que o Congresso Nacional? Porque ele é o Poder mais soberano da República, devido aos vínculos diretos com a sociedade por meio do voto dos cidadãos. O Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal, que gozam de autonomia, e órgãos auxiliares, não podem agir perseguindo ou protegendo quem quer que seja, muito menos negligenciar garantias constitucionais, prerrogativas funcionais, nem o ordenamento jurídico do país.

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Evidentemente o Congresso Nacional não anda muito bem na opinião pública, tendo em vista o fato de um grande número de seus membros estarem sendo investigados, entre eles os presidentes da Câmara e do Senado, mas, nas duas Casas, há parlamentares de estatura republicana, em plenas condições de promover um trabalho que seja capaz de recuperar as garantias constitucionais e institucionais do Estado brasileiro.

O que não é possível continuar é essa situação de indigência ética de funcionários públicos desprovidos de cidadania, despreparados para o exercício de suas prerrogativas, a usá-las como instrumento político. Isso é grave e precisa ser investigado.

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Justamente no momento em que o país está preparado institucionalmente para enfrentar a corrupção e outras mazelas, com leis e instrumentos necessários, autoridades se comportam no limite da irresponsabilidade, de tal forma que corrompem a confiança da sociedade nas instituições.

A sociedade, em pleno Estado democrático de direito, não pode se tornar refém de possíveis facções políticas incrustadas no Judiciário, no Ministério Público, na Polícia Federal ou em qualquer instituição de fiscalização e controle. É preciso dar um basta nisso antes que seja tarde.

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Quem não gostaria de ver os malandros, parasitas de recursos públicos, na cadeia? Há quanto tempo se esperava por ações concretas de combate à corrupção? Mas não com seletividade e perseguição política deliberada como está ocorrendo, envolvendo procuradores, juizes, policiais e imprensa oligárquica.

O ativismo político explicito na Operação Lava Jato está levando à consolidação de um perigoso grupo de funcionários públicos que se julgam "acima da lei". Isso é tão grave quanto o conluio entre corruptos e corruptores.

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O Estado brasileiro ainda está impregnado da cultura monárquica, aristocrática. Como a transição do Império para a República foi uma mera conciliação pelo alto, sem ruptura, grande parte das autoridades e de funcionários públicos não costumam se comportar como membros de uma República, mas como monarcas, como casta privilegiada, membros de corte "a serviço de El Rei", muitas vezes acima das instituições e das leis.

Uma Comissão Parlamentar Mista (deputados e senadores) a ser formada por representantes de elevado espírito público poderá realizar extraordinária tarefa política republicana, democrática e cidadã, capaz de por fim à galhofa e à desmoralização institucional do país.

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