O macarthismo vil e mequetrefe dos batedores de panela(s)

O panelaço brasileiro é, desafortunadamente, mera manifestação de autoritarismo, de intolerância. Ele não pretende comunicar nada. Eles, os que hoje batem panelas, podem até estar enfadados, “revoltados”, mas estão com a barriga cheia

O panelaço brasileiro é, desafortunadamente, mera manifestação de autoritarismo, de intolerância. Ele não pretende comunicar nada. Eles, os que hoje batem panelas, podem até estar enfadados, “revoltados”, mas estão com a barriga cheia
O panelaço brasileiro é, desafortunadamente, mera manifestação de autoritarismo, de intolerância. Ele não pretende comunicar nada. Eles, os que hoje batem panelas, podem até estar enfadados, “revoltados”, mas estão com a barriga cheia (Foto: Lula Miranda)


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O macarthismo, nos velhos e pesados dicionários impressos, de capa dura, que ainda utilizo em meu escritório, é sinônimo de “atitude política radicalmente contrária ao comunismo, que se desenvolveu nos EUA, com a campanha desencadeada pelo senador Joseph Raymond McCarthy, quando presidente do Senate Government Operations Committee” - isso por volta do final da década de 1940 (só para situar na História).

Em dicionários eletrônicos, mais fáceis de acessar, o termo virou sinônimo de “prática de formular acusações e fazer insinuações sem provas, comparável à que caracterizou o movimento macarthista”. Ou ainda a “prática de fazer alegações injustas ou utilizar técnicas investigativas capiciosas, especialmente para restringir o dissenso ou a crítica política".

Seria a perseguição ao PT e aos petistas (ou aos aliados destes) uma nova espécie de macarthismo, um neomacarthismo?

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É bom que conheçamos, todos, todas essas definições – até porque a segunda e a terceira dependem da compreensão da primeira. Todas tentam apreender, talvez não consigam a contento, a mais perfeita tradução do terror (e do horror) que é ser perseguido por pessoas, ou por instrumentos e instituições a serviço de um Estado Leviatã, em processos, quase sempre kafkianos, no qual o indivíduo é acusado de um suposto crime, que, a rigor, ao menos nas democracias modernas, não é crime: emitir/exercer, com liberdade, a sua opinião, crença ou ideologia.

Não se trata, simplesmente, do crime de corrupção (ou de colarinho branco), para este existe a legislação e a Justiça, mas do crime de corrupção de valores – o que é pior. Este preocupa-me, sobremaneira.

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Ou seja: o indivíduo perde o sagrado e fundamental direito ao respeito à sua individualidade. Direito este que, de tão essencial, está previsto em praticamente todas as Constituições modernas – só não nos regimes ditatoriais, claro.

No Brasil de hoje, na visão dos indivíduos que estão confortavelmente assentados no topo da pirâmide social, ser filiado ao PT ou um militante petista é como se fosse um demérito, um “crime”, um pecado capital.

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Pretendem transformar os petistas numa nova espécie de párias da sociedade.

Nada mais equivocado e ruinoso para a democracia.

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No Brasil de hoje, vivemos uma espécie de macarthismo dos patifes.

Sim, isso mesmo, um “macarthismo” que é pura “patifaria”.

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Já vimos, nos dias de infâmias (e de infames) que correm, petistas sendo acossados e/ou agredidos, em diversos vídeos que circulam pela internet. Em hospitais, restaurantes, salas de aula, nas ruas e até em aviões.

Tivemos, recentemente, o caso do rapaz e da senhora que foram agredidos simplesmente por estarem usando uma camisa da cor vermelha. A cor dos “petralhas”, a cor dos “comunistas” – é o que eles pensam e dizem. Mas eles pensam?!

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Lembro aqui o caso do filho do jornalista Ricardo Noblat [este um antipetista de carteirinha – o pai, não o filho], que passeava, tranquilamente, na Paulista com seu bebê no carrinho, numa tarde de domingo, quando foi ostensivamente ofendido e quase agredido por uma turba desses intolerantes.

A mesma histeria do macarthismo.

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Ontem, durante o programa político do PT, vimos, novamente, a manifestação dessa ensandecida claque de patifes.

O curioso desse “panelaço” das elites conservadoras do Brasil, vale destacar, é que ele é essencialmente diferente do panelaço original – ou do “cacerolazo”, o do Chile em 1973 ou o da Argentina, de 2001. Na verdade, é o seu oposto. Como já o foram, tantos outros que vieram a seguir.

Os manifestantes do “cacerolazo” (o original) pretendiam fazer barulho para serem ouvidos em suas demandas. Os desassistidos (ou os indivíduos da classe média) tentavam fazer chegar suas críticas e demandas às classes dominantes, às classes governantes.  Estes batiam panela, numa alegoria: queriam passar a mensagem de que suas panelas estavam vazias.

Aqui, as classes dominantes, de panelas cheias, “apenas” desejam voltar a dominar, a governar.

O panelaço brasileiro é, desafortunadamente, mera manifestação de autoritarismo, de intolerância. Ele não pretende comunicar nada. Eles, os que hoje batem panelas, podem até estar enfadados, “revoltados”, mas estão com a barriga cheia.

Aquele que bate, freneticamente, a(s) panela(s) apenas não quer ouvir o outro, eleito “inimigo”.

Aquele que bate panela do alto de sua varanda gourmet não quer diálogo; não deseja ouvir o que o outro tem a dizer. Daí o barulho, frenético.

Para aquele que bate panela(s), só a sua opinião importa.

O batedor de panelas, no Brasil, é o indivíduo conservador, autoritário. Aquele que acha que só a sua opinião, vontade ou ideologia deve prevalecer.

O batedor de panelas é, ao fim e ao cabo, da mesma estirpe ou linhagem do verdugo, do carrasco, do ditador de republiqueta, do corrupto, do egoísta.

O batedor de panelas, no Brasil, não se engane, é a mais perfeita tradução do direitista, do intolerante.

Embora, na maioria dos casos e das vezes, nem eles mesmos se deem conta disso.

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