Pau que dá em Chico; cipó que dá em Francisco e a imprensa quase democrática

Chego à incrível conclusão que, para fugir da regulamentação, a grande mídia começa a querer ser “democrática”. Mentira! Continuam mentindo para nós

Chego à incrível conclusão que, para fugir da regulamentação, a grande mídia começa a querer ser “democrática”. Mentira! Continuam mentindo para nós
Chego à incrível conclusão que, para fugir da regulamentação, a grande mídia começa a querer ser “democrática”. Mentira! Continuam mentindo para nós (Foto: Marconi Moura de Lima Burum)


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Eu estava olhando aquela reportagem do jornal O Estado de São Paulo (Estadão) do dia 7 de novembro último, em que pese uma chamada com escopo na Odebrecht (empresa investigada pela Operação Lava-Jato) e sua possível vinculação inadequada junto aos institutos, Lula e FHC (Fernando Henrique Cardoso).

Nas manchetes, alinhavam-se os valores recebidos por um e outro; o uso dos verbos; o negrito aplicado; o tamanho das fontes etc. (muito embora, o “justiçamento” de compreenderem a mesma página do jornal para as duas entidades). É melhor eu citar a vocês exatamente o que dizem as chamadas, não é? Daí fica mais fácil dialogarmos essa confusão que proponho, certo?

Bom, era a primeira matéria assim intitulada na metade do caderno A6 – Política – do Estadão: “Lula recebeu quase R$ 4 milhões da Odebrecht, diz PF”. A segunda, que fala do mesmo assunto, assim descreveu: “Empreiteira doou R$ 975 mil a Instituto FHC, aponta laudo”.

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Num primeiro momento iludi-me que a imprensa brasileira finalmente estivesse aprendendo a ser democrática. Afinal, antagônicos (Lula/PT e FHC/PSBD) se encontravam na mesma página, sendo “igualmente” apontados nas abordagens dos fatos nacionais. Triste quimera! Os jornalistas, Chico Bicudo, com a aula em seu blog, e Alberto Villas, com uma compreensão semiótica divulgada em seu perfil na rede social, trataram logo de me esclarecer (e aos brasileiros) o infortúnio de nossa fictícia liberdade de imprensa e pseudo-democracia.

Nos estudos e comparações dos jornalistas, viu-se que Lula era digitalmente anunciado, sua foto (agressiva) expunha um tipo, um estereótipo de gente “ruim”, e Lula agia (ver verbo) em função de um propósito. Por outro lado, Fernando Henrique, demonstrada-mente (foto e verbo) passivo, resignado, bondoso; um cordeiro. A empresa só leva o nome se tiver como vinculá-la aos propósitos escusos da reportagem, portanto, em Lula. Senão, ela é somente qualquer “empreiteira” (em FHC). E para completar (é, porque sem a ajuda dos jornalistas não conseguirei achar tão facilmente outras mensagens subliminares do Estadão), o império da justiça é consolidado pelas mãos austeras da Polícia Federal – em Lula. A FHC lhe oferecem-lhe a contingência de um “laudo”, entidade abstrata e pouco vinculativa ao imaginário comum.

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Amigos, urge a seriedade! E essa seriedade só é possível com a regulamentação dos Artigos 220 e 221 da Constituição Federal. Lá não se pede muito, não se exige muito da Nação. Não fere a sagrada Liberdade de Imprensa, de expressão. O que se clama lá é tão e tão somente que não haja a permissividade tão agressiva e não nociva do Monopólio (ou seja: pouquíssimos num ramo de negócio; nesse caso, a Mídia), e do Oligopólio (ou seja: pouquíssimas famílias no ramo do negócio; nesse caso, a Mídia, com 7 famílias de alto poder de fogo dizendo o meu discurso – sem que eu queira necessariamente).

É pedir muito? A CF-88 foi tão mesquinha assim com a liberdade de imprensa – desses caras? Ela somente pleiteou que se regulamente o básico, o óbvio: fim do monopólio e do oligopólio – e que todos tenham um pedaço da mídia; dos conteúdos; da informação; e da capacidade de distribuição disso tudo. É isso e mais nada. E não o fizemos há 27 anos (tampouco faremos agora?).

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Em suma, o fato acima citado demonstrou que são canalhas que produzem esse tipo de reportagem direcionada. Destarte, peço que compreendam minha indignação com a NÃO-REGULAMENTAÇÃO dos meios. Penso que o respeito precisa ser integral aos fatos em sua originalidade e consequência. Imprensa (seu exercício) não pode ser um mero trabalho criativo-retórico; ou artístico-dominial; ou político-sectário... O ato da produção jornalística deve ser criativo, óbvio, mas não alienante e, sobretudo, [in]dignado à fidelidade de sua matéria-prima na essencialidade... doa em quem doer [inclusive, político, ideológico e semanticamente em quem produz; o jornalista].

Visto tudo isso, chego à incrível conclusão que, para fugir da regulamentação, a grande mídia começa a querer ser “democrática”. Mentira! Continuam mentindo para nós. Não nos depositam o conteúdo da realidade, contudo, a ficção e fixação de suas intencionalidades. O uso instrumental da liberdade de expressão para escusos interesses individuais; de corporações e/ou segmentos pequenos da sociedade.

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As pessoas, sim, começam a desconfiar dos noticiários, e a grande mídia, no entanto, continua a trabalhar sob o escopo do: “me engana que eu gosto”. Tomara, portanto, que a imprensa lato sensu vigente se veja a engasgar-se em seu próprio vômito. (Que me perdoes por este último termo lestes e o chulo de meu desabafo... é o limite tolerável que chega ao fim). Acordemos...

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