O ódio contra dona Marisa

As manifestações e desamor e de insanidade, que tomaram conta das redes sociais, precisam ser levadas a sério, por mais estúpidas que possam ser

lula marisa
lula marisa (Foto: Nêggo Tom)


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A morte de Dona Marisa Letícia trouxe a tona uma série de questões e posicionamentos que precisam ser discutidos, tanto no âmbito da psicanálise, quanto no aspecto moral. Mas podemos resumir todas essas questões e posicionamentos podem ser resumidos numa só palavra. Ódio. Segundo o dicionário Michaelis, a palavra ódio significa: aversão ou repugnância que se sente por alguém ou por alguma coisa; antipatia, desprezo, odiosidade. Rancor profundo e duradouro que se sente por alguém.

Sabemos que a história da humanidade é repleta de capítulos nos quais o ódio motivou genocídios, extermínios da dignidade e outros tipos de mazelas, que até hoje estão presentes em nossa sociedade. O fascismo e a intolerância já protagonizaram momentos deprimentes e há quem sinta saudades dessa época. Não é de se espantar se existir entre nós, nos dias de hoje, quem deseje asfixiar Judeus numa câmara de gás, colocar negros no tronco e açoitá-los, queimar na fogueira quem professe uma fé religiosa ou apedrejar em praça pública quem apresente uma orientação sexual diferente do padrão de naturalidade.

Tenho certeza de que não estou exagerando e os abutres que estão a vigiar o corpo e a alma de Marisa não me deixam mentir. As manifestações e desamor e de insanidade, que tomaram conta das redes sociais, precisam ser levadas a sério, por mais estúpidas que possam ser. Não é possível que o ser humano tenha se degradado tanto, ao ponto de um Médico, profissional responsável por salvar vidas, venha a público sugerir a seus colegas de profissão que cuidavam da ex-esposa de Lula, que desliguem os aparelhos para que o capeta a abrace logo. Imagine um cidadão que se declare petista ou de esquerda e que necessite ser operado por um médico como esse. Alguma dúvida de que ele pode negligenciar procedimentos necessários para salvar a vida desse paciente?

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O ódio é irracional e leva “cidadãos de bem” a festejarem a morte de outro ser humano, como se a morte não fosse o destino de todos nós. Como se a morte fosse um castigo e esses que comemoraram o AVC sofrido por Dona Marisa, fossem imortais e estivessem imunes a ela. A obsessão em destruir alguém pode levar o ser humano a atingir o clímax da maldade. Presenciamos isso no dia a dia, seja no trabalho, na rua, na vizinhança, no colégio, na família. É o cara que faz de tudo para subir na empresa e esse tudo inclui tirar de jogada por métodos sujos, o concorrente que mais ameaça a sua promoção. É o cidadão que ao avistar alguém na rua com uma camisa vermelha, manda esse alguém ir pra Cuba, como se todo mundo que vestisse vermelho fosse comunista, como se o país fosse apenas dele e como se ele represen tasse o patriotismo puro, honesto e imaculado.

É o ódio do profissional médico que vaza os dados sigilosos de um paciente e os expõe nas redes sociais, sem o menor pudor, como se estivesse fazendo um bem à sociedade. É falta de caráter do cidadão que não respeita a dor do outro e faz piada com o seu sofrimento mais íntimo. Não! Isso não pode ser encarado apenas como rivalidade política. Isso tem que ser visto como uma manifestação de ódio e repudiado em todos os momentos. A ascensão de Trumps, Le Pens e Bolsonaros, em todo mundo, é um grande risco a humanidade. O discurso radical e extremista dessa gente, pode nos fazer retroceder, perigosamente, ao tempo das cavernas. Já bastam os pedidos de intervenção militar e as constantes referências de exaltação a tortura.

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É tanta sandice que eu já li nas redes sociais, a respeito da morte de dona Marisa, que eu não duvido nada se começar a circular um boato dando conta de que, para escapar de uma possível prisão, ela forjou a própria morte enterrando uma sósia em seu lugar. Enquanto ela, a original, foi vista a beira da piscina de um hotel em Dubai, tomando champanhe e comendo torresmo em companhia de Eliza Samudio. Eu até já imagino um "Super Pop" especial abordando o assunto e a Luciana Gimenez pedindo para abafar o caso. Eu me deparei com uma imagem no Facebook, onde, de um lado era exposta uma foto de dona Marisa ainda em vida, e do outro uma foto que supostamente era dela dentro do caixão.

A intenção, acredite se puder, era comparar os traços do rosto, sobrancelhas e nariz, e sugerir que outra pessoa pudesse ter sido sepultada em seu lugar. Doentio demais. É esse tipo de comportamento odioso que fez o golpe ganhar corpo. Golpe esse que colocou o país numa situação ainda pior, sendo governado por corruptos meritocratas, que aprenderam a ser desonestos desde as entranhas de seus genitores. Temos indiciados, delatados, investigados, condenados e toda sorte de bandidos que podem ocupar o mesmo espaço, ao mesmo tempo. E as panelas não batem. Por quê? Porque o objetivo era apenas um. Tirar do poder quem desagrada os que se julgam donos da razão. O ódio é seletivo. Quem se deixa mover pelo ódio pessoal, deixa de ser movido pelo senso verdadeiro de justiça.

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Ainda há quem tente justificar o ódio a dona Marisa e a falta de respeito com o seu passamento, citando um áudio vazado no qual ela manda os “coxinhas” enfiarem as panelas no c... Mas ao que parece eles seguiram a sua recomendação. O corrupto e lacaio de Temer, Rodrigo Maia, foi reeleito presidente da câmara. O senador Eunício Oliveira, outro corrupto delatado, foi eleito presidente do senado. O mineirinho Aécio Neves, artífice principal do golpe, está atolado em corrupção até o pescoço. O atual presidente da república, citado 43 vezes na delação da Odebrecht, cria um ministério especial para dar foro privilegiado ao seu comparsa, Moreira Franco, investigado pela lava jato. Sem falar na famigerada reforma da previdência e nas propostas de flexibilização das leis trabalhistas, que farão do trabalhador um escravo moderno.

Se com tudo isso e muito mais que está acontecendo no país pós golpe, as panelas não batem mais, elas só podem estar enfiadas onde D. Marisa sugeriu. Talvez o incômodo causado pelo utensílio esteja despertando toda essa irritação e todo esse ódio louco e perverso na mente desses que se esqueceram que têm um coração. Eles estão loucos.

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Mais amor e menos ódio, por favor!

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