Malcons, quantos mais ainda perderemos?

O fenômeno de homicídios que vitimiza nossa juventude, em especial a negra e pobre, é nesse momento um dos problemas mais desafiadores para a agenda de políticas no Brasil, pois trata da proteção de toda uma geração que segue em perigo e refém de problemas sociais históricos



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Malcons, quantos mais ainda perderemos? Essa pergunta deve, nesse momento, povoar as mentes de muitos que se questionam até quando nossos jovens serão destaque nas páginas dos jornais como estatísticas da violência no Brasil.

Ficamos surpresos com a notícia do assassinato do menino Malcon Jonas do Nascimento, 17 anos, filho do presidente da Central única das Favelas (Cufa), Preto Zéze. A fatalidade ocorre a há exatas cinco semanas da aprovação do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito "Homicídios de Jovens Negros e Pobres", que se debruçou sobre a realidade enfrentada pelas pessoas nas comunidades mais pobres do país.

Malcon se soma as tristes estatísticas que reunimos ao longo dos 120 dias de investigação da CPI pelo Brasil. É importante lembrar que o quadro torna-se ainda mais alarmante quando refinamos nosso olhar e verificamos que a mortalidade é ainda maior entre os jovens negros e pobres do nosso país.

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Números da pesquisa "Estudo Global sobre Homicídios 2013" a Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) revelam que o Brasil ocupa um lugar de destaque no ranking dos países mais violentos do mundo, sendo o a país que possui 11 das 30 cidades mais violentas do mundo.

Convivemos com um Brasil em que mais da metade (53,3%) dos 52.198 mortos por homicídios em 2011 no Brasil eram jovens, dos quais 77% são negros (pretos e pardos) e 93,03% são do sexo masculino. A mesma realidade é apontada pelo Mapa da Violência no Brasil, o qual mostra que, em média, 28 jovens entre 11 e 19 anos são assassinados por dia.

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Essa realidade convoca o Estado a redobrar suas energias na elaboração de políticas efetivas que evitem casos como o do menino Malcon, vítima se uma realidade brutal socialmente construída. Ao mesmo tempo, precisamos varrer do horizonte social a naturalização de casos como esse. Não podemos mais admitir que a violência seja algo como ao seio social, pelo contrário, ela precisa e deve ser vista como um problema de política pública de atenção social,

O fenômeno de homicídios que vitimiza nossa juventude, em especial a negra e pobre, é nesse momento um dos problemas mais desafiadores para a agenda de políticas no Brasil, pois trata da proteção de toda uma geração que segue em perigo e refém de problemas sociais históricos. Nosso empenho foi e será o de reverter esse cenário brutal, que compromete nosso futuro e reforça as desigualdades.

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Precisamos virar essa página. Ela mancha nossa história. E mais, quantos Malcons mais precisaremos perder para entender que a atual realidade assassina o que há de mais precioso ao nosso país?

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