Telê Santana e a linhagem perdida do futebol brasileiro

O povo, quando o assunto é futebol, compreende que ganhar ou perder faz parte do jogo, mas não aceita uma equipe tacanha, burocrática, tecnicista como vem se formando de 1990 para cá



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O futebol brasileiro, estirado no divã e imerso em profunda crise de identidade depois dos 7 a 1, em sua derrocada na Copa do Mundo em 2014, e após a vergonhosa participação na Copa América 2015; presta homenagens a um dos mais nobres descendentes de sua linhagem: Mestre Telê Santana, que completaria 84 anos neste domingo.

Telê Santana foi tão vencedor, que conseguiu a proeza de transformar uma derrota em vitória, fazendo com que a Seleção Brasileira, desclassificada para a Itália, na Copa do Mundo da Espanha, em 1982, fosse lembrada e reverenciada até os dias atuais como um dos maiores times de todos os tempos na história do futebol.

Verdade também que Mestre Telê Santana por muito pouco não se estereotipou com a marca de pé-frio, por ter sido desclassificado como técnico da Seleção Brasileira em duas Copas do Mundo (82 e 86), em situações em que só a metafísica e o improvável do futebol permitem uma assimilação dolorida.

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Não fossem os 22 títulos conquistados no comando do São Paulo Futebol Clube, no período de 1990 a 1996, por pouco não fora condenado ao ostracismo cruel de um Barbosa, goleiro que tomou o gol da virada na Copa de 50 e sofreu uma inquisição por toda a vida.

As mais infinitas variáveis foram e ainda estão sendo traçadas na tentativa de explicar a perda de nossa passada no futebol, que encantava o mundo com dezenas de craques e possuía um modo próprio de envolver a bola com os pés, desmontando adversários e quebrando esquemas táticos.

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Passados 33 anos da tragédia do Sarriá, a Seleção comandada por Telê Santana, composta por Waldir Peres; Júnior, Luisinho, Oscar e Leandro; Cerezo e Falcão; Éder, Zico e Sócrates; Serginho; está mais viva em nosso imaginário e ainda serve de parâmetro, capaz de nos fornecer algumas explicações sobre os caminhos futuros para o nosso time-nação e o sentimento do povo quanto ao nosso futebol.

Quanto ao caminho é o reestabelecimento de que nossa Seleção seja formada por verdadeiros craques, diferenciados, com o que temos de melhor, e não por ilustres desconhecidos como se acentuou no time que disputou a Copa América no Chile. Outro ponto é de que o povo brasileiro, tão calejado e tão desprovido, mas que entende do bom futebol, quer assistir uma equipe que jogue bonito, princípio máximo defendido por Telê Santana.

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Quando o povo brasileiro - dos comentaristas especializados aos mais simples torcedores - clamam por um Guardiola à frente de nossa Seleção, esse sentimento, esse grito, também representa uma homenagem a mestres como Telê Santana, que compreendia o futebol, acima de qualquer resultado, como uma arte.

O povo, quando o assunto é futebol, compreende que ganhar ou perder faz parte do jogo, mas não aceita uma equipe tacanha, burocrática, tecnicista como vem se formando de 1990 para cá, tanto que não conquistando o título, a Seleção de 82, que encantou o mundo, é tomada como referência do estilo brasileiro de jogar bola.

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