A realidade dos presídios resulta do fracasso do Estado na relação com periferia e reeducação

O domínio do tráfico de drogas nas comunidades, anteriormente tratadas como favelas, somente se consolidou porque o processo histórico comprova a ausência de políticas sociais corretas dos Governos – do Estado em si – promovendo a inclusão das populações num índice de vida decente

Presos de facções rivais durante rebelião no presídio de Alcaçuz, na grande Natal. 17/01/2017 REUTERS/Josemar Gonçalves
Presos de facções rivais durante rebelião no presídio de Alcaçuz, na grande Natal. 17/01/2017 REUTERS/Josemar Gonçalves (Foto: Walter Santos)


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Há em curso uma pirotecnia tomando conta da pauta principal de Governo, como de sorte da mídia nacional, expondo estratégias tipo remendo anunciadas para conter a grave crise entre facções criminosas nos presídios de algumas cidades, embora a questão de fundo – ou seja, a falência da presença do Estado em áreas de risco social seja encoberta por interesses editoriais e políticos.

O domínio do tráfico de drogas nas comunidades, anteriormente tratadas como favelas, somente se consolidou porque o processo histórico comprova a ausência de políticas sociais corretas dos Governos – do Estado em si – promovendo a inclusão das populações num índice de vida decente.

TRÁFICO OCUPA ESPAÇO DO ESTADO

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Qualquer estudante de Sociologia identifica facilmente que o Estado ao se ausentar de suas funções de abrigar políticas de inclusão social permitiu que ao longo do tempo o crime organizado ocupasse espaços de responsabilidade do Estado, quer na oferta de assistência médico – hospitalar, quer no atendimento de anseios urgentes dessas comunidades.

Ora, é óbvio admitir que com esta cumplicidade a própria comunidade beneficiada pelo "serviço emergencial" do Tráfico passou a ser parte da cadeia de influência e distribuição de drogas e outros "serviços" da bandidagem.

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CLASSE MÉDIA ALTA COMO FOMENTADOR

Afora a constatação de fracasso do Estado nessa correlação, há que se admitir o envolvimento de setores da Classe Média alta para cima como fomentador desta cadeia de processos criminosos a partir do momento em que ela é quem consome a droga trabalhada nos morros e comunidades.

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O retrato três por quatro de tudo isto pode ser compreendido na relação da Zona Sul do Rio de Janeiro, bela e nobre, cerca de comunidades (ex-favelas?) onde as drogas são preparadas para consumo na parte de baixo, onde estão os ricos e famosos.

Esta realidade se aplica a todos os centros urbanos do País. Só a droga mais barata, crack – sobretudo e maconha é mais consumida por pobre.

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A guerra pelo tráfico nesses ambientes geográficos é saldo do espaço e/ou terreno perdido pelo Estado na relação com os cidadãos e cidadãs dessas comunidades.

SÍNTESE

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As medidas do Governo Temer de acionar as Forças Armadas para tarefa comum do aparato policial de Estado – PMs, Civil, Agentes penitenciários e até Forças Federais – tem natureza tática de piroctecnia de marketing e de pouca eficácia, posto que a missão principal de nosso Exercito é de proteção do Estado brasileiro em outro tipo de invasão externa, nunca do predomínio interno dos grupos que dominam o crime organizado.

A saída, por fim, está na repactuação das atribuições entre União, Estado e municípios porque de certa forma uma parte do problema está na estruturação dos presídios e da proteção das fronteiras por onde passam as drogas – daí a inserção do Governo Federal -, embora a raiz do problema esteja no aguçamento da decadência social que, neste caso, Temer só fez aguçar e ampliar para o futuro a gravidade do problema social.

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Ao desmarcar reunião na quarta-feira, 19, com os governadores dos Estados o presidente dá demonstração de que anda perdido feito cego em tiroteio – e isto significa despreparo diante de um personagem que prometia solução.

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