A tristeza de Marisa e o cinismo da grande imprensa

A impressão é que os jornalistas que cobriram a morte de Marisa Letícia saíram das redações, ou foram para os estúdios, ou se sentaram na frente de seus laptops, com a seguinte orientação: "Sejam estritamente técnicos, não passem emoção, não comovam seus telespectadores, ouvintes e leitores". E assim foi feito

Lula toca a mão de Marisa Letícia no velório da ex-primeira-dama
Lula toca a mão de Marisa Letícia no velório da ex-primeira-dama (Foto: Washington Luiz de Araújo)


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"E a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou" (Lupicínio Rodrgiues)

Todos nós herdamos de nossos pais algumas coisas que consideramos lapidares, definitivas. Alguns têm verdadeiro orgulho delas e as praticam: outros nem tanto. Hoje, no jornalismo brasileiro, existem muitos que não podem dizer que herdaram virtudes de seus pais. Se as herdaram, colocaram no fundo de uma gaveta e nunca mais as tiraram de lá.

O caso da morte de Marisa Letícia Lula da Silva transformou-se em mais um "case" jornalístico sobre como alguns profissionais, hoje a maioria dos que trabalham na chamada grande imprensa, se portaram.

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A impressão é que saíram das redações, ou foram para os estúdios, ou se sentaram na frente de seus laptops, com a seguinte orientação: "Sejam estritamente técnicos, não passem emoção, não comovam seus telespectadores, ouvintes e leitores".

E assim foi feito. Técnicos, frios, gelados, em pleno verão. Não estou cobrando aqui que fossem espalhafatosos, pirotécnicos, lacrimosos, como foram, por exemplo, na morte de Eduardo Campos.

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Mas esses jornalistas praticam a teoria abjeta de que o seu consumidor de notícia é facilmente manipulável: chore, cante, xingue, mostre seu ódio. E o telespectador, leitor ou ouvinte, levanta, feito um hipnotizado, e sai cumprindo as ordens do hipnotizador. Já é famosa a tese absurda passada pelo apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, de que os telespectadores são como Homer Simpson: imbecis, de raciocínio lento.

Lula afirmou – e tem o apoio de muitos nessa crença de que Marisa Letícia morreu muito triste. Ela teve vilipendiada a honra que seus pais lhe deixaram; colocada em xeque em praça pública. Viu a Polícia Federal "invadir" sua casa, mexer até em seu colchão. Viu a imprensa difamar sua honra, sem um pingo de contraponto. E não vimos os jornalistas da chamada grande imprensa colocar essas questões como fatores que contribuíram para a sua morte. Quem em sã e com verdadeira consciência e com verdadeira e digna honestidade pode duvidar que Marisa Leticia foi morta em razão dá série brutal e continuada de VIOLÊNCIAS perpetradas contra ela é, sobretudo, contra a sua família?

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O que vimos da parte da maioria dos profissionais da grande imprensa foram justificativas falaciosas. Mas o que fica é o que pensa seu marido, que a conhecia há quase 50 anos: "Marisa morreu triste por conta da canalhice que fizeram com ela". E continuaram fazendo. Mesmo quando foi internada, mesmo quando morreu.

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