Não querem mais transar. De onde vem a falta de desejo sexual?

A cada dia, mais e mais pessoas, solteiras ou comprometidas, consultam especialistas em busca de solução para a diminuição ou a ausência de apetite sexual.  

Não querem mais transar. De onde vem a falta de desejo sexual?
Não querem mais transar. De onde vem a falta de desejo sexual?


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Por Pascale Senk – Le Figaro

Não é de se admirar que um dos mais recentes best-sellers seja o livro L’Envie (O Desejo), que conta a história pessoal da jornalista Sophie Fontanel, e levanta a questão da abstinência sexual (Ed. Robert Laffont). Todos os sexólogos e psicoterapeutas especializados concordam neste ponto: enquanto a questão do prazer a ser alcançado era o grande motivo das consultas dos anos 1970 e 1980, hoje em dia é a questão do desejo que importa.

«80 % dos casais que recebo vêm para um problema de queda ou falha do desejo”, diz Alain Héril, psicanalista e terapeuta sexual que acaba de publicar Les Ados, l'Amour et le Sexe (Os Adolescentes, o Amor e o Sexo) (Ed. Jouvence). “O mais surpreendente é que muitas vezes, os parceiros se amam e se dão muito bem. Mas quando a diminuição ou o desaparecimento de suas relações sexuais duram longos períodos – às vezes quatro, cinco anos – fazem com que eles se questionem e até sofram. Eles vêm me ver, e geralmente chegam juntos”.

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O desejo nunca é linear

Padrão clássico: o casal está constituído há mais de quinze anos, as crianças, adolescentes, estão prestes a deixar o ninho familiar, a questão da sexualidade é então necessária na evocação deste espaço-tempo em que se vai liberar. «Ficamos bastante ocupados durante anos, diz Jeanne, 48 anos de idade. tínhamos que construir nossas carreiras, assegurar nossas garantias financeiras, a educação das crianças, tudo era um peso em nossas costas… Aos poucos, apesar de todo nosso carinho um pelo outro, nossas relações sexuais foram se espaçando e ficando escassas. Foi só aí, quando comecei a ficar frustrada, que isso se tornou um problema. Caso contrário, considerando todos os outros centros de interesse que compartilhávamos, isso poderia ter permanecido assim por um longo tempo!»

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Alain Héril reconhece que o que constrói realmente o casal não é a sexualidade mas, a compreensão de ambos no que diz respeito ao fato de estarem juntos. Quando esta questão do significado estiver resolvida, as flutuações do ritmo sexual não importam tanto. «Na realidade, um casal é composto de vários casais, o terapeuta sexual gosta de relembrar.  Existem momentos em que as relações são tórridas e outros, onde tudo está muito tranquilo.»

Corpúsculos do prazer 

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Mas o que pode esconder esta calma? Na pessoa que se consulta sozinho, porque está preocupada com sua libido em declínio, se nota com frequência distúrbios mecânicos, anorgasmia na mulher ou ejaculação precoce no homem, que pouco a pouco e insidiosamente erodiram o desejo das relações.

Maïté Sauvet, pesquisadora em neurociências associada ao Instituto de Ciências Cognitivas do Mediterrâneo e autora de Être soi dans le plaisir (Ser si mesmo no prazer) (Ed. Chiron), vê outra explicação para esta diminuição da libido que está se tornando comum : «O que a nossa sociedade apresenta como fonte de excitação -  imagens pornográficas, tais como cenas de coito rápido em um elevador – não é um vetor de prazer.»

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Para esta cientista, é porque de alguma forma, não sabemos mais fazer amor e nosso desejo está “secando”: «A sexualidade não tem que ser rápida e somente alimentada de um modo “voyeur”. Apenas o toque, realizado por um longo tempo e as carícias no corpo todo podem despertar biologicamente os corpúsculos do prazer, através dos quais haverá uma liberação de ocitocina, o hormônio do orgasmo.»

O tédio mata o desejo 

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E Maïté Sauvet relembra também como a «rapidez do consumo sexual » impede a produção de encefalinas e da dopamina, tão necessária ao sentimento de regeneração pós-orgasmo. Resultado : «Atualmente, o orgasmo é geralmente limitado às zonas erógenas. Se os parceiros têm pouca vontade é porque eles não sentem um prazer global com ressonância no corpo todo, quando fazem amor.»

Sim, mas o que acontece com as tensões da vida cotidiana que, como para Jeanne, tem paixões mais ardentes ? «Cuidado, não é o dia a dia que mata o desejo, diz Alain Héril, mas o tédio. Muitos pacientes confundem as duas coisas. O dia a dia pode ser erótico : no seu modo de tocar o outro, ao fazer a faxina ou de lhe enviar doces mensagens no SMS, mesmo se você estiver no seu trabalho, você pode permanecer com o desejo vivo. Mas quando não sentimos mais nenhuma curiosidade por aquele que se tornou um “estranho familiar”, aí o casal corre perigo»

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Felizmente, as sessões de terapia têm um «efeito afrodisíaco», afirma o terapeuta sexual, pois elas mobilizam a reflexão de cada um sobre a questão sexual, quando a vida a dois os afastou sexualmente. Resultado: 70 % dos casais que se consultam «vão embora com desejo».

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