Porquinhos amigos. Produzirão órgãos para transplantes humanos

Células-tronco humanas foram introduzidas em embriões suínos com o objetivo de fazer crescer em animais órgãos para transplantes compatíveis com os seres humanos. Quimera é o nome dado a essas criaturas híbridas.  

Porquinhos amigos. Produzirão órgãos para transplantes humanos
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Por: Luis Pellegrini

 

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Pela primeira vez foi possível obter embriões constituídos de células de duas grandes espécies de mamíferos, muito diversas entre si. Um grupo de cientistas da Califórnia criou embriões de porco contendo células tronco humanas: os híbridos – ou quimeras, retomando uma sugestão mitológica – foram destruídos numa fase precoce do seu desenvolvimento, mas serviram perfeitamente para se compreender como os dois tipos de células interagem para formar novas entidades genéticas.

 

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Um dos embriões de 4 semanas de porcos com células humanas do experimento.

 

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O objetivo a longo prazo é usar o corpo de animais como incubadoras para cultivar órgãos funcionais constituídos de células humanas, aptos para serem utilizados em transplantes. O experimentos levados a cabo no Salk Institute for Biological Studies (La Jolla, Califórnia) suscitou no entanto algumas preocupações éticas ligadas à possível perda de controle dos experimentos, o que poderia levar à soltura na natureza de animais híbridos, bem como a criação de exemplares “inteligentes, com células humanas (e portanto carregadas de memória genética humana) em seus cérebros.

 

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Juan Carlos Belmonte (em pé) e Jun Wu, cientistas de La Jolla envolvidos nos experimentos.


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O cruzamento

O experimento foi descrito em matéria publicada pela revista científica Cell (Célula). Nele, células-tronco humanas foram injetadas em embriões de porcos ainda nos seus primeiros estágios de desenvolvimento. Foram obtidos desse modo cerca de 2 mil híbridos que foram a seguir transferidos para os úteros de porcas e ali deixados para que se desenvolvessem durante 28 dias (o correspondente a uma terça parte do tempo de gestação suína) antes de serem removidos. O resultado foram mais de 150 embriões prevalentemente suínos, com uma pequena contribuição de células-tronco humanas (uma célula para cada 10 mil).

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A interrupção da gravidez das porcas receptoras foi programada naquele estágio para não suscitar preocupações a respeito da criação de quimeras maduras. Uma das principais dificuldades foi adaptar os tempos de desenvolvimento das céllas humanas àqueles mais rápidos  da gestação suína. Esta última dura apenas 112 dias: as células do porco se desenvolvem em uma velocidade 3 vezes superior à da humana.

 

O porco é, geneticamente e pelas suas dimensões e características, um dos animais mais favoráveis às experiências para a criação de quimeras.


Precauções 

Nenhuma célula humana foi encontrada no cérebro dos híbridos, embora a possibilidade de que algumas escaparam aos exames não possa ser excluída. Se este será um caminho percorrível, serão as leis nacionais, para além dos resultados científicos, que definirão os seus limites. No futuro, as células tronco humanas enxertadas poderão, através da engenharia genética, impedir o desenvolvimento do cérebro das quimeras.

O mesmo grupo de cientistas, num segundo experimento, criou quimeras camundongo-ratos, enxertando células tronco de ratos em embriões de camundongos nos quais faltavam os genes cruciais para a formação de alguns órgãos. O resultado foram camundongos com olhos, coração e pâncreas constituídos, em grande parte, de células de rato. Embora muito prometedora, a criação de órgãos humanos personalizados, “cultivados” em corpos de animais, permanece ainda uma perspectiva longínqua. Mas, como sabemos, a ciência avança a passos de gigante. Talvez não esteja tão longe o dia em que poderemos sobreviver graças ao transplante de órgãos vitais inteiramente desenvolvidos no corpo de animais. Geneticamente, o porco é, como se sabe, um dos mais aptos a ajudar os humanos nessa empreitada.

 

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