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América Latina, presente na COP27

Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que participará da instância global após receber convite do comitê organizador, mas não poderá participar do fórum de lideranças

América Latina, presente na COP27 (Foto: REUTERS/Mohammed Salem)

Sputnik Mundo - A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas 2022 (COP27) começou a se reunir na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, 500 quilômetros a sudeste da capital, Cairo.

O encontro de instituições globais que busca harmonizar os esforços globais em questões ambientais, por meio da negociação, planejamento e implementação de acordos e políticas comuns, contempla a participação de líderes mundiais em diferentes mesas temáticas por dia.

A cúpula pretende abranger desde a articulação do Acordo de Paris, ciência, juventude e gerações futuras, abandono das emissões de carbono, adaptação e agricultura,  gênero, água, sociedade civil, energia, biodiversidade, entre outros.

A Conferência das Partes (COP), referente aos 197 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, assinada em 1992 na Cúpula do Rio, é realizada anualmente desde 1995.

Nesta ocasião, mais de 125 líderes mundiais discutirão e apresentarão propostas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, projetos para abordar a soberania alimentar, a compreensão da água como  fator-chave no processo e a gestão de resíduos até 2050.

América Latina diz presente

O presidente colombiano Gustavo Petro participou da conferência sobre mudanças climáticas e em seu discurso no debate geral destacou a necessidade de os governos gerarem imediatamente um plano global para desconectar os hidrocarbonetos.

"A descarbonização é uma mudança real e profunda no sistema econômico que domina. É hora da humanidade e não dos mercados", disse o presidente colombiano ao apresentar um Decálogo de recomendações a serem seguidas para enfrentar a crise climática. Ele destacou:

"A humanidade deve saber que, se a política mundial não superar a crise climática, ela se extinguirá. Os tempos de extinção em que vivemos devem nos levar a agir agora e globalmente como seres humanos, com ou sem a permissão dos governos. É hora para a mobilização de toda a humanidade", disse Petro.

Por sua vez, afirmou que "o mercado não é o principal mecanismo para superar a crise climática. É o mercado e a acumulação de capital que o produziu e estes nunca serão o seu remédio", disse.

Petro assegurou que é "a política mundial, ou seja, a mobilização da humanidade, que corrigirá o rumo e não o acordo de tecnocratas influenciados pelos interesses das companhias de carvão e petróleo", por meio de "planejamento público, global e multilateral".

Venezuela

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, está presente no Egito para a conferência do clima e participará de várias mesas de trabalho e da plenária central do encontro mundial, onde apresentará as propostas de seu governo aos mais de 190 países presentes.

O chefe de Estado da Venezuela assegurou que defenderá sua firme posição de acelerar os processos para substituir o modelo capitalista por um modelo que respeite as condições de vida no planeta, ao especificar que proporá antes da COP27 acelerar os passos para gerar planos de mitigação das mudanças climáticas.

"Vamos levar a voz da Venezuela, vamos levar a voz dos povos do sul, vamos levar a voz dos nossos povos da América Latina e do Caribe, a voz da ALBA", disse o presidente.

Lula

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou que participará da instância global após receber convite do comitê organizador, mas não poderá participar do fórum de lideranças, reservado aos líderes em exercício.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro, conhecido crítico dos fóruns de cooperação para a mitigação das mudanças climáticas, "faz um jogo de adiar" o anúncio de sua comitiva, diz a revista brasileira Veja, finalmente decidiu-se que o porta-bandeira oficial do Brasil na COP27 seja o Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.

O presidente argentino Alberto  Fernández, que anunciou que não viajará ao Egito, destacou a necessidade de "iniciar um caminho que nos devolva o mundo que merecemos" ao inaugurar a apresentação do Plano Nacional de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas até 2030, no Museu do Bicentenário de Buenos Aires.

“O problema climático nos desafia e é um problema do presente, não do futuro, que também gera muita desigualdade”, disse o presidente.

“Enfrentar o problema climático é nosso dever, é um imperativo moral e ético, viver em um mundo melhor e acabar com a desigualdade. Se não o fizermos, seremos cúmplices da degradação do planeta”, disse o chefe do Estado argentino. 

Freddy Mamani, responsável pelas negociações em nome do Estado Plurinacional da Bolívia, indicou que trará propostas sobre o compromisso da Bolívia de mudar a matriz energética com menor uso de combustíveis fósseis.

Para a autoridade, duas questões são prioritárias: a rejeição da Bolívia aos mercados de carbono, porque envolvem ações de monetização para mitigar os efeitos do aquecimento global, bem como a contribuição de recursos, por países desenvolvidos, para financiar as obras necessárias em regiões empobrecidas, para que a temperatura média do planeta não ultrapasse 1,5°C nos próximos anos.

“O fortalecimento da cooperação internacional com abordagens não baseadas em mercados de carbono deve ser priorizado. Para nós, o ponto de partida não é mercantilizar a floresta, a natureza e a biodiversidade”, disse Mamani em conversa exclusiva com o Sputnik.

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